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Net-ativismo ambiental nas plataformas de petições online Avaaz.org e Change.org: algumas observações
Net-Activismo medioambiental en plataformas de peticiones en línea Avaaz.org y Change.org: algunas observaciones
Environmental net-activism on the online petition platforms Avaaz.org and Change.org: some observations
Intercom: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, vol. 46, e2023105, 2023
Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM)

Artigos


Recepção: 20 Dezembro 2019

Aprovação: 24 Março 2023

DOI: https://doi.org/10.1590/1809-58442023105pt

Resumo: O uso intensivo das plataformas da internet estabelece novos olhares para a função sociopolítica das mídias. Este artigo se detém sobre as possibilidades de ações mobilizadoras de cidadãos em torno de questões relacionadas aos conflitos entre sociedade e natureza. Usamos o conceito de net-ativismo (DI FELICE, 2012), com suas características de ação em rede online, e temos como objetivo destacar o papel das plataformas online de encaminhamento de petições públicas da Avaaz.org e Change.org – as duas mais acessadas no Brasil, em torno de reinvindicações socioambientais. Após o aporte dos marcos teóricos, descrevemos as plataformas e selecionamos 22 campanhas para realizar uma análise interpretativa, a partir dos argumentos utilizados para reivindicações e lutas, seguindo uma tipologia proposta por Castells (2018). Ao final, é possível entender, mesmo que parcialmente, o papel do ativismo socioambiental em torno de petições online.

Palavras-chave: Net-ativismo, Ativismo socioambiental, Petições online, Change.org, Avaaz.org.

Resumen: El uso intensivo de Internet establece nuevas perspectivas sobre la función social y política de los medios de comunicación. Este artículo se centra en las posibilidades de acciones alternativas de movilización, que implican la participación ciudadana en torno a cuestiones relacionadas con los conflictos de la sociedad y la naturaleza. Utilizamos el concepto de net-activismo (DI FELICE, 2012) con sus características de acción online. El objetivo es destacar el papel de las plataformas en línea, Avaaz.org y Change.org, las dos con más visitas en Brasil, para la transmisión de peticiones públicas, en torno a reclamaciones medioambientales. Describimos las plataformas y seleccionamos 22 campañas para realizar un análisis temático e interpretativo, basado en los argumentos que utilizan para sus demandas y luchas, seguidos de una tipología propuesta por Castells (2018). Al final, es posible entender, incluso parcialmente, el papel de este activismo social-ambiental en torno a las peticiones en línea.

Palabras clave: Net activismo, Activismo social y ambiental, Peticiones en línea, Change.org, Avaaz.org.

Abstract: The intensive use of the Internet platforms establishes new perspectives on the social and political function of the media. This article focuses on the possibilities of alternative mobilizing actions, involving the participation of citizens around issues related to the conflicts of society and nature. We use the concept of net-activism (DI FELICE, 2012), with its features online network action. The objective is to highlight the role of the online platforms for forwarding public petitions of Avaaz.org and Change.org, the two most accessed platforms in Brazil, around social and environmental claims. After submitting the theoretical frameworks, we described the platforms, and selected 22 campaigns to perform an interpretative analysis, based on the arguments they use for demands and struggles, followed by a typology proposed by Castells (2018). In the end, it is possible to understand, even partially, the role of this social-environmental activism around online petitions.

Keywords: Net activism, Social and environmental activism, Online petitions, Change.org, Avaaz.org.

Introdução

Este trabalho parte do entendimento teórico sobre net-ativismo, levando em conta três aspectos de reflexão: o do ambiente virtual, sendo a internet um dos principais modais de comunicação da atualidade, que permite a criação e o estabelecimento simbólico e funcional de um espaço sociocultural no chamado ciberespaço (LÉVY, 1999); o das mudanças estruturais das formas de atuação cidadã na esfera pública nesse espaço; e das atuais e recorrentes reivindicações públicas na internet, entre as quais se enquadram as de caráter socioambiental, aspecto que aqui nos interessa. Para introduzir tais reflexões, é preciso mencionar o fenômeno tecnológico digital em redes online e seus efeitos nas formas de comunicação na vida social.

Castells (2016) relembra que, nos anos 1960-1970, McLuhan apresentava o termo “aldeia global” para se referir às características relacionais e de pertencimento do ser humano moderno, que já se interligava e se comunicava com pessoas de nacionalidades e culturas diferentes, graças às tecnologias eletrônicas de massa, então em expansão. Com a internet, tecnologia integrada em rede global, o mundo virtual1 propicia à vida humana formas de comunicação potencializadas –instantâneas e interativas – o que configura um cenário em que muitos se comunicam com muitos, rompendo com as noções de espaço e tempo (CASTELLS, 2016).

Esta dimensão cyber2 permite, entre vários aspectos, que cidadãos conectados pratiquem “a troca de conhecimento e informação por meio das diversas ferramentas disponibilizadas na rede” (SCHIECK, 2009, p. 5), gerando interação/integração/mobilização, mas também tensionamentos e polarizações. A atuação na esfera pública, pela via digital online, confere ao cidadão a possibilidade de uma participação social mais direta, aumentando a accountability3 e reduzindo a distância entre os cidadãos e o governo (LYCARIÃO; SAMPAIO, 2010). A questão socioambiental, por sua vez, é uma importante abordagem que gera interação informacional e é recorrentemente debatida em meio virtual.

De modo amplo, a intenção deste artigo é ressaltar as possibilidades de ações mobilizadoras alternativas em rede virtual, que envolvem a participação dos cidadãos em torno de questões relacionadas aos conflitos sociedade e natureza; para tais ações, utilizamos o conceito de net-ativismo (DI FELICE, 2012). Como objetivo específico, buscamos evidenciar o papel das plataformas online de encaminhamento de petições públicas – Avaaz.org e Change.org – em torno das reivindicações de caráter ambiental. As petições públicas online são formas modernas e acessíveis de abaixo-assinados. No Brasil, a ação está prevista na Constituição Federal (artigo 61, § 2º) como Iniciativa Popular e, de forma geral, como Direito de Petição do cidadão junto ao poder público, com valor jurídico se comprovadas sua integridade e autenticidade (BRASIL, 1988). Mesmo quando não apresentam validade jurídica, representam uma forma de pressão popular junto a órgãos politicamente sensíveis aos humores da população, como o Congresso Nacional, sendo instrumentos importantes para a participação democrática efetiva e direta.

O texto traz breve revisão teórica sobre mobilização popular; características do net-ativismo; descrição das plataformas online Avaaz.org e Change.org; metodologia quantitativa-qualitativa, com análise das petições online sobre ambientalismo vitoriosas e disponíveis em data específica nas plataformas em exame. Ao final, é possível compreender como as petições online mobilizam as pessoas de modo a considerar suas lutas vitoriosas, pressupondo que produzem efeitos transformadores na esfera social.

Movimentos sociais, mobilização popular e as petições

Hannigan (1995) explana que um fato ambiental se torna uma questão socioambiental ao chamar a atenção dos meios de comunicação; envolver alguma ação do governo e/ou demandar uma decisão institucional; ser reconhecido pelo público como fenômeno que acontece mais de uma vez; relacionar-se com os interesses de um número expressivo de cidadãos. Diante de um ou todos os critérios relatados, os grupos ambientais buscam o apoio popular para tornar a questão de conhecimento público e lutar contra suas causas e efeitos.

Mas não basta fazer com que as pessoas saibam qual é o problema para que um engajamento ocorra e a solução seja buscada: “Em vez disso, os problemas ambientais emergentes devem ser legitimados em múltiplas áreas-meios de comunicação social, ciência e público.” (HANNIGAN, 1995, p.65), com o uso de estratégias retóricas para o convencimento nas “arenas de debate público” combinadas à legitimação dos fatos em questão. Uma das formas de publicizar uma questão socioambiental é a criação e difusão de petições online, mobilizando agentes para pressionar as autoridades para discutir e solucionar os problemas. Em sentido amplo, esse tipo de ação popular pode ser compreendido como um processo de mobilização social.

Gohn (2010, p. 16), ao observar algumas características dos movimentos sociais que se aplicam aos processos de mobilização social, afirma: “Historicamente, se observa que eles têm contribuído para organizar e conscientizar a sociedade; apresentam conjuntos de demandas via práticas de pressão/mobilização; têm certa continuidade e permanência”. Na atual conjuntura social, mediada pela internet, as formas tradicionais de enfrentamento e as novas formas de luta social entrecruzam-se em várias frentes de ativismo:

Os novos ativistas são mobilizados para participarem de ações sociais, estruturadas por agentes do chamado Terceiro Setor, ou por agências governamentais, via políticas públicas indutoras da organização popular, como nos conselhos gestores; ou mobilizados pelos fóruns temáticos nacionais, regionais ou internacionais onde a presença de antigos e novos movimentos sociais é corrente

(GOHN, 2010, p. 27).

A mobilização social ocorre de forma mais simples, flexível e aberta do que o movimento social, mais complexo e cristalizado. Gohn (2010) ressalta que os movimentos sociais não são movimentos reativos a crises sociais pontuais ou passageiras, mas sim formas consistentes de engajamento e luta mais permanentes e organizadas, com um devir de caráter educativo e coletivo. Por outro lado, a mobilização social pode ter início a partir de um protesto ou passeata, em que pessoas identificam bandeiras de luta em comum e iniciam o processo de mobilização, emergindo daí “novos sujeitos sociopolíticos em cena, demarcados por laços de pertencimento territorial, étnico, de gênero etc.” (GOHN, 2010, p. 21). As ações coletivas desses novos sujeitos políticos buscam a solução de problemas sociais, como é o caso das petições.

Toro e Werneck (1996, p. 28) observam que o compartilhamento de sentidos e de interpretações são características da comunicação e contidas no processo de mobilização social. Enquanto processo de divulgação da causa, são imprescindíveis à propagação e compartilhamento de “discursos, visões e informações” para que o indivíduo sinta comoção e consequente engajamento na luta. No caso das petições, é percebida a forma comunicativa por meio de mensagens enfáticas, pelas quais as pessoas são convidadas a assinar, contribuir, replicar e compartilhar resultados nas redes sociais, tornando-se um net-ativista.

Net-ativismo

A interatividade entre os humanos e a tecnologia reconfigurou a sociedade, tornando as práticas sociais envoltas em uma interface de sociabilidade digital, já que a própria territorialidade social foi redesenhada de acordo com as extensões tecnológicas e sua utilização sistêmica (DI FELICE et al. 2012).

De forma mais clara, as novas formas de interação mediadas por fluxos de comunicação em rede, no formato “de todos para todos”, contrapondo a hierarquia vertical, não reticular, de um emissor para muitos receptores, é definida, de acordo com Di Felice (2012, p.42), por meio da seguinte afirmação: “As redes digitais produzem um significado híbrido de interação que une os elementos orgânicos àqueles inorgânicos, desenvolvendo formas simbióticas entre a técnica e o humano”.

Latour (2012), em sua teoria do Ator-Rede – conhecida como uma “sociologia das associações” – demonstra a possibilidade de participação de vários atores (humanos e não-humanos) aliados e formadores de uma rede sistêmica e reticular que, a partir das interações estabelecidas, passam a conduzir uma nova forma de democracia. Essa nova forma, por sua vez, contribuiu para a produção de um novo ativismo político, novas formas de sociabilidade e de desempenhos profissionais, além da disseminação de conhecimento, mas também acelerou um padrão inédito e viral de circulação de desinformações, deu voz a todo tipo de discurso de ódio, intolerância e discriminação, além de radicalizar negacionismos científicos e ambientais – considerando que os avanços das manipulações algorítmicas e da Inteligência Artificial (IA) alertam para riscos emergentes da hipervalorização das tecnologias, até porque os meios e suas mediações são cada vez mais influentes na sociedade hipermidiatizada.

Sob uma visão mais otimista, a intensificação da interação em rede digital apresenta potencial mobilizador em âmbito mundial, “favorecendo a difusão de uma cultura planetária e ecossistêmica” (DI FELICE et al., 2012, p. 154), por meio de troca de informações instantâneas. Para esses autores, os espaços informativos e comunicativos contemporâneos formam um amplo ecossistema em que somos parte de uma rede sistêmica e de uma inteligência mundial criada pela própria sociedade humana. E a compreensão de natureza, que nos interessa neste texto, “é hoje resultado das trocas de informações e de conteúdos difundidos nas redes digitais” (DI FELICE et al., 2012, p. 154).

Com relação à formação das redes, podemos usar o conceito de “autopoiese”, de Capra (1996, p. 136), presente em vários sistemas orgânicos e inorgânicos, que entende que a rede cria a si mesma, produzindo seus componentes e, por sua vez, é produzida por eles. Tal autonomia permitiria aos sistemas integrados variações e adaptações necessárias a um desejável convívio harmonioso no meio ambiente, da mesma forma que as redes de informação se atualizam.

Esta compreensão prévia é fundamental para entender o conceito de net-ativismo de Di Felice (2012, p. 146) como sendo uma “nova forma de ativismo digital em rede e na rede”. Para que esse coletivo em rede tenha sucesso, faz-se necessário o sucesso individual de cada participante da rede enquanto ecossistema informativo e criador de sinergia para fins de ação e ativismo. Assim, a iniciativa de criar e compartilhar uma petição online tem relação com um sistema socioeconômico que se projete como sustentável, prevendo ações para que não faltem recursos para gerações futuras, ao mesmo tempo que proporciona a satisfação de recursos no presente.

Descrição das plataformas Avaaz.org e Change.org

A Avaaz.org é uma rede de mobilização online, fundada em 2007 nos Estados Unidos da América, que tem como lema “o mundo em ação”. Em 2019, quando esta pesquisa iniciou, tinha cerca de 51 milhões de membros em 194 países, sendo em torno de 10 milhões no Brasil4. A plataforma, sem fins lucrativos, tem como missão “ser democrática e organizar cidadãos de todas as nações para fechar a lacuna entre o mundo que temos e o mundo que a maioria das pessoas deseja” (AVAAZ, 2019a). Trata de questões diversas: corrupção, pobreza, conflitos sociais, mudanças climáticas. Suas petições contemplam valores e visões da sociedade civil global para influenciar questões políticas. (LYCARIÃO; SAMPAIO, 2010).

Para criar uma petição na Avaaz.org é necessário: (i) escrever o título da petição; (ii) escolher um tomador de decisão; (iii) explicar o problema; e (iv) cadastrar o e-mail ou se conectar via Facebook. A Avaaz.org apresenta ao criador da petição um tutorial: (i) “descrever as pessoas envolvidas e a questão que elas estão enfrentando: é mais provável que os leitores ajam se eles entenderem quem é afetado”; (ii) “descrever a solução: explicar o que precisa acontecer e quem pode fazer a mudança. Deixar claro o que acontece se você ganhar ou perder”; (iii) “dar um tom pessoal: é mais provável que leitores assinem a petição se ficar claro porque você se importa”; (iv) “respeitar os outros: não apelar para a intimidação, discurso de ódio, ameaça de violência nem mentiras” (AVAAZ.ORG, 2019a).

As petições passam por um período de validação e publicação. O engajamento acontece por meio de compartilhamento por parte do criador da petição nas redes sociais. Conforme o número de assinaturas aumenta, uma meta automática cresce progressivamente. Os interagentes podem financiar e impulsionar campanhas individuais por meio da plataforma. Como parte da estratégia de divulgação, recebem e-mails com informações sobre campanhas novas e validadas.

A plataforma norte-americana Change.org foi criada em 2007 por Ben Rattray, para transformar pessoas comuns em agentes de mudança e de mobilização, em favor de boas intenções individuais ou coletivas. A plataforma passou de 289 milhões de membros em 2019 para os mais de 506 milhões em 196 países atualmente (CHANGE.ORG, 2023). No Brasil desde 2012, tornou-se, em 2016, uma organização não governamental sem fins lucrativos, financiada, em 2019, por cerca de duas mil pessoas e com mais de 12 milhões de inscritos, que criam em torno de 200 petições por semana sobre variados assuntos (GENTIL, 2018).

O fato de a plataforma ser considerada a maior com esse objetivo no mundo pode ter como motivo a sua estética simples e de fácil interação. São nove os seus principais links: (i) Fazer abaixo-assinado: direciona para a página de criação da petição; (ii) Meus abaixo-assinados: se a conta estiver logada, mostra os abaixo-assinados realizados pelo interagente; se não, direciona à uma página ou permite criar uma conta e logar; (iii) Explorar: direciona para uma página onde é possível visualizar os abaixo-assinados em destaque. Essa seção se divide em “Destaques”, “Populares”, “Recentes” e “Vitórias”; (iv) Fazer doação: permite doar dinheiro à plataforma; (v) Lupa: permite a busca de petições pelo título ou palavras-chave; (vi) Fazer login: permite se conectar com a plataforma e mostra as configurações de conta e as notificações sobre abaixo-assinados com os quais se quer interagir; (vii) Vitórias: mostra as últimas petições que atingiram seu objetivo; (viii) Acontecendo: mostra os abaixo-assinados que apareceram na imprensa e os destaques da plataforma; (ix) Assuntos: mostra categorias que permitem encontrar abaixo-assinados por diferentes temas (CHANGE, 2019b). A plataforma oferece noções para ajudar as petições a obterem sucesso, incluindo dicas para sua criação, a divulgação para apoiadores e para a imprensa e formas de entregar o produto ao destinatário. É possível atualizar o status dos abaixo-assinados, permitindo que os apoiadores se informem em todas as etapas do processo.

Uma diferença entre as duas plataformas diz respeito à declaração de “vitória”. As petições consideradas vitoriosas pela Avaaz.org baseiam-se em dois objetivos cumpridos: número de assinaturas colhidas e valores monetários arrecadados. Já a Change.org reconhece como “vitoriosas”” as petições em que o próprio membro que a criou declara ter atingido o objetivo.

Metodologia

O passo inicial da pesquisa foi verificar o maior número possível de petições nas plataformas em exame, selecionadas por serem as mais acessadas no país. Como são produtos online e, portanto, constantemente modificados, utilizamos os materiais coletados em uma data fixa, no caso 5 de maio de 2019, tendo sido levantados os seguintes dados:

  • A plataforma Avaaz.org destaca as petições que tiveram maior engajamento como vitoriosas, na aba “vitórias” no site. Os temas são filtrados por assuntos e os resultados dispostos por data. Filtramos as petições inseridas em “Mundo Natural”, desconsiderando aquelas que se referiam exclusivamente ao bem-estar animal e que não levavam em consideração as relações sociais envolvidas, uma vez que o foco era as reinvindicações socioambientais. Das 18 petições listadas, selecionamos 12 petições, sendo 2 de 2011, 1 de 2012, 2 de 2013, 2 de 2014, 3 de 2015 e 2 de 2016. O critério de seleção considerou as “vitórias” em relação ao número de assinaturas conquistadas e a intenção de resolução dos problemas pela instância governamental, descartando as consideradas vitoriosas em arrecadação monetária.

  • Na plataforma Change.org, na data de coleta, estava disponível para consulta um total de 150 petições “vitoriosas”. Os temas eram variados: a busca por melhorias urbanas, questões individuais (por exemplo, subsídios para a compra de medicamentos), políticas públicas em defesa dos animais e as questões socioambientais que foram selecionadas. Essas somaram 11 documentos “vitoriosos”, no período de 2013 a 2019.

  • As petições sobre questões socioambientais foram sub classificadas em cinco temas recorrentes: Mudanças Climáticas, Oceanos/Lixo nos Oceanos, Agrotóxicos, Florestas e Cidades, para que as análises fossem realizadas.

No período de pré-análise (BARDIN, 2011) consideramos os aportes teóricos de Di Felice (2012) e Di Felice et al. (2012) sobre as características do net-ativismo, para compreender as potencialidades das arquiteturas digitais das plataformas que denotam ações colaborativas, interativas e reticulares que, segundo os autores, constitui um espaço de ciberativismo ambiental.

A leitura flutuante, intuitiva e aberta ao surgimento de reflexões e hipóteses de forma não sistematizada (BARDIN, 2011), resultou na elaboração de categorias para a análise interpretativa dos textos. Estas confluem com as características dos movimentos ambientalistas relatados por Castells (2018, p. 224), que diante das diversidades sociais e culturais “visam corrigir formas destrutivas de relacionamento entre o homem e seu meio natural contrariando a lógica estrutural institucional atualmente predominante”. Percebemos tal influência nas abordagens das petições, resultando nas categorias natureza, engajamento, urgência e riscos.

  • Como “natureza”, observamos o meio natural, ou ainda socioambiental, retratado nas petições. São ambientes que sofreram interferência da ação humana e apresentam potencial para reconstituição e autorregulação natural (BERGER, 1964). Também se observa um tom de conservacionismo e de amor à natureza.

  • Por “engajamento” consideramos o processo de formação de uma consciência crítica para a superação da alienação (LEFF, 1994) frente aos problemas socioambientais, de forma a desvelar as ações do capitalismo, em termos de trabalho e dos meios de produção. Entendemos que “o legado de um movimento social consiste na mudança cultural que produziu com sua ação” (CASTELLS, 2017, p. 242), buscando novas formas de democracia que visem o oposto do que se denuncia. Percebemos na categoria a influência da “política verde” (CASTELLS, 2018, p.226), com cidadãos preocupados com a proteção ambiental apartidária.

  • Como “urgência”, levamos em conta a perspectiva de tempo em um contexto pós-moderno, no qual se intensificam as questões de imediatismos ligados às tecnologias que transpassam as barreiras geopolíticas e que intentam resolver problemas locais de forma global, no menor tempo (CASTELLS, 2018).

  • Entendemos como “riscos”, enquanto percepção social (VEYRET, 2007), as condições de tensões frente à percepção de mudanças no meio ambiente. Segundo Santos (1994), o discurso ambiental midiático pode produzir uma sensação de medo, o que se reflete em uma entonação radical herdada dos grupos ecologistas mais conservadores.

Ao analisar o conteúdo das petições e seu potencial comunicacional, identificamos as características apontadas por Castells (2018), resultando em uma análise quantitativa e relacional dos seguintes aspectos: (i) quantidade de assinaturas; (ii) temáticas ambientais identificadas; (iii) escalas das problemáticas; (iv) identidade do polo passivo das petições; (v) características das redes de mobilização nas petições; (vi) identidade do polo ativo das petições; e (vii) identidade do adversário das petições.

Análise das petições socioambientais online

Uma observação macro revela as motivações de cada plataforma e como acabam influenciando a amplitude e direcionamento das petições, mesmo que isso não seja publicado na descrição de suas políticas: enquanto na Change.org é evidenciado um foco maior na resolução de problemas locais/regionais e de caráter emergencial, na Avaaz.org as petições buscam, em sua maioria, resolver problemas de maiores dimensões, que geram engajamento global, até mesmo pela definição de metas para esse fim, o que tem a ver com o lócus ambiental das causas, conforme Castells (2018), e como característica da quebra da barreira espacial física do ambiente digital online.

Análise quantitativa das petições socioambientais da Avaaz.org e Change.org

Quantidade de assinaturas

A principal característica da Avaaz.org é jogar luz sobre os problemas e seus territórios, buscando engajar e receber apoio de cidadãos de várias nacionalidades. A maior parte das “vitórias” declaradas pela instituição é relativa às questões socioambientais, das quais, 12 foram selecionadas. Dessas, 42% tornaram-se “vitoriosas” com a reunião de 1.001 a 5 milhões de assinaturas. As petições socioambientais da Change.org são mais localistas, sendo que 55% das petições classificadas como “vitoriosas” reuniram de 1 mil a 10 mil assinaturas. Essa característica se refere à ação de buscar providências de mobilização e engajamento de atores populares locais (Figura 1).


Figura 1
Quantidade de assinaturas
Fonte: elaborada pelas autoras.

Temáticas ambientais identificadas

Das petições analisadas na Avaaz.org, apresentam-se expressivas “vitórias” no tema meio ambiente marinho, com reivindicações de melhorias na preservação das áreas costeiras. Nesse sentido, 42% dos temas correspondem a “oceanos”, seguido de “florestas” (33%); “agrotóxicos” (17%) e “mudanças climáticas” (8%). Das temáticas analisadas na Change.org, são evidenciadas “florestas”, com 45%, referentes, em grande maioria, às reivindicações populares contra o desmatamento, seguida de petições relacionadas ao meio ambiente urbano (36%); e oceanos (19%). O fato de Avaaz.org deter temáticas abrangentes – como “agrotóxicos” e “mudanças climáticas” – que exigem implementações de mudanças nas agendas políticas públicas nacionais e internacionais – faz com que a plataforma seja requisitada para denúncias e busca de providências que requerem amplo apoio popular.

As escalas das problemáticas socioambientais

O Change.org, que reúne petições com temas como “florestas” (áreas verdes do meio ambiente urbano), problemáticas de saneamento e estruturas básicas e necessidade de equipamentos urbanos, evidencia questões ambientais que exigem a atenção de autoridades locais para a resolução de problemas pontuais. Assim, as motivações das causas partem de uma escala menor até a global, de acordo com cada plataforma. Na Avaaz.org a dimensão da ação privilegia a escala nacional (58%) em detrimento das amplitudes continental (25%) e global (17%). Na Change.org são privilegiados os problemas ambientais localizados (27%), a exemplo de problemas em bairros urbanos. A grande maioria das petições analisadas como vitoriosas na Change.org aborda problemáticas ambientais municipais (46%) (Figura 2).


Figura 2
Escala das problemáticas ambientais
Fonte: elaborada pelas autoras.

Identidade do polo passivo das petições socioambientais

As petições “vitoriosas” analisadas nas plataformas apontam como “Polo Passivo” as lideranças governamentais. Na Avaaz.org, são visualizadas com maior frequência as autoridades nacionais, como presidentes e ministros, por exemplo. Já na plataforma Change.org, as reivindicações ambientais são direcionadas para governadores, diretoria de órgãos públicos, secretarias e prefeituras.

Características das redes de mobilização para as petições socioambientais

A mobilização online peticional nasce da realidade do mundo físico. A característica de hibridização entre ações coletivas (marchas, movimentos, petições físicas e demais manifestações) do mundo físico e do ativismo virtual. Nesse sentido, foi possível categorizar as redes de mobilização como virtual ou mista (com manifestações físicas e virtuais) (Figura 3).


Figura 3
Característica das mobilizações
Fonte: elaborada pelas autoras (2019).

A mobilização virtual (67%) da Avaaz.org é mais expressiva que as mobilizações de caráter misto (33%), pela própria natureza institucional da plataforma que busca uma mobilização em rede global. Na Change.org, é possível observar que as redes de mobilização se apresentam equilibradamente mistas (55%), ou seja, são identificadas ações coletivas em torno da problemática ambiental abordada, envolvendo marchas, petições físicas, projetos de leis e demais manifestações físicas que ganham dimensionamento virtual.

Identidade do polo ativo das petições socioambientais

Em termos percentuais, tanto a Avaaz.org (42%) quanto a Change.org (45%) possuem petições “vitoriosas” com apoio de grupos sociais já constituídos. Somente na Avaaz.org se observa o apoio da sociedade civil organizada (cidadãos, governos e apoio global).

Identidade do adversário das petições socioambientais

Na análise, foi possível identificar a figura do adversário, imprescindível nos movimentos sociais e coletivos de ação (CASTELLS, 2018), sobre os quais as queixas e reivindicações textuais são endereçadas ao polo passivo, citadas como ameaças (Quadro 1).

Quadro 1
Identidade do adversário

Fonte: elaborada pelas autoras.

Análise qualitativa das petições socioambientais da Avaaz.org e Change.org

As petições online são formas de reivindicações individuais ou que partem de organizações sociais formadas por grupos. Expressam desejos e princípios para promover o engajamento público a curto prazo. A escolha das categorias de análise, neste trabalho, se deu pelo entendimento que as petições seguem um roteiro, direcionado em parte pelos tutoriais das plataformas, ou pela sequência lógica dos textos em propor o apelo e expor o fato, evidenciando as categorias já descritas.

  • Natureza: os textos que compõem as petições das plataformas Avaaz.org e Change.org trazem descrições superficiais dos ambientes envolvidos, sejam eles urbanos, florestais ou costeiros. Diante disso, quem lê tem uma compreensão limitada da dimensão e da complexidade das causas e efeitos dos problemas descritos. Por exemplo:

    O governo australiano acabou de anunciar que irá criar a maior reserva marinha do mundo

    (AVAAZ.ORG, 2019b).

    Somos contra o corte e desmatamento de área de Mata Atlântica [...], em Águas de Lindóia (SP), para construção de cinco prédios. A região tem um grande valor ambiental (reconhecido pelo Ministério do Meio Ambiente) e paisagístico de grande relevância a um município turístico como o nosso.

    (CHANGE.ORG, 2019b)

  • Engajamento: segundo Corner, Markowitz e Pidgeon (2014), existem evidências de que os processos deliberativos propiciam maior altruísmo, evidenciando que os envolvidos em questões coletivas buscam mudanças efetivas de comportamento. As petições sugerem que essas mudanças podem ocorrer com o envolvimento do maior número possível de pessoas:

    Hoje nós entregamos mais de 235.000 assinaturas ao Ministro do Meio Ambiente no último dia da consulta pública. Vamos continuar a entregar todas as mensagens ao Ministro e pressionar para uma resposta positiva a esta manifestação maciça de apoio público para a criação do Parque Marinho

    (AVAAZ.ORG, 2019c).

    Pedimos a colaboração e o apoio de todos que se identificarem com a nossa causa, considerando a importância para as gerações futuras, se faz necessária a preservação da fauna, flora, os recursos hídricos minerais, a estabilidade geológica e a biodiversidade

    (CHANGE.ORG, 2019c).

  • Urgência: as petições chamam atenção dos leitores para as questões de prazos e metas a serem atingidas, apontando uma situação de luta contra a celeridade do tempo:

    Em 24 horas, a Austrália poderá salvar um milhão de quilômetros quadrados de oceano para sempre, criando a maior reserva marinha do mundo e preservando milhares de espécies delicadas

    (AVAAZ.ORG, 2019c).

    O interesse de poucos não pode dominar o bem comum... E sua assinatura é URGENTE e Essencial!!! #ampliaveadeiros. O Brasil pode FAZER BONITO para ampliar a representatividade dos Cerrados frente a CDB, anunciando a ampliação da Chapada dos Veadeiros, o CORAÇÃO do Cerrado Brasileiro. Assim Assine JÁ por favor...

    (CHANGE.ORG, 2019c).

  • Riscos: Das 23 petições analisadas, 20 apresentavam frases de entonação catastrófica para chamar a atenção de possíveis riscos. Essa estratégia busca advertir o público por meio da valorização do impacto sobre o meio ambiente e/ou saúde.

    Salve nosso planeta da morte

    (AVAAZ.ORG, 2019c).

    Estamos enfrentando um desastre ambiental e de saúde extremo e irreversível no Mar Mediterrâneo, com graves implicações para os moradores da costa [...]. A plataforma de petróleo e gás está prestes a ser construída usando tecnologia ultrapassada, que irá liberar enormes quantidades de materiais tóxicos e cancerígenos para o ar e mar

    (AVAAZ.ORG, 2019b).

A análise das petições pelo método adotado abre possibilidades de estudo para se compreender a abordagem utilizada nas plataformas uma vez que outras categorias de análise podem vir a ser adotadas. Nessa primeira sondagem, atentamos à interpelação proposta pelas petições que derivam de valores que influenciam a forma como as informações podem ser percebidas pelo público, levando as pessoas a aceitar ou rejeitar a necessidade de maior engajamento e ação.

Percebemos nas petições, impulsionadas pelas prioridades e princípios de grandes organizações socioambientais, como o Greenpeace, uma quantidade significativa de mensagens de apelo que tende a destacar aspectos autotranscendentes (CORNER; MARKOWITZ; PIDGEON, 2014) no desafio às mudanças. São abordagens que enquadram os problemas no âmbito da justiça social ou qualidade de consumo. Abordar dessa maneira as questões socioambientais tende a associar os problemas a certos valores culturais.

Considerações finais

É possível afirmar que as plataformas de petição online permitem a prática de uma outra forma de protagonismo net-ativista aos atores sociais conectados no ciberespaço com relação às formas tradicionais de integrar abaixo-assinados. Há predileção na escolha dessas plataformas na maioria das iniciativas cívicas atuais, pela facilidade de criação de textos de caráter reivindicatório, com suporte de uma arquitetura virtual que viabiliza o compartilhamento massivo de petições e a acessibilidade à informação, atingindo grande número de pessoas de variados espaços geográficos.

É importante compreender que a petição online gera um efeito similar ao abaixo-assinado do mundo físico, porém com maior potência e dinamicidade: permite estabelecer uma meta e direcionamento para a transformação ou implementação de políticas públicas, buscando efeitos e pressão em termos de mobilização, criando um histórico de ampla visibilidade de vitórias de clamor popular perante as instâncias de poder.

Quanto às petições online analisadas, verificamos que quatro componentes-chave em seus conteúdos marcam a entonação do texto: a presença da dimensão do ambiente natural ameaçado; a incitação ao engajamento coletivo; o sentido de urgência; e a explanação do risco. Os textos corroboram a disseminação das informações, mesmo que de maneira sintética e sem detalhamento científico, político ou econômico. Também são destacadas as características advindas de movimentos ambientalistas, o que provoca identificações com os públicos interessados.

A identidade do polo ativo das petições da Avaaz.org reivindica para si grandes causas socioambientais que surgem a partir de cidadãos membros, com apoio eventual de movimentos sociais, ONGs e governos. Mas, em sua maioria o polo ativo das petições da Change.org é o cidadão comum, que peticiona causas locais e exige das autoridades providências diante da problemática relatada. Verificamos que as plataformas apresentam como polo passivo as lideranças governamentais, representadas por presidentes, primeiros-ministros, diretores de órgãos públicos, governadores ou prefeitos.

Nesta pesquisa, buscamos indicar como o net-ativismo, sobretudo o ambiental, produz arranjos, por meio das plataformas de petição online. A coexistência e a hibridização das redes de mobilização hoje, de caráter físico e virtual, são características importantes na análise da atuação cidadã na esfera pública, que começa no mundo físico e se manifesta no virtual, criando condições de mudanças sociais reais.

Reconhecemos que este trabalho precisa ampliar seus resultados, uma vez que se restringiu a um corpus de petições relativas à visualização de apenas um dia – uma observação em períodos mais amplos pode trazer outras interpretações, mesmo levando-se em conta a longa permanência das publicações nas plataformas. Apesar da ressalva, é possível afirmar que as petições online podem ser apoiadoras importantes no processo de net-ativismo pró-ambiental nas democracias, pois permite aos cidadãos se informar sobre problemáticas globais e locais na área e se mobilizar por uma causa coletiva, contribuindo no enfrentamento de problemáticas socioambientais.

Referências

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Notas

1 O mundo virtual é parte integrante do real, sendo que o virtual existe na prática, embora não fisicamente, e o real existe de fato, mas toda realidade vivida sempre foi virtual uma vez que se expressa por símbolos formadores da prática. Portanto, os dois conceitos não se opõem (CASTELLS, 2016).
2 Um “espaço de interação criado no fluxo de dados digitais em redes de computadores; virtual por não ser localizável no espaço, mas real em suas ações e efeitos” (FLEW 2008 apud MARTINO, 2014, p. 11).
3 O termo original em inglês é mais utilizado, pois a tradução em português perde em assertividade – embora possa ser traduzido como “prestação de contas”, ele abrange instâncias mais complexas como controle, fiscalização, responsabilização, proatividade e transparência, conforme estudos de gestão pública.
4 Em 2023, a plataforma possui cerca de 69 milhões de membros, dos quais pouco mais de 19 milhões são brasileiros (AVAAZ.ORG, 2023).
1 The virtual world is an integrant part of the real one, with the virtual existing in the practice, although not physically, and the real actually existing, but all lived reality has always been virtual, since it expresses itself through symbols that form the practice. Thus, both concepts do not oppose themselves. (CASTELLS, 2016).
2 An “interaction space created in the flow of digital data in nets of computers; virtual because it is not located in the space, but real in its actions and effects” (FLEW 2008 apud MARTINO, 2014, p. 11).
3 All references written in a foreign language that is used on this article have been translated and revised freely.
4 In 2023, the platform has around 69 million members, of which a little more than 19 million are Brazilians (AVAAZ.ORG, 2023).

Autor notes

Myrian Regina Del Vecchio-Lima Jornalista. Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Doutora em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela UFPR, com pós-doutoramento em Jornalismo Digital na Université Lyon 2 (França). Mestra em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo. Líder do Grupo de Pesquisa Click – Comunicação e Cultura Ciber. E-mail: myriandel@gmail.com.
Vanessa Witski Colatusso Doutora em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela Universidade Federa do Paraná. Mestre em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná. Graduada em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda. Docência em gestão de negócios – planejamento de marketing, mídias digitais e planejamento publicitário. E-mail: vawitzki@gmail.com.
Débora Anzolin Valginhak Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Paraná. E-mail: davalginhak@gmail.com.
Nataly Fernandes Aires Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento e especialista em Gestão Ambiental pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Formada em Administração pela Faculdade da Indústria (2016). Possui aperfeiçoamento na Flacso-Argentina, na área de ensino de espanhol. Experiência na área de resíduos sólidos e educação ambiental em contexto latino-americano. E-mail: educacao.natalyaires@gmail.com.
Editora responsável: Maria Ataide Malcher

Assistente editorial: Weverton Raiol

Declaração de interesses

Conflito de interesse As autoras declaram que não há confl ito de interesse.


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