A VIGÉSIMA QUINTA

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  • Equipe Editorial

Resumo

Como espaço das discussões relacionadas às áreas que integram as Ciências da Comunicação, percebemos, a partir dos artigos da presente publicação, que a cada edição a Iniciacom constitui um marco referencial de disseminação da produção científica dos estudantes de graduação. São estudos com força de conceituação teórica e diversidade de aplicações metodológicas realizados a partir de projetos de Iniciação Científica e/ou trabalhos de conclusão de curso, por exemplo. Outro fator importante e que se faz presente nesta é a pluralidade de objetos e pontos de partida para a produção dos artigos. Percebe-se a constituição de um posicionamento crítico a partir dos resultados obtidos pelas pesquisas. Uma prova do entendimento dessa força que se constitui a iniciação científica em nossa área pode ser percebida pelo perfil e pelo volume de textos recebidos, que a cada edição nos instiga a acreditar na assertividade e no potencial que a Iniciacom tem para o campo comunicacional. Tratam-se de indícios de um Brasil que começa a interagir novamente, a olhar e capitalizar a pesquisa, a reforçar a ciência como caminho viável para um futuro melhor. Acreditamos com esperança que o ponto de partida agora seja diferente, para que na frente tenhamos perspectivas concretas de uma luta contra a desinformação, de respeito aos grupos minoritários e fortalecimento da democracia.

E para que vocês, leitores e leitoras da Iniciacom, possam conhecer os artigos desta edição, vamos, a partir de agora, apresentar cada um dos textos que compõem a vigésima quinta edição do periódico. O primeiro texto nos envolve nas práticas publicitárias e sua importância em campanhas de conscientização da população. No caso, Ellen Joay e Iris Yae Tomita investigam a ausência de campanhas publicitárias oficiais de conscientização para reduzir a sensação de insegurança diante da gravidade da infecção. O estudo parte de uma pesquisa bibliográfica que dialoga com conceitos teóricos de propaganda de governo e a relevância das iniciativas publicitárias nos processos de envolvimento dos cidadãos e cidadãs.

Com a perspectiva de discutir as visões do governo que se encerrou em dezembro de 2022, Arthur Almeida de Oliveira e Carlo José Napolitano, no trabalho intitulado “Análise das políticas públicas de desmonte da Empresa Brasil de Comunicação (EBC): o declínio da comunicação pública” fazem uma análise das políticas públicas implementadas entre 2016 e 2022 com efeito de desmonte na EBC. A coleta de dados envolve pesquisa bibliográfica e documental e conclui que as iniciativas que envolvem a empresa tinham como perspectiva enfraquecer esse importante meio de comunicação e, no futuro, encerrar suas atividades.

O mesmo jornalismo que se defronta com caminhos governamentais obscuros se desafia também a ocupar novos formatos e espaços nas plataformas digitais de comunicação. Carlitos Cleverson Marinho e Renata Caleffi dialogam em “Práticas de produção e consumo de telejornalismo em novas plataformas: o campeonato carioca de futebol no canal do Casimiro no Twitch” sobre a geração de conteúdos audiovisuais em plataformas que ampliam as possibilidades de disseminação e produção de telejornalismo. A perspectiva de investigação parte do seguinte questionamento: “[...] será que é possível fazer telejornalismo na Twitch?”. É nesse cenário que entram as transmissões do campeonato carioca de futebol, em 2022. A conclusão é de que os desafios para se fazer telejornalismo na plataforma citada ainda requer uma melhor compreensão em relação a esse novo formato e suas possibilidades.

Os dois próximos artigos dessa edição discutem questões sobre representação no jornal Folha de S. Paulo. No primeiro deles, Ricardo Alves Chaves Pereira e Luiz Henrique Zart falam sobre futebol e as representações que o jornal construiu em relação ao jogador de futebol profissional Neymar. “Da esperança ao fracasso: representações de Neymar pela Folha de S. Paulo na Copa do Mundo de 2018” é uma análise descritiva de conteúdo, feita a partir de nove reportagens. Os autores, durante a aplicação da metodologia, estabeleceram categorias para identificar os rótulos relacionados ao jogador estabelecidos pela Folha. Ao final, identifica-se a presença de diferentes figuras, que perpassam pelo Neymar protagonista, herói, mas que chegam ao atleta vilão, que se coloca como vítima e vive a dualidade entre esperança e fracasso.

Com discussões relacionados a representatividade e local de fala, Luiz Berto Neto e Rafiza Varão buscam investigar, no texto “Aparições fotográficas do negro na obra Primeira Página: 95 anos de história nas capas mais importantes da Folha”, como se deu a representação fotográfica de negros na obra que abordou o período e as capas que integram o livro. Após verificar o processo de montagem da coletânea, que permite análises sobre como as capas foram compostas e escolhidas para o Primeira Página, a conclusão é que nestes espaços se tem uma grande sub-representação de homens negros e a quase inexistência de mulheres negras.

A efervescência e a necessidade de discutir as questões raciais também estão presentes no artigo “Ambivalência nas camisas antirracistas dos clubes Flamengo e Internacional”, de autoria de João Augusto Porto e Pablo Moreno Fernandes. Os clubes de futebol são patrocinados pela marca Adidas e lançaram produtos com o propósito de abordar a questão antirracista. Ao analisar os discursos expostos em postagens feitas no Instagram, João e Pablo concluem que existem fortes evidências de uma “comodificação do discurso antirracista que permeia a ação”.

Duas mulheres integram os objetos de estudo dos artigos que dão sequência à edição: o primeiro trata sobre o caso de Mari Ferrer que, de Florianópolis/SC, ganhou espaço midiático por todo o Brasil; o segundo, por sua vez, o modo como o jornalismo brasileiro atuou nas construções e desconstruções da imagem da ex-presidenta Dilma Rousseff. Nos textos fica evidenciado o quanto veículos de comunicação tradicionais e as redes sociais na internet tornam-se espaços importantes de impacto social.

Thais Eduarda Immig e Gabrielle Pillon de Carvalho são as autoras de “Caso Mari Ferrer: da construção do acontecimento ao circuito da notícia” e utilizaram o método de estudo de caso para analisar as reportagens veiculadas na Veja, na Folha de S. Paulo e no G1, bem como comentários publicados no Twitter. Já Raabe Cesar Moreira Bastos e Gabriela Santos Alves examinam, no texto “Na ‘Torre das Donzelas’: Dilma Rousseff e representações do Claustro da Histeria”, a transposição da imagem de Dilma de presidenta à louca no espaço midiático brasileiro. Textos importantes para que possamos entender as influências midiáticas e a produção de discursos relacionados às mulheres.

Na sequência, o texto “Mulheres publicitárias na atualidade: o mercado nacional como um obstáculo diário” expõe os impactos negativos desse mercado em relação às profissionais femininas. Mas quais são os motivos que fazem com que isso aconteça e esteja tão presente em nossas organizações? Por meio de uma pesquisa que mescla os métodos qualitativos e quantitativos, foram coletados relatos e depoimentos que mostram o quanto as mulheres vivem em constante fragilidade e como questões como o machismo impactam na inserção do público feminino no mercado de trabalho.

As questões que abordam a cultura dos fãs são o ponto de partida para os artigos “Entre o Céu e o Inferno: um estudo sobre a força dos Lucifans no Twitter”, de Marcela da Silva Soares; e “Cultura de fãs e consumo colaborativo: nova tendência na indústria audiovisual”, de Nathalia Louro Andrade e Marcella Tessarolo Bastos. Aspectos teóricos como cultura de fãs, identidade, cultura de nicho, fandom e indústria audiovisual compõem os estudos. Os fundamentos metodológicos se baseiam em etnografia na web e analisam comentários e reverberações nas redes sociais na internet, mostrando e detalhando as reações de fãs enquanto participantes de um coletivo.

Chegar à vigésima quinta edição é um marco importante, principalmente quando o foco do periódico científico são textos oriundos de construções e pesquisas produzidas por estudantes universitários. Isso também comprova o quanto incentivar à ciência, às trocas e ao intercâmbio são importantes para fortalecer a construção do conhecimento no Brasil. Os últimos anos não foram fáceis. Políticas de desconstrução, atos contínuos de desinformação, de multiplicação de atos relacionados ao negacionismo nos acompanharam. Mas resistir não foi só necessário como também fundamental para a luta e para o fortalecimento do campo da Comunicação. Que os textos publicados possam servir de inspiração, de força motriz para que mais estudantes se identifiquem e sigam os rumos da investigação, da pesquisa e da ciência.

Ao concluir, deixamos nosso imenso agradecimento e reconhecimento tanto aos autores e autoras, como também a quem participou do processo de avaliação e atuou no processo de fazer da ciência um caminho por uma sociedade mais igualitária e plural, capaz de compreender o valor da comunicação para a sociedade e para a democracia brasileira.


A vocês, uma ótima leitura.

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Publicado

2023-06-19

Edição

Seção

Apresentação