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Jornalismo ambiental: características e interfaces de um campo em construção
Periodismo ambiental: características e interfaces de un campo en construcción
Environmental journalism: characteristics and interfaces in a developing field
Intercom: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, vol. 45, e2022109, 2022
Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM)

Artigos


Recepção: 08 Setembro 2020

Aprovação: 11 Maio 2022

DOI: https://doi.org/10.1590/1809-58442022109pt

Resumo: Este artigo apresenta uma compilação com alguns dos principais autores que se debruçaram sobre o jornalismo ambiental, especialmente entre 2010 e 2020. Partimos da ótica e da experiência de outros países para percebermos as transformações que esse campo de conhecimento vem passando no contexto internacional. O objetivo é refletir sobre os desafios enfrentados pelos profissionais da área, as interfaces do jornalismo ambiental com outros campos, como os da economia e da política, assim como sobre suas características no contexto atual. Para nortear nossa abordagem, estudos de Pezzullo e Cox (2018), Hansen (2019), Takahashi e Meisner (2012), Druschke e McGreavy (2016), Boykoff (2011), Dotson et al. (2012), Willer e Takahashi (2018), Christians et al. (2009) e Williams (2017), entre outros, nos auxiliaram a construir a reflexão.

Palavras-chave: Comunicação, Meio ambiente, Jornalismo ambiental, Mídia, Jornalista ambiental.

Resumen: Este artículo presenta una compilación con algunos de los principales autores que se centraron en el periodismo ambiental, especialmente entre 2010 y 2020. Partimos de la óptica y de la experiencia de otros países para entender las transformaciones que ese campo de conocimiento pasa en el contexto internacional. El objetivo es reflexionar sobre los desafíos enfrentados por los profesionales del área, las interfaces del periodismo ambiental con otros campos, como la economía y la política, así como acerca de sus características en el contexto actual. Para guiar nuestro enfoque, estudios de Pezzullo y Cox (2018), Hansen (2019), Takahashi y Meisner (2012), Druschke y McGreavy (2016), Boykoff (2011), Dotson et al. (2012), Willer y Takahashi (2018), Christians et al. (2009), y Williams (2017), entre otros, nos ayudaran a construir la reflexión.

Palabras clave: Comunicación, Medio ambiente, Periodismo ambiental, Medios, Periodista ambiental.

Abstract: This article presents a compilation of scholarly perspectives on environmental journalism, especially between 2010 and 2020. We begin from the standpoint and experience of non-Brazilian countries to notice changes that this field of knowledge has been going through in the international context. The goal is not only to reflect about the challenges faced by professionals working in this area, but also the interfaces between environmental journalism and other fields, such as economy and politics, and its characteristics in the current context. To guide our approach, studies by Pezzullo and Cox (2018), Hansen (2019), Takahashi and Meisner (2012), Druschke and McGreavy (2016), Boykoff (2011), Dotson et al. (2012), Willer and Takahashi (2018), Christians et al. (2009), and Williams (2017), among others, helped us construct this reflection.

Keywords: Communication, Environment, Environmental journalism, Media, Environmental journalist.

Introdução

Este artigo tem por objetivo principal apresentar as discussões, características e desafios vivenciados pelo jornalismo ambiental nas últimas décadas, a partir do olhar de autores que vêm trabalhando sobre o tema em nível internacional. Nosso foco são as transformações sofridas por esse campo1 profissional, considerando a forte influência de setores como a economia e a política em seu funcionamento. Além disso, trazemos para reflexão as pesquisas científicas que apontam que a cobertura jornalística que se concentra ainda em questões e controvérsias ambientais é muitas vezes limitada por essas restrições, e que a comunicação ambiental, enquanto área de conhecimento, permanece marginal, com contribuições desarticuladas das Ciências da Comunicação.

Para isso, dividimos nossa abordagem em cinco eixos: 1) A cobertura ambiental e seus entraves econômicos e políticos; 2) Padrões estilísticos da cobertura ambiental; 3) O perfil do jornalista ambiental; 4) Comunicação Ambiental como área de pesquisa; e 5) Enquadramentos midiáticos e as narrativas das catástrofes.

A cobertura ambiental e seus entraves econômicos e políticos

As restrições financeiras no setor midiático estão afetando a produção jornalística em todo o mundo (WILLIAMS, 2017). Isso também inclui o jornalismo ambiental. Atualmente, os custos envolvidos na produção da cobertura de fatos ligados ao meio ambiente, envolvendo viagens e o grande número de entrevistas em locais de difícil acesso, representam barreiras para muitas empresas da mídia. Os jornalistas ambientais, muitas vezes, necessitam de mais tempo, além de uma infraestrutura dispendiosa, para produzir reportagens especializadas. Todos esses pré-requisitos para cobrir questões complexas podem transformar reportagens ambientais em uma produção cara.

Uma consequência dessas restrições econômicas na área ambiental é a quantidade cada vez menor de espaço midiático garantido para sua cobertura. Isso representa um dilema, porque entra em conflito com a “crescente necessidade dos jornalistas de contar histórias mais longas, complexas e mais aprofundadas” (PEZZULLO; COX, 2018, p. 92, tradução nossa)2. A redução da veiculação jornalística resulta na produção de peças simplificadas e dramatizadas para aumentar as chances de publicação (FRIEDMAN, 2004). Além disso, a quantidade decrescente de financiamento para investigação, as demissões em massa na indústria da mídia e a pressão constante dos prazos interferem na qualidade das notícias, reduzindo o número de matérias aprofundadas (BOYKOFF, 2011).

Devido à relação de complexidade entre indivíduos, natureza e sociedade, espera-se que os jornalistas que trabalham na área ambiental ofereçam uma cobertura mais ampla e interconectada para ajudar o público a entender as questões ambientais atuais (GIRARDI; MASSIERER; SCHWAAB, 2006). Enquanto Girardi, Massierer e Schwaab (2006) sugerem uma cobertura mais ampla, outros pesquisadores (JOHN, 2001; GIRARDI et al., 2012; BOYKOFF, 2011) reforçam o argumento que, apesar das qualificações, crenças e boas intenções dos profissionais, nem sempre é possível obter reportagens significativas, pois a cobertura ambiental ainda é influenciada por questões econômicas que conduzem e limitam a maneira como as notícias são produzidas e disponibilizadas ao grande público.

Uma investigação, realizada na década de 1990, sobre o desenvolvimento da cobertura ambiental nos Estados Unidos (EUA), por exemplo, já indicava dois resultados muito diferentes, dependendo dos interesses financeiros envolvidos (NEUZIL; KOVARIK, 1996). Primeiro, quando as reportagens ambientais chegaram à grande mídia (TVs, rádios e jornais pertencentes a conglomerados midiáticos), o impacto da cobertura, juntamente com o apoio do movimento ambiental, empresas e grupos políticos, foi responsável por uma mudança em relação ao surgimento do sistema nacional de parques naquele país. O impacto político da publicidade na mídia levou os EUA, durante a presidência de Franklin Delano Roosevelt (1933-1945), a voltar sua atenção para gestão do território (NEUZIL; KOVARIK, 1996). A defesa da mídia sobre a gestão do território acabou levando à formação do sistema nacional de parques. O poder da coalisão de ambientalistas, a atuação da mídia e os altos membros de estabelecimentos comerciais e políticos contribuíram para se alcançar os objetivos dos ambientalistas.

Um exemplo na direção oposta, no entanto, ocorreu quando interesses dos grupos políticos e econômicos divergiram do movimento verde. A chamada grande mídia, geralmente controlada por esses grupos, ofereceu diversas abordagens sobre o tema, forçando ambientalistas a procurar possibilidades alternativas de divulgação para defender suas causas. Nesse caso e em situações semelhantes, os ambientalistas não tiveram sucesso. “A mídia, ao relatar conflitos, depende mais das relações entre grupos poderosos do que de indivíduos ou organizações” (NEUZIL; KOVARIK, 1996, p. 126, tradução nossa)3. Foi o caso da barragem Hetch Hetchy, construída entre 1914 e 1934, que inundou o vale homônimo na Califórnia. Os meios de comunicação de massa cobriram o evento sob múltiplas perspectivas e interesses. Quase toda a mídia local apoiou as vantagens dos negócios e do controle local, enquanto defensores dos ambientalistas e defensores da barragem dividiram a cobertura da mídia nacional (NEUZIL; KOVARIK, 1996).

A ideologia4 e a inclinação política também desempenham um papel significativo na cobertura da mídia ambiental internacionalmente. Uma investigação mais recente (DOTSON et al., 2012) sobre jornalismo no Sul Global5 indicou que os alinhamentos políticos influenciam o conteúdo das notícias e o foco das reportagens ambientais, e podem resultar em discrepâncias. A pesquisa analisou a cobertura das mudanças climáticas em dois jornais chilenos: o liberal La Nación e o conservador El Mercúrio. As descobertas foram que o jornal conservador El Mercúrio estava “enquadrando fortemente as mudanças climáticas em um modo focado em eventos episódicos de curto prazo, 71% das vezes” (DOTSON et al, 2012, p. 76, tradução nossa)6. Enquanto isso, o liberal La Nación expôs melhor o tópico, equilibrando a cobertura entre quadros episódicos e temáticos, com mais artigos, mais longos e com ilustrações atraentes (DOTSON et al, 2012). As pesquisas acima ressaltam, portanto, a importância de fatores econômicos e políticos como grandes desafios constantemente enfrentados para produção da cobertura sobre meio ambiente.

Padrões estilísticos da cobertura ambiental

Além dos desafios que surgem das restrições financeiras e políticas enfrentadas pela mídia, melhorar a linguagem da comunicação ambiental também tem sido um desafio para a área, pois o vocabulário padrão é criticado por ser desapegado e indiferente (DRUSCHKE; McGREAVY, 2016). As duas características possivelmente se originam dos requisitos de uma pretendida imparcialidade, que ainda é considerada um pré-requisito jornalístico. Ao buscar se aproximar dessa imparcialidade, o repórter pode acabar elaborando textos que carecem de destaque e impacto.

Além disso, em relação à qualidade do texto, os repórteres ambientais enfrentam um desafio extra por terem que lidar com fontes acadêmicas que frequentemente fazem uso de uma linguagem científica, mais formal e técnica. De acordo com Goldstein (1986, p. 25), a linguagem acadêmica tenta obter precisão ao compartilhar informações, quase opondo-se ao ângulo de notícia necessário à mídia. Enquanto o pesquisador mede cuidadosamente cada palavra escolhida, o repórter procura uma “isca” atraente que pode ser transformada em notícia. Essas prioridades adversas não apenas aumentam as chances de erros de tradução e imprecisão, mas também atuam como uma possível barreira para promover o conhecimento e o envolvimento do público. No entanto, a colaboração e a interação entre os grupos tendem a melhorar quando os jornalistas se tornam mais familiarizados com a ciência. Por um lado, os cientistas tendem a confiar mais em repórteres especializados; por outro, jornalistas informados são menos suscetíveis à manipulação ou ao engano. Quanto melhor o diálogo entre jornalistas e fontes, maiores as chances de se ter melhores coberturas jornalísticas (GOLDSTEIN, 1986).

O jornalismo ambiental mais consolidado pode ter um impacto maior nos países com baixa formulação de políticas ambientais. É o caso do Peru, onde o institucionalismo ambiental e a cobertura da imprensa ambiental estão em estágios iniciais de desenvolvimento (TAKAHASHI; MEISNER, 2012). O exemplo clássico é a criação do Ministério do Meio Ambiente peruano em 2008, criado para atender aos requisitos do acordo de livre comércio com os EUA. Investigações sobre a cobertura ambiental peruana são raras, mas um estudo recente (WILLER; TAKAHASHI, 2018), que analisou o relato de questões de mineração e meio ambiente, observou que os jornalistas peruanos encontram mais dificuldades para relatar questões ambientais. A pesquisa mostrou que “a grande mídia peruana raramente está disposta ou é capaz de financiar esse tipo de reportagem” (WILLER; TAKAHASHI, 2018, p. 148, tradução nossa)7. Os jornalistas ambientais peruanos também carecem de fontes confiáveis e precisam combater uma abordagem simplista e popular, pautada na dicotomia entre interesses financeiros e conservação ambiental (WILLER; TAKAHASHI, 2018).

Esses desafios enfrentados pelos jornalistas peruanos, no entanto, são semelhantes aos problemas encontrados em boa parte da imprensa mundial. As semelhanças dos meios de comunicação nas sociedades democráticas permitiram a Christians et al. (2009) estabelecerem quatro categorias de papéis na mídia: monitoramento, facilitador, colaborador e radical. O jornalismo monitorado observa a mídia. O jornalismo facilitador visa melhorar a compreensão do assunto. O jornalismo colaborativo pretende melhorar a colaboração entre a mídia e a sociedade. Já o jornalismo radical é aquele que incentiva mudanças sociais para combater desigualdades e injustiças por meio da participação pública para transformar o status quo, a fim de alcançar os direitos humanos universais (CHRISTIANS et al., 2009). Hackett et al. (2017) percebem essas categorias como uma necessidade para o desenvolvimento de uma cobertura ambiental envolvente. Embora vigiar de perto os eventos, facilitar a compreensão do público e abrir espaços para colaborar, certamente sejam formas importantes de compreender a cobertura da mídia contemporânea, é a noção de jornalismo radical que ganha mais atenção quando o objetivo é melhorar as reportagens ambientais.

Hansen (1993), por sua vez, defende que a mídia pode contribuir para a conscientização do público em relação ao meio ambiente, no entanto, essa conscientização real deve ter uma base física, pois a mídia fornece uma versão da realidade e não a própria realidade. Portanto, existe o risco de cair nas armadilhas da indústria da mídia que não “desafiam o paradigma dominante” (HANSEN, 1993, p. 196, tradução nossa)8, como promover o consumo de produtos ecológicos, quando o problema é o próprio consumismo.

O perfil do jornalista ambiental

Tentando estabelecer um perfil de jornalistas ambientais, algumas pesquisas (HANSEN, 1994; FRIEDMAN, 2004; SACHSMAN; SIMON; VALENTI, 2006) mostram uma tendência dos repórteres ambientais a permanecerem mais tempo em seu campo de conhecimento do que outros escritores especializados em campos correlatos, como ciência, tecnologia, saúde e medicina. Jornalistas ambientais também são mais propensos a ter um diploma em ciências ou qualquer outro diploma (SACHSMAN; SIMON; VALENTI, 2010; BRÜGGEMANN; ENGESSER, 2014). Embora a formação acadêmica científica se refira ao conhecimento aprofundado, os profissionais não veem isso como uma vantagem, pois se reconhecem primeiro como jornalistas e depois como especialistas ambientais (EINSIEDEL; COUGHLAN, 1993; HANSEN, 1994; HARGREAVES; FERGUSON, 2000; SACHSMAN; VALENTI, 2015). Ao analisar o jornalismo ambiental no Canadá, por exemplo, Einsiedel e Coughlan (1993) já haviam observado que esses profissionais têm mais probabilidade de escrever peças mais longas, mais aprofundadas, contextualizadas e analíticas, e trabalham de forma mais independente, a partir de suas fontes, para gerar histórias ou desafiar crenças. Dunwoody (1980) sugere que os repórteres ambientais também tendem a ter contato com correspondentes ambientais de outras empresas de mídia, denominando-os de clube interno e a relação concorrente-colega.

A especialidade também se difere de outras, devido a uma maior liberdade que os jornalistas têm para escolher e relatar assuntos (HANSEN, 1994; SACHSMAN; SIMON; VALENTI, 2006), mesmo no cenário atual de mudanças devido às pressões econômicas e tecnológicas, que acabam impactando a confiança nos meios de comunicação tradicionais (BRAINARD, 2015; WILLIAMS, 2015). Jornalistas ambientais também têm uma tendência a desenvolver um relacionamento mais próximo com suas fontes, como forma de superar as ambiguidades e controvérsias do campo ambiental (DUNWOODY, 2015). Essas características, no entanto, vêm sendo gradativamente modificadas no atual ambiente jornalístico em mudança, que inclui as práticas digitais. Os autores como Friedman (2015) e Pezzullo e Cox (2018) ressaltam que o modelo de negócios de mídia sofreu fortes impactos nos EUA, Europa e Canadá. Friedman (2015), por sua vez, observa que os jornalistas científicos, que geralmente cobrem questões ambientais, e trabalham na América Latina, Ásia e África não enfrentaram nenhuma crise jornalística expressiva. No caso brasileiro, entretanto, tem se assistido, nos últimos anos, a demissão de jornalistas de qualquer área, o encolhimento de edições e até o fechamento completo de empresas. (FIGARO, 2014; FIGARO; LIMA; GROHMANN, 2013; SOUZA, 2018; VIANA, 2013).

Comunicação ambiental como área de pesquisa

Em uma perspectiva mais ampla e detalhada, Pezzullo (2017) identificou sete campos de pesquisa envolvendo estudos de comunicação ambiental, não apenas jornalismo, portanto, sob uma perspectiva mais ampla, que vai do comportamento interpessoal à administração de empresas, incluindo contribuições sociais, econômicas e políticas. O primeiro contém investigações focadas na identidade pessoal e sua relação com a questão ambiental, e nas relações interpessoais, que consistem em analisar interações e comportamentos pessoais em relação ao meio ambiente, além das distinções e diálogos interculturais. O segundo corresponde a pesquisas relacionadas a estudos de Comunicação Organizacional ambiental e investigam como instituições e redes lidam com questões ambientais. O terceiro refere-se a estudos sobre ciência ambiental, tecnologia e comunicação em saúde, como campanhas de saúde pública. O quarto abrange investigações que analisam a participação do público na tomada de decisões ambientais, especialmente exemplos democráticos de solução de crises.

A quinta categoria de Pezzullo se refere a estudos da mídia sobre meio ambiente, incluindo a “análise do discurso da cobertura de notícias principais sobre tópicos ambientais, estudos da construção social e/ou enquadramento do meio ambiente na mídia marcas e efeitos ambientais, incluindo enquadramento, análise de cultivo midiático e análise de narrativa” (PEZZULLO, 2017, p. 15, tradução nossa)9. O sexto inclui pesquisas sobre mídia e artes aplicadas verdes, que se concentram na produção e abrangem as práticas e exposições de artes relacionadas a especialistas em mídia. O sétimo e último circunscreve investigações sobre a retórica ambiental e os estudos culturais que “unem a ficção e a não-ficção; expressão individual e coletiva; interações verbais e não verbais; comunicação face a face ou face a tela; preocupações com significado, materialidade e afeto; e mais” (PEZZULLO, 2017, p. 16, tradução nossa)10.

Em uma investigação mais recente sobre o estado das pesquisas em comunicação ambiental, Bonfadelli (2010) argumenta que o campo permanece periférico em comparação com outras pesquisas de mídia, com contribuições fragmentadas da ciência da Comunicação e fronteiras pouco claras com outros campos, como comunicação de risco, comunicação de desastres e comunicação científica. Baseado na ciência da “comunicação de massa”, o autor identifica três áreas centrais de investigação. A primeira diz respeito à mídia e aos jornalistas, que tenta identificar os impactos dos recursos da mídia, atividades de relações públicas e papéis e rotinas jornalísticas na cobertura ambiental, e a sua percepção como um problema social urgente. A segunda baseia-se nos estudos de mídia e cobertura, e procura delimitar a importância da cobertura ambiental e seu desenvolvimento quantitativo e qualitativo em todo o mundo, bem como sua influência na percepção do meio ambiente e no campo da ecologia. A terceira examina os efeitos da mídia sobre o público com a intenção de entender a reação do público com o aumento da cobertura da mídia ambiental.

Einsiedel e Coughlan (1993) já afirmavam, ao tratar do jornalismo ambiental, que, com o tempo, as reportagens ambientais incorporaram uma quantidade crescente de questões e foram veiculadas a partir de múltiplas perspectivas. Além disso, a percepção do meio ambiente como um problema social, gradualmente ganhou urgência, e sua aceitação se traduziu no aumento da cobertura da mídia. Uma consequência dessa cobertura crescente em todo o mundo foi que ela se tornou um importante campo de interesse dos pesquisadores. A maioria dos estudos sobre jornalismo ambiental partiu do Norte Global11 e concentra-se nas mudanças climáticas e no aquecimento global. Esse cenário vem mudando gradualmente com o surgimento da análise da cobertura da mídia também no Sul Global (TAKAHASHI et al., 2018; DOTSON et al., 2012; GIRARDI et al., 2012; GUERRERO; CHAVEZ, 2009; MATOS, 2012; MELLADO et al., 2012; MERCADO, 2013; PINTO; PRADO, TIRADO-ALCARAZ, 2017; ZAMITH; PINTO; VILLAR, 2013).

Enquadramentos midiáticos e as narrativas das catástrofes

A maioria das áreas de investigação em jornalismo ambiental tem uma crítica comum: a cobertura da mídia se concentra em crises e catástrofes, oferecendo assim ao público uma perspectiva do campo orientada por eventos. A mensagem geralmente divulgada pelos meios de comunicação social visa episódios isolados, e não uma análise dos fenômenos inter-relacionados que concorrem para gerar questões ambientais. Hansen (1993) afirmava que a imprensa trabalha para registrar crises, mas raramente contribui para qualquer solução ou para a evolução da sociedade de risco. Segundo Beck (1992), na atual sociedade industrial, os riscos se tornaram parte da vida das pessoas à medida que se tornaram globais, sem fronteiras e onipresentes. Beck (1992) e Matten (1998) endossam riscos ambientais como consequências do estilo de vida, portanto, como fenômenos complexos e que não têm solução de curto prazo. É também “uma maneira sistemática de lidar com perigos e inseguranças induzidos e introduzidos pela própria modernização” (BECK, 1992, p. 21, tradução nossa)12. Para Giddens (1998, p. 209, tradução nossa), “uma sociedade cada vez mais preocupada com o futuro (e também com a segurança), que produz a noção de risco”13.

Hansen (2019), por sua vez, em um estudo recente, buscou entender por que algumas questões ambientais são identificadas como problemas e recebem atenção pública e política, enquanto outras questões semelhantes nunca alcançam reconhecimento e, consequentemente, não ganham atenção política nem investimento. A análise de Hansen (2019) se concentra na perspectiva construcionista. Em essência, a teoria construcionista define que os problemas sociais são intencionalmente criados, definidos e disputados em áreas públicas, como a mídia. Os problemas sociais são, portanto, um produto discursivo planejado. Elaborando a relação entre notícias ambientais e o processo construtivista, Hansen (2019, p. 65, tradução nossa) observa ainda que “as notícias sobre meio ambiente, desastres ambientais e questões ou problemas ambientais não acontecem por si só, mas são ‘produzidas’, ‘fabricadas’ ou ‘ construídas’”14.

As notícias ambientais, portanto, como qualquer outro tipo de notícia, fazem parte de um processo que envolve seleção, produção, publicação e recepção. Esses problemas também sofrem influências externas que podem determinar a viabilidade ou não de um tema virar notícia. Tudo isso leva ao processo de enquadramento da mídia, que se refere à seleção e destaque de questões escolhidas (HANSEN, 2019). Como Pezzullo e Cox (2018, p. 100, tradução nossa) observam, “no jornalismo, um quadro de mídia é o tema central da organização que conecta os diferentes elementos de uma notícia (manchetes, citações etc.) em um todo coerente”15. Ao pensar sobre o enquadramento da mídia, fica evidente a importância de estratégias e agendas de comunicação dos formuladores de reivindicações sociais, como grupos de pressão ambiental, governos e indústrias. Eles têm demonstrado seu poder promovendo questões ou silenciando o interesse da mídia em assuntos específicos16.

Por meio de seus diversos processos de enquadramento, portanto, a mídia produz conhecimento ambiental; e, consequentemente, endossa certos discursos em detrimento de outros (BONFADELLI, 2010; ALLAN; ADAM; CARTER, 1999). Ao promover notícias ambientais por meio de eventos específicos, a complexidade muitas vezes é perdida. Ao fornecer uma mediação com abordagens fragmentadas, os jornalistas não contribuem para melhorar a compreensão do público sobre o significado da interconexão ecossistêmica, especialmente demonstrando como diversos cenários se comportam e são associados por meio de relações codependentes e simbióticas. A fragmentação apresentada pela mídia carece, em geral, de uma cobertura integrada, reforçando uma percepção colapsada do meio ambiente, resultando no enfraquecimento de uma mobilização social em direção a políticas sustentáveis (CAMPOS, 2006). Tais preocupações se mostram legítimas, na medida que a cobertura jornalística ambiental precisa de perspectivas mais amplas sobre questões específicas para facilitar a compreensão dos fenômenos envolvidos.

Outra característica da cobertura da mídia ambiental é que ela é cíclica. Iniciou-se em meados da década de 1960, atingindo um pico no início da década de 1970, seguido de um declínio da década de 1970 para o início da década de 1980, aumentando novamente na segunda metade da década de 1980, chegando ao topo no início de 1990 (um exemplo foi a realização da Eco 92, no Rio de Janeiro17), diminuindo no final da década de 1990 e ressurgindo na década de 2000, com um foco específico nas mudanças climáticas (HANSEN, 2019). Essa cobertura está ligada à noção de questões ambientais ou de meio ambiente como um problema social que surgiu na agenda pública na década de 1960 e se consolidou nas décadas seguintes (BUELL, 2005). A década de 1960 foi, portanto, uma década prolífica para o movimento ambiental. O ano de 1962, por exemplo, marcou a publicação de Silent Spring, considerado um dos principais livros do ambientalismo. Escrito pela bióloga, Rachel Carson, a obra, que trata sobre os efeitos do uso indiscriminado de pesticidas, atraiu uma atenção pública significativa à causa ambiental.

Outra publicação internacionalmente famosa que identificou questões ambientais na década de 1960 foi “A Bomba Populacional” (EHRLICH, 1968), que estudou os efeitos do crescimento populacional no meio ambiente. O autor previu que a população mundial enfrentaria fome nas décadas de 1970 e 1980 devido à superpopulação. De fato, durante essas décadas, a fome atingiu a população da Etiópia, Bangladesh, Camboja, Uganda, Moçambique e Sudão. No entanto, esses países não enfrentaram fome por causa da superpopulação propriamente dita. Secas, inundações, guerras civis e instabilidades econômicas e políticas foram algumas das causas da fome nesses locais. Embora as previsões de Ehrlich (1968) fossem imprecisas, o autor conseguiu atrair a atenção do público para o vínculo sensível entre a população mundial e o meio ambiente. Esse delicado relacionamento continua sendo um tópico que mobiliza ambientalistas em todo o mundo, fazendo parte da cobertura da mídia cíclica ambiental.

Hansen (2019, p. 25) afirma que o resultado de temas cíclicos e a falta de ajuste entre a cobertura da mídia e as demandas globais é duplo. Primeiro, o interesse contínuo por uma questão ambiental pode não ser suficiente para garantir espaço na agenda da mídia, pois podem ocorrer eventos inesperados ou mais interessantes. Segundo a quantidade de cobertura não se relaciona com a importância do problema e seu desaparecimento da mídia não é resultado de sua solução. Assim, tópicos com resultados importantes podem receber menos cobertura, pois podem não parecer atraentes para a mídia noticiosa e nem serem facilmente gerenciáveis.

Além das descobertas de Hansen (2019), um estudo realizado por Schmidt, Ivanova e Schaefer (2013) sobre a cobertura jornalística das mudanças climáticas em 27 países, entre 1996 e 2010, mostrou uma cobertura cíclica com altos e baixos. Para Hansen (2015, p. 211, tradução nossa), a “atenção da mídia às mudanças do clima aumentou significativamente em uma tendência ascendente e geral em todos os países”18. Estudos complementares sobre o tema apontam que, como outras questões globais, esta sofre processos de filtragem que influenciam a atenção que essas preocupações recebem e o modo como suas estruturas operam (ENTMAN, 1993; GANDY, 1982; SCHEUFELE, 1999).

Pioneiro nas investigações sobre cobertura cíclica, Downs (1972) estudou o ciclo de atenção a questões domésticas como pobreza, racismo, transporte público, educação e desemprego nos EUA, e observou que o público apenas tem interesse temporário em assuntos relacionados a questões sociais. Curiosamente, ele previu que questões ambientais tenderiam a sustentar a atenção da mídia por períodos mais longos do que outros tópicos sociais. O autor identificou cinco razões possíveis para esse comportamento: 1) as questões ambientais têm melhor visibilidade e causam mais ameaças do que outros problemas sociais; 2) a maioria deles pode ser resolvida através da tecnologia; 3) o ambientalismo abrange várias áreas e supera as restrições políticas; 4) a indústria pode ser responsabilizada por problemas ambientais; e 5) as empresas podem lucrar com produtos e serviços ambientais.

Algumas das explicações de Downs (1972) para a atração da mídia por questões ambientais tornaram-se obsoletas à medida que os estudos sobre comunicação ambiental se desenvolviam e novos dados sobre questões ambientais surgiam. Consequentemente, precisamos abordar os argumentos do autor com cautela. Por exemplo, a intervenção tecnológica provou ser insuficiente na prevenção da degradação ambiental, pois precisa de uma abordagem mais ampla que inclua a mudança de comportamento e o envolvimento da sociedade. Além disso, várias questões ambientais são uma consequência de inabilidades políticas e as indústrias não têm a única responsabilidade pela destruição ambiental. Um bom exemplo é o vínculo entre as taxas de desmatamento e os interesses governamentais, pois a destruição ambiental tende a aumentar sob a economia liberal19. Apesar de usar argumentos que eventualmente se tornaram inconsistentes, Downs (1972) mostrou que sua projeção ainda tem validade, pois o interesse pelo meio ambiente não diminuiu com o tempo.

Uma análise (AYKUT; COMBY; GUILLEMONT, 2013) da cobertura da mídia sobre mudanças climáticas na França, por exemplo, corroborou as percepções de Downs (1972) sobre a cobertura ambiental, uma vez que contestava preocupações sobre o ciclo de atenção, mostrando que a cobertura aumentou de forma constante de 1990 a 2010 e alcançou níveis excepcionais na década de 2010.

Considerações finais

Este artigo apresentou as principais discussões, características e desafios vivenciados pelo jornalismo ambiental nas últimas décadas, a partir da ótica de autores e experiências de outros países. O objetivo da compilação foi trazer para o debate, elementos que nos permitam refletir sobre o contexto internacional, observando algumas de suas convergências e divergências.

A estreita relação entre o campo do jornalismo ambiental e os campos político e econômico ressaltaram algumas dificuldades que tem levado a um decréscimo no número de profissionais que cobrem questões ambientais, a espaços e tempo mais curtos para apresentar um conteúdo cuja natureza é complexa, e a um menor investimento em educação e produção de notícias sobre o tema. As restrições econômicas no setor de mídia funcionam como um padrão global que também afeta o conteúdo jornalístico ambiental. Embora o jornalismo ambiental ainda busque um reconhecimento e um lugar específicos dentro do próprio campo jornalístico, os autores mencionados apontam para um papel social atribuído a ele, voltado para promoção de uma sensibilização pública sobre as questões ambientais e para o incentivo ao engajamento relacionado à defesa do meio ambiente. O engajamento público, como vimos, é uma característica do “jornalismo radical” (CHRISTIANS et al., 2009), que se difere dos procedimentos da produção jornalística mais tradicional, pautada pela objetividade e pela busca de equilíbrio entre as fontes, características ainda predominantes no atual jornalismo ambiental apresentado nesse artigo.

Apesar de sua considerável importância, a pesquisa em comunicação ambiental, por sua vez, permanece marginal, com contribuições desarticuladas da ciência da comunicação e limites incertos com outras áreas, como comunicação de risco e comunicação de desastres (BONFADELLI, 2010).

Neste artigo, os exemplos concentraram-se em três tópicos principais: impactos causados pelos recursos financeiros das empresas midiáticas, atividades de relações públicas, e papéis e rotinas jornalísticas na cobertura ambiental. Outros subtemas também se mostraram relevantes, como a percepção do meio ambiente como um problema social urgente, os estudos sobre a cobertura midiática sobre o tema, assim como seus avanços em termos quantitativos e qualitativos. Além disso, vem ganhando destaque os efeitos da mídia sobre o público. No entanto, a principal área de investigação da pesquisa ambiental, conforme vimos acima, tem sido a cobertura jornalística de questões e controvérsias ambientais.

Referências

ALLAN, S.; ADAM, B.; CARTER, C. (ed.). Environmental risks and the media. London: Routledge, 1999.

AYKUT, S. C.; COMBY, J.; GUILLEMOT, H. Climate change controversies in French mass media 1990-2010. In: BØDKER, H.; NEVERLA, I. (ed.). Environmental Journalism. London: Routledge, p. 76-92, 2013.

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Notas

1 Um campo é um sistema específico de relações objetivas que podem ser de aliança e/ou de conflito, de concorrência e/ou de cooperação, entre posições diferenciadas, socialmente definidas e instituídas, independentes da existência física dos agentes que as ocupam” (BOURDIEU, 1998, p. 133). Costa (2006) destaca que a base institucional do campo ambiental formou-se nas últimas décadas, havendo condições para a profissionalização de agentes, produtores e reprodutores do valor da natureza.
2Growing need to tell longer, complicated, more in-depth stories” (PEZZULLO; COX, 2018, p. 92).
3Media, when reporting on conflict, are dependent on the relationships between powerful groups more than individuals or organizations” (NEUZIL; KOVARIK, 1996, p. 126).
4 Chauí (1984) observa que a ideologia se organiza como um sistema lógico e coerente de representações (ideias e valores) e de normas ou regras (de conduta).
5 “O Sul global é uma metáfora da exploração e exclusão social, agregando lutas por projetos alternativos de transformação social e política. A expressão Sul global tem vindo a ser crescentemente usada para fazer referência às regiões periféricas e semiperiféricas dos países do sistema-mundo moderno, anteriormente denominados Terceiro Mundo” (MENESES, 2020). Disponível em: <https://www.ces.uc.pt/observatorios/crisalt/index.php?id=6522&id_lingua=1&pag=7851>. Acesso em: 31 ago. 2020.
6Heavily framing climate change in a shorter-term, episodic event-focused mode 71% of the time” (DOTSON et al, 2012, p. 76).
7The Peruvian mainstream media are rarely willing or able to finance this type of reporting” (WILLER; TAKAHASHI, 2018, p. 148).
8 “Challenge the dominant paradigm” (HANSEN, 1993, p. 196). Tradução livre dos autores.
9 “Discourse analysis of mainstream news coverage of environmental topics, studies of the social construction and/or framing of the environment in the media, visual green brands, and environmental effects, including framing, cultivation analysis and narrative analysis” (PEZZULLO, 2017, p. 15).
10Bridge fiction and nonfiction; individual and collective expression; verbal and nonverbal interactions; communication face-to-face or face-to-screen; concerns for meaning, materiality, and affect; and more” (PEZZULLO, 2017, p. 16).
11 “O Norte Global representa as sociedades economicamente desenvolvidas da Europa, América do Norte, Austrália, Israel e África do Sul entre outras” (ODEH, 2010, p. 338, tradução nossa). Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/265425871_A_comparative_analysis_of_global_north_and_global_south_economies>. Acesso em: 31 ago. 2020.
12A systematic way of dealing with hazards and insecurities induced and introduced by modernisation itself “ (BECK, 1992, p. 21).
13A society increasingly preoccupied with the future (and also with safety), which generates the notion of risk” (GIDDENS, 1998, p. 209).
14News about the environment, environmental disasters and environmental issues or problems does not happen by itself but is rather ‘produced’, ‘manufactured’ or ‘constructed” (HANSEN, 2019, p. 65).
15In journalism, a media frame is the central organizing theme that connects the different elements of a news story (headlines, quotes, etc.) into a coherent whole” (PEZZULLO; COX, 2018, p. 100).
16 Um exemplo é o poder do agronegócio brasileiro associado à mídia por meio da campanha institucional da Rede Globo: “Agro: a indústria riqueza do Brasil”, veiculada há mais de quatro anos em horário nobre, por meio de vídeos de 50 segundos cada (COSTA; MUNIZ, 2019).
17 “Na reunião – que ficou conhecida como Rio-92, Eco-92 ou Cúpula da Terra –, que aconteceu 20 anos depois da primeira conferência do tipo em Estocolmo, Suécia, os países reconheceram o conceito de desenvolvimento sustentável e começaram a moldar ações com o objetivo de proteger o meio ambiente” (RIO-92 LANÇOU AS BASES PARA NOVA RELAÇÃO COM O PLANETA, 2012). Disponível em: <https://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/rio20/a-rio20/conferencia-rio-92-sobre-o-meio-ambiente-do-planeta-desenvolvimento-sustentavel-dos-paises.aspx>. Acesso em: 31 ago. 2020.
18Media attention to climate change has increased significantly in an overall upward trend across all countries” (HANSEN, 2015, p.211).
19 Doutrina econômica desenvolvida a partir da década de 1970 que defende a liberdade de mercado e o mínimo de intervenção estatal sobre a economia.

Autor notes

Juliana Sampaio Pedroso de Holanda Associate Tutor e Early Career Fellow da Universidade de Warwick, Reino Unido. Doutoranda em Mídia e Comunicação pela Universidade de Warwick, em cotutela com o Programa de Pós-Graduação em Estudos da Mídia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGEM-UFRN), Brasil. Integrante do Global Green Media Network e do Grupo de Pesquisa Preserv-Ação: Comunicação, Ciência e Meio Ambiente. E-mail: julianaholanda@gmail.com.
Pie tari Kääpä Professor de Mídia e Comunicações na Universidade de Warwick. Estuda mídia ambiental com foco em estudos de gestão e indústria da mídia. Sua monografia Environmental Management of the Media: Industry, Policy, Practice (Routledge 2018) explora a pegada ecológica da produção midiática e as políticas e estratégias desenvolvidas no setor midiático para reduzir esses impactos. Além disso, é autor de vários livros sobre ecocinema, incluindo Transnational Ecocinemas: Film Culture in the Age of Environmental Depravation (com Tommy Gustafsson, Intellect, 2013). É coordenador (com Hunter Vaughan, Universidade de Cambridge) da AHRC Global Green Media Network (www.globalgreenmedianetwork.com). E-mail: p.kaapa@warwick.ac.uk.
Milene Migliano Professora em Cinema e Audiovisual da UFRB. Doutora em Processos Urbanos Contemporâneos (UFBA), com estágio pós-doutoral em Comunicação e Práticas de Consumo pela ESPM-SP. É membro do grupo de pesquisa Juvenália: questões estéticas, geracionais, raciais e de gênero em comunicação e consumo, do grupo de estudos em Experiência Estética: Comunicação e Arte, e do GT Infancias y Juventudes do CLACSO. Investiga práticas contra hegemônicas ativistas, transfeministas, marginais, a partir da perspectiva interseccional em contextos urbanos. Autora de “Entre a praça e a internet: outros imaginários políticos possíveis na Praia da Estação”, pela Editora UFRB. E-mail: luciana.miranda@ufrn.br.
Contribuição dos autores Professora titular do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Mídia (PPGEM-UFRN) e do Programa de Pós-Graduação Comunicação, Cultura e Amazônia da Universidade Federal do Pará (PPGCOM-UFPA). Coordena o Grupo de Pesquisa Preserv-Ação: Comunicação, Ciência e Meio Ambiente da UFPA/UFRN.
Editora responsável: Maria Ataide Malcher

Assistente editorial: Weverton Raiol

Declaração de interesses

Conflito de interesse Os autores declaram que não há confl ito de interesse.


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