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Estudos de Comunicação no Paraguai: invisibilidade acadêmica e contexto político
Estudios de Comunicación en Paraguay: invisibilidad académica y contexto político
Communication studies in Paraguay: academic invisibility and political context
Intercom: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, vol. 45, e2022104, 2022
Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM)

Artigos


Recepção: 10 Janeiro 2020

Aprovação: 13 Fevereiro 2022

DOI: https://doi.org/10.1590/1809-58442022104pt

Resumo: O artigo registra um levantamento sobre o estado da arte de pesquisas na área de Comunicação Midiática no Paraguai. No primeiro bloco, faz-se um levantamento histórico do contexto educacional paraguaio, seguido de uma reflexão sobre dois pesquisadores paraguaios e as abordagens desde as quais pensam a Comunicação. No terceiro bloco apresenta-se um levantamento realizado em quatro revistas científicas paraguaias com acesso online. Constata-se haver escassa bibliografia, ademais de poucas referências ao Paraguai em periódicos científicos e outras obras bibliográficas publicadas naquele país. Aponta-se o contexto político como provável origem da invisibilidade acadêmica dos estudos de Comunicação.

Palavras-chave: Pesquisa em Comunicação, Paraguai, Mídia.

Resumen: El artículo registra un levantamiento sobre el estado del arte de investigaciones en el área de Comunicación Mediática en Paraguay. En el primer bloque, se realiza un levantamiento histórico del contexto educativo paraguayo, seguido de una reflexión sobre dos investigadores paraguayos y los enfoques desde los cuales se piensa la Comunicación. El tercer bloque presenta un levantamiento realizado en cuatro revistas científicas paraguayas con acceso online. Hay poca bibliografía, además de algunas referencias al Paraguay en periódicos científicos y otras obras bibliográficas nacionales. El contexto político se señala como un origen probable de la invisibilidad académica de los estudios de Comunicación.

Palabras clave: Investigación en Comunicación, Paraguay, Medios.

Abstract: The article records a survey on the state of the art of research in Media Communication in Paraguay. In the first section, there is a historical research of the Paraguayan educational context, followed by a reflection on two Paraguayan researchers and the approaches from which they consider Communication. The third section presents an investigation conducted in four Paraguayan scientific journals with online access. It is possible to verify that there is scarce bibliography, besides having few references to Paraguay in scientific journals and other national bibliographical works published there. The political context is pointed out as a probable origin on the academic invisibility of Communication studies.

Keywords: Communication research, Paraguay, Media.

Introdução

Este texto é fruto de inquietações surgidas a partir da leitura de obras que estudam Comunicação e Cultura na América Latina. Nelas, encontram-se escassos estudos sobre o Paraguai, sua sociedade, processos e meios de comunicação. Assim, inicialmente, com a finalidade de apontar a escassez de trabalhos que tratem aspectos comunicacionais do Paraguai, fez-se um mapeamento em três espaços que agregam trabalhos de Comunicação no contexto latino-americano. Dentre eles estão: a Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación, publicada pela Associação Latino-Americana de Investigadores de Comunicação (ALAIC) e as obras coordenadas por Sunkel (2006), chileno, e Jacks (2011), brasileira.

Constata-se que em 26 edições da Revista da ALAIC, entre 2004 e 2019, buscando-se a palavra-chave “Paraguai” e “Paraguay”, encontram-se apenas quatro artigos relacionados ao tema. Um deles é de autoria da pesquisadora brasileira Brandalise (2013), dois são de autoria do pesquisador paraguaio Bordenave (2012, 2015), em edições póstumas, e outro é justamente sobre ele (AGUIRRE ALVIS, 2014).

Do mesmo modo, na obra de Sunkel (2006), não se encontram menções a uma abordagem das linhas teórico-metodológicas dos estudos em Comunicação e o consumo de meios de comunicação. Situação idêntica ocorre na obra de Jacks (2011), que reúne trabalhos de estudos em Comunicação em diversos países de América Latina, sem vestígios do estado da arte em Comunicação no Paraguai.

Ao constatar, nessas obras, as poucas menções a trabalhos que dizem respeito ao contexto comunicacional do Paraguai, este artigo persegue o objetivo de relatar um levantamento das pesquisas em Comunicação (Midiática) desenvolvidas no/sobre/do Paraguai por pesquisadores nacionais e/ou publicadas no Paraguai. Os catálogos ou repositórios online são tomados como fonte documental básica para tal levantamento, prática que muitas vezes vem sendo denominada de “estado da arte”. Como realizá-la?

É possível traçar um determinado “estado da arte” lendo apenas resumos? Se estamos pensando em utilizar como objeto de estudo e como fonte de pesquisa – os resumos – nos trabalhos intitulados “estado da arte” ou “estado do conhecimento”, se estamos entendendo que os resumos que constam nos catálogos estão atendendo a outras funções e necessidades; se estamos aceitando a heterogeneidade de marcas textuais e tipográficas constatadas nos resumos; podemos considerar possível tecer um discurso que analise, interrogue, explique convenientemente cada conjunto de trabalhos produzidos em uma determinada área do conhecimento, a partir apenas de resumos, ignorando a leitura das pesquisas, na íntegra? (FERREIRA, 2002, p. 264-265).

Cabe ressaltar que há estudos realizados em universidades brasileiras, norte-americanas e europeias e que não foram registrados na presente fase. Para efetivar o estudo do estado da arte, optou-se por restringir o mapeamento às universidades públicas do Paraguai dada a necessidade de conhecer-se a realidade interna e as publicações e autores nacionais lá ocorridas. Reconhece-se que autores paraguaios e estrangeiros que pesquisam sobre o Paraguai publicam internacionalmente. No entanto, o presente artigo busca apontar a realidade específica do ambiente acadêmico paraguaio em Comunicação.

Observou-se que o trabalho não poderia ficar restrito ao estado da arte dos estudos em Comunicação no Paraguai; seria preciso ter um panorama educativo e científico do país para uma melhor compreensão sobre os motivos que levaram os pesquisadores que estudam a Comunicação latino-americana a ter um olhar apenas de relance quanto ao Paraguai. Sendo assim, em um primeiro momento, faz-se um breve percorrido pelo contexto histórico educacional do Paraguai em dois blocos, constatando-se que instituições educacionais já foram implantadas nos tempos coloniais a partir dos trabalhos de estandardização do guarani realizada pelos jesuítas, no século XVII. Logo, apresenta-se uma breve contextualização sobre o volume de cursos de graduação e de pós-graduação em Ciências Sociais e em Comunicação nas universidades públicas.

Em um segundo momento, traça-se um breve levantamento de pesquisadores paraguaios que desenvolveram trabalhos em Comunicação no Paraguai, pensando desde uma perspectiva latino-americana.

Em um terceiro momento, realizou-se a busca em quatro periódicos científicos paraguaios de acesso online para verificar a publicação de artigos na área de Comunicação. Para isso, utilizaram-se as palavras-chave “comunicación”, “periodismo”, e, em português, “comunicação”, “jornalismo”. Nos periódicos científicos que não permitiram o uso de palavras-chave, usou-se como parâmetro o sumário da revista e as referências bibliográficas, buscando artigos que contemplem a temática. A partir desses resultados, procedeu-se à leitura dos dados obtidos para inventariar a produção encontrada, com vistas a responder sobre suas possíveis tendências, ênfases e opções metodológicas. A produção do inventário permitiu chegar a resultados que possibilitam reconhecer a precedência de um autor falecido e outro autor ativo que marcam os estudos em Comunicação no Paraguai. Para entender suas opções e desafios, no entanto, um breve percurso sobre o panorama educativo faz-se valioso no propósito de compreender o ambiente acadêmico do país.

Breve percurso sobre o panorama educativo no Paraguai

O início da institucionalização da educação no Paraguai remonta aos tempos dos jesuítas. Zajicová (1994) sustenta que esses missionários foram escolhidos dentre vários candidatos e preparados no campo da Religião, Medicina, Agricultura, Artesanato, Pintura, Música, Engenharia e Ensino. Vestígios desses empreendimentos podem ser encontrados em diversos relatos. Nesse sentido, também vale destacar a inserção da escrita entre os indígenas. Embora não seja o objetivo do artigo, considera-se pertinente mencionar o trabalho feito pelos padres no campo da normatização da língua, bem como o emprego dessa variedade em diversas esferas da comunicação escrita nas Reduções (THUN; CERNO; OBERMEIER, 2015)1. Logo, na busca de uma educação formalizada, em 1715, o Cabildo de Assunção propôs a abertura de uma universidade paraguaia, cuja concretização deu-se em 1716, com o início de um colégio com cátedras de Gramática, Filosofia, Teologia e Moral; sendo por aqueles tempos “[...] o colégio Carolino, a máxima instituição de formação cultural na Província” (OIA, 1994, p. 3, tradução nossa)2.

No governo de Carlos Antonio López, outorgou-se especial destaque à educação e, em 1850, com o objetivo de promover a formação superior, criou-se a Escuela de Derecho Civil y Político (SILVERO; GALEANO; RIVAROLA, 2010). Em 1889, abriu-se a primeira universidade do país, a Universidad Nacional de Asunción (UNA). Somente em 1960 habilitou-se a primeira universidade privada, a Universidad Católica Nuestra Señora de la Asunción e, a partir de 1989, abriram-se outras universidades privadas em todo o território nacional. Neste percurso, vale ressaltar que em 2013, existiam já 54 universidades no Paraguai, dentre elas 8 públicas e 46 privadas, com 288 faculdades, que oferecem 1633 cursos superiores (RECALDE; LUSARDI; ACOSTA, 2013).

Os investigadores paraguaios Ortíz e Galeano (2015) assinalam que, após a queda da ditadura de Stroessner, em 1989, embora existisse uma espécie de autocensura, não foi impedimento para que, aos poucos, germinasse um pensamento crítico sobre o período stronista. Para os autores, o pouco avanço científico não permitiu que houvesse uma geração de debates nacionais e internacionais que possibilitasse o desenvolvimento no campo científico do país, expondo questões locais no espaço regional e mundial.

Mesmo depois da queda da ditadura de Stroessner, os efeitos aos estudos em Humanidades – em especial aos estudos da Comunicação – ainda persistem. Fruto disso pode-se observar na escassa formação de paraguaios em pós-graduação em Ciências Sociais. Entre os anos de 1996 até 2006, 139 alunos do Paraguai tinham se formado nessa área (GENTIL; SAFORCADA, 2010). Além disso, somam-se a esse panorama a escassez e a baixa qualidade das pós-graduações, e a falta de professores com dedicação exclusiva ao ensino e à pesquisa (ORTIZ; GALEANO, 2015).

Destaca-se que, nas universidades públicas, apenas em 2007, abriu-se o mestrado em Sociais na Universidad Nacional de Asunción (ABC, Color, 2007). Desde o ano de 2009, a Universidad Nacional del Este (UNE) conta com o mestrado em Ciências Sociais. Em 2014, embora tenha anunciado o primeiro doutorado em Ciências Sociais no país (UNE, 2014), o projeto parece não ter sido levado a cabo, dado que até o momento não consta dos sítios eletrônicos tanto da UNA3 quanto da UNE4.

Assim, na perspectiva acadêmica, o campo das Ciências Sociais não ficou imune às investidas da ditadura stronista. O pensamento crítico não era valorizado e, inclusive, era desestimulado, como prova o fechamento do curso de Sociologia da Universidad Católica de Asunción. As discussões e a busca de um pensamento crítico aconteciam fora das instituições acadêmicas (ORUÉ POZZO, 1999). Galeano et al. (2014) sustentam que, dentre as restrições às atividades universitárias, estava a pesquisa e, assim, as tarefas das universidades limitavam-se à atividade docente. A criação de novas universidades, a partir da abertura democrática, foi realizada sem rigor, com a ausência de normativas reguladoras.

Em 1997, foi criado o Consejo Nacional de Ciencia y Tecnología (CONACYT). Porém, somente, em 2011, o Orçamento Nacional de Gastos do Paraguai começou a disponibilizar recursos destinados para a pesquisa por meio do Programa Nacional de Incentivo de los Investigadores (PRONII), encarregado de avaliar a produção científica dos pesquisadores (GALEANO et al., 2014). Além disso, conforme aponta Recalde, Lusardi e Acosta (2013, p. 41), reconhecendo levantamento realizado pela própria CONACYT, o Paraguai é, na região, o país que menos investe em pesquisas, dedicando apenas 0,4 por cento do PIB, faltando às universidades recursos financeiros, pesquisadores qualificados e instrumentos de pesquisa. Soma-se a isso, segundo Solis et al. (2018), o baixo nível de indexação das revistas paraguaias que acaba contribuindo para a escassa visibilidade da produção científica no cenário internacional. Também, de acordo com os autores, a área com maior produtividade é a de Ciências da Saúde, seguida por Ciências Agrícolas e Engenharias e por último a área de Ciências Sociais, essa com menor produtividade entre todas as áreas.

Por fim, quanto aos estudos acadêmicos em Comunicação, Segovia (2010, p. 111) assinala que “O estudo dos meios de comunicação no Paraguai está pouco desenvolvido” (SEGOVIA, 2010, p.111, tradução nossa)5. A produção acadêmica é quase que exclusivamente de responsabilidade de estudantes de graduação e sua projeção está limitada aos debates da comunidade científica. Por essa razão, optou-se por buscar reconhecer o que efetivamente está publicado na pesquisa em Comunicação.

Para efetivar o estudo do estado da arte, optou-se por restringir o mapeamento às universidades públicas do país, uma vez que a criação de novas universidades foi realizada, muitas vezes “[...] em processos muito abertos, ausentes de normativas reguladoras, tendentes a orientar o tipo de instituições, suas funções e objetivos [...]” (GALEANO et al., 2014, p. 421, tradução nossa)6. Contando com uma estrutura frágil para a área das Ciências Sociais, Serafini apontava, em 2006, a inexistência de cursos de pós-graduação em Comunicação e até de interesse acadêmico aos estudos críticos de Comunicação, dado que o uso de análise de conteúdo teria trazido limitação aos estudos realizados:

O campo de investigação enfatizado foi e segue sendo a análise de conteúdo, especificamente dos textos midiáticos da imprensa escrita. Não se deu, pois, no âmbito da investigação acadêmica no nosso país (circunscrevendo-nos sempre à produção em Comunicação da UC) o “enorme giro na orientação de uma ‘communication research’” a que alude Martín Barbero quando fala de “Recepção: Uso de meios e consumo cultural” mas que se continua na orientação da investigação que infere “os efeitos sociais a partir da análise dos conteúdos o da linguagem dos meios”

(SERAFINI, 2006, p. 83, tradução nossa)7.

Foi para fazer frente a essa realidade problemática e sanar necessidades teórico-investigativas que surgiu no ano de 2008 e com a emergência de um novo governo, a Secretaria de Información y Comunicación para el Desarrollo (SICOM), propondo-se uma mudança paradigmática no cenário político-educacional paraguaio, conforme analisado por Centurión (2009). Esse aspecto encaminha para a análise do pensamento nacional em Comunicação.

Os pesquisadores paraguaios de Comunicação

Dentre os estudiosos paraguaios, presta-se uma deferência ao já referido Juan Enrique Díaz Bordenave (1926-2012) que, embora grande parte de sua produção tenha se dado no exterior, aportou significativamente para o pensamento comunicacional latino-americano (AGUIRRE ALVIS, 2014). Natural da cidade de Encarnación, na fronteira com a Argentina e a 200 quilômetros da fronteira brasileira, teve toda sua formação de Ensino Superior no exterior: graduações na Argentina e no Chile em Agronomia, cursou mestrado de Jornalismo Agrícola na Universidade de Wisconsin (1955) e doutorado na Universidade de Michigan (1966), nos Estados Unidos da América. Foi consultor internacional em Comunicação e Educação da Unesco (BORDENAVE, 2015). Em boa parte de suas obras, ele reflete sobre a Comunicação desde uma perspectiva comunitária, embora não se atenha às especificidades dos processos comunicacionais do Paraguai. Foi autor de obras que colocam a Comunicação como importante processo para a transformação social: “Deseja-se colocar o poder da comunicação a serviço da construção de uma sociedade onde a participação e os diálogos transformantes sejam possíveis” (BORDENAVE, 1986, p. 101).

O autor escreveu várias obras de repercussão internacional e publicadas em sua maioria no Brasil, excetuando-se um livro publicado pela Unesco e duas publicações no Paraguai (BORDENAVE, 2008; 2011), bem como outros textos em publicações internacionais. Possuem destaque seus clássicos da coleção Primeiros Passos do Brasil “O que é Comunicação” (1983a), “O que é Comunicação Rural” (1983b) e “O que é Participação” (1989), com dezenas de edições. As três obras ganhariam edições póstumas em castelhano publicadas no Paraguai (BORDENAVE, 2016a, 2016b, 2016c).

Ademais das obras referidas, o livro “Planejamento e Comunicação”, junto de Martins de Carvalho (1978), foi obra de referência em cursos de Comunicação do Brasil na década de 1980. Bordenave ainda escreveria vários outros artigos e livros dedicados a temas da área da Educação.

Depois de viver em vários países, Bordenave fixou residência no Brasil onde viveu por décadas. Com a posse de Fernando Lugo, retornou ao Paraguai como assessor de Comunicação e, junto de Anibal Orué Pozzo, foi responsável pela coordenação da única edição do mestrado em Comunicación para el Desarrollo da Universidad Nacional del Este, na fronteira com o Brasil. Bordenave, já octagenário, veio a falecer certa de seis mês após a destituição do Presidente Fernando Lugo, em 20128.

O pesquisador boliviano Aguirre Alvis assim analisaria a contribuição de Bordenave:

Sua proximidade teórica, sua similar paixão pelo sentido básico de uma comunicação humana como forma de construção de sentidos em corresponsabilidade igualitária dos atores intervenientes, ademais de seu compromisso transformador da realidade desde formas de planejamento, investigação e responsabilidade ética ante os outros. [...] Põe-se ademais em evidência o papel pioneiro de Juan Díaz Bordenave o estabelecimento de uma comunicação que se constrói desde a relação democrática –comunicação participativa, horizontal e dialógica- entre os atores, elemento que se respalda com o marco histórico de uma publicação sua do ano 1962 e que antecede a todos os demais teóricos do campo a Comunicação da América Latina, recuperando-se assim seu papel de construtor fundamental na compreensão da comunicação desde este continente”

(AGUIRRE ALVIS, 2014, p. 145, tradução nossa)9.

Como Bordenave, seu colaborador Anibal Orué Pozzo (1958-) também tem toda sua formação superior no exterior; realizou sua graduação em Engenharia Elétrica no Brasil, no Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, o mestrado em Estudos de Mídia, na New School for Social Research, na New York University, nos Estados Unidos. Ele possui doutorado em Administração - Processos Comunicacionais, na Universtidad Autónoma de Asunción, no Paraguai. Realizou pós-doutorado em Comunicação e Estudos Sociais de Fronteira, na Universidad Nacional de Córdoba, na Argentina. No Paraguai, foi pesquisador do CONACYT e atualmente é professor da Universidade da Integração Latinoamericana (Unila), na cidade brasileira de Foz do Iguaçu-PR. É de sua autoria o Prólogo da obra “Comunicación” (BORDENAVE, 2016a) no qual analisa a contribuição para a crítica do pensamento eurocêntrico.

As características da atividade de investigação de Aníbal Orué Pozzo permitem reconhecer que ele, adotando a perspectiva dos estudos em Comunicação, não só realiza um percorrido histórico do jornalismo impresso no Paraguai e sua estrutura de mídia, como também faz uma interpretação das representações discursivas, analisa a construção de imaginários sociais por meio das representações jornalísticas e estuda o pensamento comunicacional paraguaio. Suas obras percorrem os diferentes períodos da história do jornalismo paraguaio até finais do século XX. De sua produção acadêmica, em Comunicação registram-se vários textos publicados no Paraguai (ORUÉ POZZO, 1995; 2003; 2007; 2008; 2012; 2013; 2019), e internacionalmente, especialmente no Brasil e Estados Unidos. Um autor produtivo que segue apresentado contribuições nas articulações entre Comunicação, colonialidade e tradução cultural no Paraguai e América Latina.

A divulgação científica no cenário de pesquisas paraguaio

Nesse panorama de incipientes estudos na área das Ciências Sociais e, consequentemente, na área da Comunicação, soma-se a dificuldade de publicação de trabalhos científicos. A carência de revistas estandardizadas, arbitradas ou indexadas, a inexistência de oferta de cursos de pós-graduação na área, pouco incentivo à pesquisa, a fragmentação da publicação de pesquisas em Comunicação produzidas por organizações não governamentais, além da tendência profissionalizante dos cursos ofertados pelas universidades paraguaias (ORTIZ; GALEANO, 2015) contribuem para a pouca visibilidade internacional das pesquisas paraguaias:

Algumas eminentes publicações que tiveram um grande peso nos anos 60, 70 e 80 foram perdendo terreno ante o debilitamento institucional de seus centros editores. Este aspecto limita fortemente a acolhida de contribuições internacionais que permitam ao campo das ciências sociais do Paraguai fazer-se eco das discussões e avances ao nível regional latino-americano e mundial

(ORTIZ; GALEANO, 2015, p. 8, tradução nossa)10.

De acordo com Caballero e Masi (2014) um dos fatores pelos quais não se pode ter exatidão na quantidade de revistas científicas existentes no Paraguai decorre da falta de um registro nacional de publicações seriadas. Em 2013, os autores realizaram um levantamento em oito portais de periódicos científicos multidisciplinares com a finalidade de verificar o número de revistas paraguaias disponíveis.

No momento da consulta, o Sistema de Informação de Latindex apresentou um total de 43 títulos de revistas do Paraguai no diretório, 19 revistas no catálogo e 15 com link. SciELO Paraguai apresentou no total 8 títulos de revistas, 5 da área da saúde, 1 de ciências sociais, 1 de ciências agrárias e 1 de ciências naturais. Dialnet tinha 2 revistas, 1 da área da saúde e 1 de ciências sociais e DOAJ também 2 revistas, ambas da área da saúde. Na base de dados de CLACSO encontrou-se 1 revista a área de ciências sociais e em LILACS 9 revistas da área da Saúde

(CABALLERO; MASI, 2014, p.6, tradução nossa)11.

O Quadro 1 apresenta os quatro periódicos disponibilizados online na área das Ciências Sociais que foram levantados por Caballero e Masi (2014).

Quadro 1
Periódicos de Ciências Sociais editados no Paraguai, cronologia, endereço online e periodicidade

Fonte: elaboração das autoras a partir de Caballero e Masi (2014)

A revista Novapolis, a Revista Internacional en Investigaciones Sociales, a revista Estudios Paraguayos e a revista Investigaciones y Estudios de la UNA estão registradas com publicação regular atualizada. No entanto, cabe destacar que não foi encontrada uma revista de acesso online especializada em Comunicação, o que faz com que pesquisas direcionadas a essa temática procurem espaços em áreas mais amplas.

O Quadro 2 apresenta uma lista de artigos voltados para a problematização e compreensão dos fenômenos comunicacionais nos periódicos mencionados no Quadro 1. Nele, observa-se que o periódico Investigaciones y Estudios de la Universidad Nacional de Asunción, com publicações até 2021, não registra artigos em Comunicacão. A revista Estudios Paraguayos, da Universidad Católica Nuestra Señora de Asunción, nos números publicados entre 1975 e 2021, não apresenta mais que 10 artigos que tratem, de alguma maneira, de temáticas da Comunicação, embora os que existem o façam de forma muito ampla. A revista Novapolis, com edições entre 2002 e 2021, conta com apenas 4 artigos sobre Comunicação e análise de construções discursivas, sendo 1 deles de autoria de Orué Pozzo (2013). Analisando-se os 11 números da revista digital Investigaciones y Estudios de la UNA, da Universidad Nacional de Asunción, produzidos entre 2006 e 2021, verifica-se a ausência de trabalhos que digam respeito à Comunicação.

A Revista Internacional de Investigación en Ciencias Sociales, da Universidad Autónoma de Asunción, por sua vez, com edições entre os anos de 2005 e 2021 de acesso online, trouxe 13 trabalhos sobre Comunicação. Do conjunto de trabalhos, 4 artigos são de autores brasileiros que analisam a realidade social e os meios de comunicação brasileiros. Oito artigos estudam a realidade comunicacional paraguaia, dentre os autores destacam-se os já referidos Bordenave e Centurión.

Quadro 2
Autor, título do artigo e ano de publicação por periódico

Fonte: elaboração das autoras

Nas revistas pesquisadas, além dos artigos de Orué Pozzo, que abarca o jornalismo em uma perspectiva diacrônica, bem como sincrônica, tratando discursos e narrativas na comunicação midiática paraguaia, não se encontraram outros trabalhos que analisem representações ou aspectos discursivos nos meios locais, assim como de consumo e de recepção desses meios. O que vai ao encontro do mencionado por Serafini (2006), de que ainda há escassos trabalhos que, ademais, ocupam-se de analisar somente as dinâmicas e condições de produção no âmbito comunicacional do país.

Observando-se a abordagem teórico-metodológica dos artigos, detecta-se que quase não há referência a autores paraguaios, tampouco a autores que trabalhem desde uma perspectiva latino-americana de Comunicação, preferindo-se autores europeus ou norte-americanos.

Considerações finais

O questionamento sobre a invisibilidade dos estudos de Comunicação no Paraguai permite albergar a hipótese de que o primeiro Estado Nacional das Américas a possuir uma língua indígena como cooficial carece, paradoxalmente, de reconhecimento no campo comunicacional. A matriz indígena e, consequentemente, tudo o que dela deriva – língua, cultura, saberes, territorialidade – deixa de ser reconhecida, ou seja, seu legado é tomado como despojado de ciência, de civilidade, de humanidade (OLIVEIRA; PINTO, 2011). A inserção subalterna no Paraguai do contexto latino-americano franqueia estigmas e atitudes que, de alguma maneira, fortalecem a perspectiva crítica de Quijano (2005, p. 126): “A elaboração intelectual do processo de modernidade produziu uma perspectiva de conhecimento e um modo de produzir conhecimento que demonstram o caráter do padrão mundial de poder: colonial/moderno, capitalista e eurocentrado”. Caberia aos estudos críticos em Comunicação questionar esse padrão? Com o levantamento feito, pode-se ensaiar algumas respostas ao questionamento apontado.

Cabe registrar que o impacto da obra de Bordenave, influente nas abordagens de Comunicação Popular e Alternativa, fez-se consagrado também nas áreas da Educação, Ciências Agrárias e Saúde, na América Latina e em regiões em que a abordagem desenvolvimentista é requisitada. Em que pese isso, os dados biobibliográficos de Bordenave, e também de Orué Pozzo, e as publicações no Paraguai referendam que há escassa preocupação editorial sobre Comunicação no Paraguai e do Paraguai.

De várias maneiras os pesquisadores de Comunicação parecem reiterar a abordagem colonizada de ciência. Frente ao contexto de pesquisa esboçado pode-se considerar que os estudos em Comunicação no Paraguai são recentes e ainda sem unidade de abordagem. As escassas análises coletadas neste trabalho estão voltadas para os discursos midiáticos, o que apresenta ainda uma lacuna, como pode ser a de estudos de consumo e recepção, dentre tantas outras. Estudos independentes são feitos por alguns profissionais que, em regra, são legatários de teóricos estrangeiros e parece estar longe o momento em que surgirá uma escola de pensamento de Comunicação genuinamente paraguaia. Ademais, as debilidades educacionais do país, a dificuldade de acesso e a problemática difusão dos saberes produzidos nas academias não permitem que se possa ter, hoje, uma clara visão deste campo de pesquisa. Na busca por responder às inquietações que nortearam a proposta da pesquisa aqui relatada, alguns caminhos foram encontrados e permitiram observar fatores pelos quais o Paraguai ainda aparece de maneira acanhada em atividades de pesquisa em Comunicação.

Ao tentar empreender o traçado de um estado da arte cabe apontar as próprias limitações deste trabalho pois, devido à falta de disponibilização online de outros espaços de divulgação científica, não se teve acesso a pesquisas que podem estar sendo realizadas no tema. Assim, trata-se de um estudo não conclusivo e que busca contribuir para que seja possível ampliar as ações e o conhecimento da produção científica na região, em uma proposta que visa contrapor-se à política de centros hegemônicos.

Ficam pendentes de verificação as contribuições dos estudos feitos a partir das áreas de Letras, História e Sociologia, dentre outras. Também cabe apontar que não se teve acesso a dissertações de pós-graduação sobre Comunicação das universidades públicas, visto que tais instituições não possuem um repositório online de divulgação de suas pesquisas. Caberia ainda indagar se as investigações que estão sendo desenvolvidas estudam aspectos que dizem respeito à atividade comunicacional no Paraguai, bem como as abordagens observadas, além de quais os meios de divulgação científica usados.

Voltando à questão original de possíveis respostas para a debilidade de referências paraguaias na área de Comunicação, há fatores históricos caudatários de uma ditadura que durou mais de meio século e teve seu fim apenas em 1989. As sequelas no âmbito acadêmico do ambiente repressivo fizeram com que a atividade investigativa fosse pouco incentivada nas universidades, tanto é que boa parte das reflexões eram realizadas fora dos recintos institucionais. O que também levou, consequentemente, ao reduzido incentivo à criação de pós-graduação nas áreas de Ciências Sociais e, particularmente, de Comunicação. Fato refletido hoje na baixa produção científica nessa área (SOLIS et al., 2018).

Embora devam ser considerados os fatores históricos acima indicados, não se pode deixar de chamar atenção para o excesso de entraves burocráticos das próprias universidades e instituições paraguaias atuais, aliados à falta de transparência e divulgação científica. Como constatado, a própria Universidad Nacional del Este não disponibilizou até fevereiro de 2022 a lista de egressos do primeiro Mestrado em Comunicación para el Desarrollo, com os respectivos títulos de dissertação. Se isso não exime o pesquisador de buscar compreender a realidade paraguaia, ao menos ajuda a entender a ausência de referências ao Paraguai em estudos que abordem seu contexto. Visto que, embora tenham-se passado quase 30 anos do término da ditadura, as instituições ainda se regem sob paradigmas pouco transparentes, o que encarece diretamente o incentivo e a divulgação científica produzida no país.

Se, do ponto de vista político, o regime democrático goza atualmente de certo prestígio, o panorama econômico demonstra precedência na realidade paraguaia, dedicada especialmente a atender as necessidades estrangeiras, seja como entreposto chinês de distribuição de eletroeletrônicos e outros produtos, ou como território de exploração agrícola. A iniciativa de pós-graduação stricto sensu em Comunicação interrompida com a deposição do presidente em 2012 demonstrou a fragilidade dos esforços acadêmicos. Ela faz permanecer a questão se a voragem globalizadora que determinou a seus expoentes pesquisadores estudar e atuar no estrangeiro impeça que gerações subsequentes desenvolvam uma discussão teórico-conceitual pertinente em solo e instituições paraguaias.

Referências

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Notas

1 Apesar das ressalvas aos empreendimentos de colonização e de dominação da Companhia de Jesus a serviço da Coroa Espanhola, o valor desses trabalhos conservados em documentos dá um panorama histórico do Paraguai colonial, da língua e dos inícios da institucionalização da educação. Utilizaram-se de diversas estratégias linguísticas a fim de moldar a língua aos objetivos de catequização do indígena. Recorreram a alterações semânticas e introduziram neologismos que dessem conta do universo religioso e social que estava sendo introduzido na cultura indígena.
2[...]el colégio Carolino, la máxima institución de formación cultural en la Província” (OIA, 1994, p. 3).
3 UNA. Facultad de Derecho y Ciencias Sociales, 2020. Disponível em: <http://www.der.una.py/index.php/postgrado/doctorados>. Acesso em: 18 fev. 2022.
4 UNE. Carrera de Posgrado: doctorados, Ciudad del Este, 2019. Disponível em: <http://www.une.edu.py/web/index.php/unidades-academicas/carreras-de-posgrado/doctorados>. Acesso em: 18 fev. 2022.
5el estudio de los medios de comunicación en Paraguay está muy poco desarrollado” (SEGOVIA, 2010, p.111).
6[...] en procesos muy abiertos, faltos de normativas reguladoras, tendientes a orientar el tipo de instituciones, sus funciones y objetivos [...]” (GALEANO et al., 2014).
7El campo de investigación de énfasis ha sido y sigue siendo el análisis de contenido, específicamente de los textos mediáticos de la prensa escrita. No se ha dado, pues, en el ámbito de la investigación académica en nuestro país (circunscribiéndonos siempre a la producción en Comunicación de la UC) el ‘enorme giro en la orientación de una ‘communication research’’ al que alude Martín Barbero cuando habla de ‘Recepción: Uso de medios y consumo cultural’ sino que se continúa en la orientación de la investigación que infiere ‘los efectos sociales a partir del análisis de los contenidos o del lenguaje de los medios’” (SERAFINI, 2006, p. 83).
8 O curso de mestrado Comunicación para el Desarrollo da Universidad Nacional del Este teve apenas uma edição, iniciada em 2012, e da qual consta haver quatro dissertações defendidas (ALMEIDA, 2016; JARA, 2015; FLECHA, 2016; BRÍTEZ, 2017). Os dados foram extraídos do currículo de Anibal Orué Pozzo (LATTES, 2022), perante a ausência desses dados em repositório ou site da Universidad Nacional del Este.
9Su proximidad teórica, su similar apasionamiento por el sentido básico de una comunicación humana como forma de construcción de sentidos en corresponsabilidad igualitaria de los actores intervinientes más su compromiso transformador de la realidad desde formas de planificación, investigación y responsabilidad ética ante los otros. [...] Se pone además en evidencia el papel pionero de Juan Díaz Bordenave en el establecimiento de una comunicación que se construye desde la relación democrática – comunicación participativa, horizontal y dialógica- entre los actores, elemento que se respalda con el hallazgo histórico de una publicación suya del año 1962 y que antecede a todos los demás teóricos del campo de la Comunicación de Latinoamérica recuperándose así su papel de constructor fundamental en la comprensión de la comunicación desde este continente” (AGUIRRE ALVIS, 2014, p. 145).
10Algunas eminentes publicaciones que tuvieron un gran peso en los años 60, 70 y 80 fueron perdiendo terreno ante el debilitamiento institucional de sus centros editores. Este aspecto limita fuertemente la acogida de contribuciones internacionales que permita al campo de las ciencias sociales de Paraguay hacerse eco de las discusiones y avances a nivel regional latinoamericano y mundial” (ORTIZ; GALEANO, 2015, p. 8).
11En el momento de la consulta, el Sistema de Información de Latindex presentó un total de 43 títulos de revistas de Paraguay en el directorio, 19 revistas en el catálogo y 15 con enlace electrónico. SciELO Paraguay presentó en total 8 títulos de revistas, 5 del área de la salud, 1 de ciencias sociales, 1 de ciencias agrarias y 1 de ciencias naturales. Dialnet 2 revistas, 1 del área de la salud y 1 de ciencias sociales y DOAJ también 2 revistas, ambas del área de la salud. En la base de datos de CLACSO se encontró 1 revista en el área de las ciencias sociales y en LILACS 9 revistas del área de la salud” (CABALLERO; MASI, 2014, p. 6).

Autor notes

Ada Cristina Machado Silveira

Professora titular da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e pesquisadora do CNPq. Integra o quadro permanente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFSM e colabora no mestrado profissional em Comunicação e Indústria Criativa da Universidade Federal do Pampa (Unipampa). Professora visitante em universidades argentinas, paraguaias e mexicanas, investiga e publica em temas de Jornalismo, Comunicação para o Desenvolvimento, Segurança Pública e Fronteiras, com abordagens da Semiótica e do Discurso.

Maria Liz Benítez Almeida

Doutoranda em Letras na Universidade Federal de Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestra em Comunicação pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e mestra em Comunicación para el Desarrollo pela Universidad Nacional del Este (Paraguai).

Contribuição das autoras Ada Cristina Machado Silveira e Maria Liz Benítez Almeida participaram ativamente de todas as etapas de elaboração do manuscrito.
Editora responsável: Maria Ataide Malcher

Assistente editorial: Weverton Raiol

E-mail: ada.silveira@ufsm.brE-mail: lizbet3006@hotmail.com

Declaração de interesses

Conflito de interesse As autoras declaram que não há conflito de interesse.


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