Mídias, fantasmas e percepção: horror e simulação em We Are All Going to the World's Fair
Resumen
O horror tem como um de seus traços centrais a intenção de chocar, assustar ou afetar sua audiência, característica que propiciou um movimento de constante renovação no gênero (Hart, 2020). Ao longo das décadas, seus filmes questionam novas tecnologias e potencialidades expressivas para tratar das incertezas trazidas com as mudanças sociais e tecnológicas (Rendell, 2023). Se o cinema treinou os indivíduos para as sensibilidades do mundo moderno (Benjamin, 1936), o horror, enquanto fenômeno entre-mídias na contemporaneidade, torna-se campo privilegiado para inserir na linguagem cinematográfica as sensibilidades trazidas com dispositivos de mídia mais recentes. Na era da midiatização (Sodré, 2014), tais dispositivos não apenas mediam nossa relação com a realidade, como também são instâncias criadoras do real. Este artigo aciona os conceitos de simulação e hiper-realidade (Baudrillard, 1986) em uma análise do filme We Are All Going to the World's Fair (Schoenbrun, 2021) para discutir como a apresentação de temas tradicionais do horror - como o desconhecido, o imponderável e o sobrenatural - é reconfigurada pela maneira como a tecnologia altera nossa percepção e concepção do real.