Nova edição publicada (V.5 N.1 2025) e Chamada aberta!

2025-02-06

Está no ar uma nova edição da INSÓLITA - REVISTA BRASILEIRA DE ESTUDOS INTERDISCIPLINARES DO INSÓLITO, DA FANTASIA E DO IMAGINÁRIO (v. 5, n. 1), editada pelo PPGCom Anhembi Morumbi em parceria com a INTERCOM - Sociedade Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação!

Nesta edição, a Insólita traz seis artigos que analisam obras audiovisuais contemporâneas, explorando desde os ecos pós-coloniais em "Interestelar" até a mitologia islandesa em "Katla", passando por lendas mineiras, cinema underground e horror digital. Cada texto revela como o estranho, o fantástico, a fantasia atravessam nossa produção cultural e também traz reflexões sobre o nosso real.

Saiba mais em nosso Editorial.

ATENÇÃO:

Estamos com chamada aberta para o próximo número, a ser lançado em janeiro de 2026. Um Dossiê que será editado pela Profa. Dra. Ellen Maria Vasconcellos (Unam-México) e pelo Prof. Dr. Fábio Fernandes (PUC-SP). O processo de submissão é pelo Seer da revista. Veja abaixo as diretrizes:

A Revista Insólita — Estudos Interdisciplinares do Insólito, da Fantasia e do Imaginário convida pesquisadorxs, artistas, professorxs e estudantes a submeter contribuições para o dossiê “Narrativas do insólito, distopia e utopia: invenções estéticas, política do imaginário e futuros em disputa”. O objetivo é mapear e problematizar como produções culturais e artísticas latino-americanas e ibero-americanas — em literatura, cinema, séries, games, artes visuais, performance, música, quadrinhos e práticas intermediais — articulam o incomum, o fantástico e o especulativo com sentidos políticos, estéticos e éticos.

Partimos da hipótese de que o “insólito” (o estranho, o não habitual, o weird) opera hoje em estreita tensão com formas utópicas e distópicas: enquanto a distopia denuncia e antecipa colapsos sociais e ecológicos (como em inúmeras obras do realismo gótico andino e da ficção científica latino-americana contemporânea), a utopia (e suas variantes pós-utópicas, afrofuturistas, realismos especulativos indigenistas etc.) funciona como laboratório de invenção para futuros insurgentes. Nesse movimento, a criação estética não é apenas refúgio, mas dispositivo crítico que redesenha temporalidades, reorganiza laços comunitários e redefine a relação entre humano e não-humano — implicando, assim, questões de sobrevivência, desigualdade, memória e agência política. Autores e teóricos recentes têm chamado a atenção para essa urgência: por exemplo, Amitav Ghosh exige novas formas narrativas frente à crise climática (Ghosh, 2016), e obras que pensam a narrativa no Antropoceno mostram como procedimentos formais e temporais precisam ser reavaliados. Da mesma forma, Kim Stanley Robinson amplia o escopo de suas obras transformando animais e até mesmo fenômenos físico-químicos em personagens com voz narrativa própria, com a intenção de combinar diferentes gêneros literários e fornecer mais pontos de vista para o leitor (Lykkeberg, 2025).

A presente chamada acolhe investigações que combinem análise formal, reflexão teórica e atenção às práticas midiáticas e interativas. Procuramos trabalhos que examinem tanto as estratégias estéticas (fragmentação, hibridismo, transmidialidade, interatividade, experimentações poéticas e narrativas literárias) quanto as consequências políticas e éticas dessas estéticas: como o insólito atua como crítica ao presente ou como projeto de futuro? Que modelos de comunidade e de cuidado emergem nas ficções do colapso? Como jogos, séries e obras audiovisuais reconfiguram empatia, agência e responsabilidade em contextos de crise?

Eixos temáticos

  • Insólito, estranhamento e pós-natureza: novas poéticas da “não-natureza”.
  • Utopias, distopias e pós-utopias: invenção de futuros e ruínas do presente.
  • Catástrofe, colapso e sobrevivência: narrativas da perda e laboratórios de reinvenção.
  • Políticas do imaginário: ideologias, reações conservadoras e resistências criativas.
  • Temporalidades do Antropoceno: memória, lentidão, “violência lenta” e ritmo narrativo.
  • Experiências transmidiáticas e interativas: videogames, plataformas seriadas, instalações digitais e práticas performativas que inventam enredos do impossível.
  • Estéticas de ruína e recuperação: paisagens, extração, e representações da Terra em crise.

Metodologia e tipos de contribuição

Aceitamos: artigos teóricos e analíticos, ensaios críticos, análises comparativas, estudos de caso (incluindo games/filmes/séries), resenhas críticas de práticas artísticas e propostas de pesquisa-ensaio que problematizem a relação entre estética e política. Incentivamos abordagens interdisciplinares que articulem teoria literária, ecocrítica, estudos de mídia, estudos de jogos, filosofia política, antropologia cultural e estudos de performance.

A relevância contemporânea deste tema é visível em eventos curatoriais e expositivos recentes que colocam a arte como prática política e de reimaginação do humano — por exemplo, a 36ª Bienal de São Paulo (2025), que propõe repensar “a humanidade como prática” e reúne uma programação dedicada a escutas, relações interespécies e formas de resistência — terreno fértil para diálogos entre arte e teoria.

Idiomas e formato

  • Idiomas: português, inglês e espanhol.
  • Formato e extensão: conforme normas da revista e ABNT.
  • Trabalhos que tratem diretamente de obras audiovisuais, jogos ou projetos artísticos deverão incluir informações técnicas (plataforma, data, duração/versões) e, quando possível, imagens/frames ou links para material de apoio.

Referências bibliográficas para orientar autores e autoras

GHOSH, Amitav. The Great Derangement: Climate Change and the Unthinkable. Chicago: University of Chicago Press, 2016.

JAMES, Erin. Narrative in the Anthropocene. Columbus: The Ohio State University Press, 2022.

LYKKEBERG, To Capture the Present Moment, You Either Write Historical Fiction or Science Fiction: Interview with Kim Stanley Robinson, Part 2. e-flux, October 3rd, 2025. Disponível em https://www.e-flux.com/notes/6783402/to-capture-the-present-moment-you-either-write-historical-fiction-or-science-fiction-interview-with-kim-stanley-robinson-part-2

MORTON, Timothy. Hyperobjects: Philosophy and Ecology after the End of the World. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2013.

NIXON, Rob. Slow Violence and the Environmentalism of the Poor. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2011.

CHAKRABARTY, Dipesh. The Climate of History: Four Theses. Critical Inquiry, Chicago, v. 35, n. 2, p. 197-222, 2009.

JAMESON, Fredric. Archaeologies of the Future: The Desire Called Utopia and Other Science Fictions. London: Verso, 2005.

LE GUIN, Ursula K. The Dispossessed: An Ambiguous Utopia. New York: Harper & Row, 1974.

CAMPISI, Nicolás. The Return of the Contemporary: The Latin American Novel in the End Times. Pittsburgh: University of Pittsburgh Press, 2024.

FERNANDES, Fábio. Kim Stanley Robinson, New York 2140 (2017) / Logistic Utopia.  In: YOSHINAGA, Ida M, GUYNES, Sean, CANAVAN, Gerry. Uneven Futures: Strategies for Community Survival from Speculative Fiction. Cambridge, Massachussetts: The MIT Press, 2022.

FONSECA, Carlos. The Literature of Catastrophe: Nature, Disaster and Revolution in Latin America. London: Bloomsbury Academic, 2020.

ANDERMANN, Jens. Entranced Earth: Art, Extractivism, and the End of Landscape. Evanston: Northwestern University Press, 2023.

CASTRO, Azucena. Posnaturalezas poéticas: Pensamiento ecológico y políticas de la extrañeza en la poesía latinoamericana contemporánea. Berlin: De Gruyter, 2025.

JUUL, Jesper. Half-Real: Video Games between Real Rules and Fictional Worlds. Cambridge, MA: MIT Press, 2005.

RYAN, Marie-Laure. Narrative as Virtual Reality: Immersion and Interactivity in Literature and Electronic Media. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2001.

MURRAY, Janet H. Hamlet on the Holodeck: The Future of Narrative in Cyberspace. New York: The Free Press, 1997.

JENKINS, Henry. Convergence Culture: Where Old and New Media Collide. New York: New York University Press, 2006.