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Bolsonaro riu disso e eu também: o sarcasmo como retórica de vínculo em conversações on-line sobre os cortes na educação

Bolsonaro se rió y yo también: el sarcasmo como retórica vinculante en conversaciones on-line sobre recortes en educación

Resumo

À luz da teoria deliberativa e partindo dos conceitos de retórica de vínculo e retórica de conciliação (Dryzek, 2010), este artigo tem como proposta investigar de que maneiras o sarcasmo foi instrumentalizado em conversações on-line no Facebook e YouTube sobre cortes orçamentários da educação promovidos em 2019 pelo Ministério da Educação (MEC). Neles, o sarcasmo foi o recurso argumentativo mais empregado, frequentemente associado ao insulto, contribuindo com o acirramento de uma discussão polarizada. Os comentários sarcásticos apresentam baixos índices de justificação, são majoritariamente declaratórios e, em maior grau, possuem um alvo genérico ou específico, gerando um efeito de oposição e conflito, e criando vínculo com indivíduos que compreendem o sentido da mensagem e concordam com o interlocutor.

Palavras-chave
Conversações on-line; Deliberação; Retórica; Sarcasmo; Redes sociais digitais

Resumen

Basado en la teoría deliberativa y partiendo de los conceptos de retórica de vínculo y retórica de conciliación (Dryzek, 2010), este artículo tiene como objetivo investigar de qué forma el sarcasmo ha sido instrumento de conversaciones en línea en el Facebook y YouTube sobre cortes en el presupuestos de la Educación promovidas en 2019 por el Ministerio de la Educación (MEC). En ellos, el sarcasmo fue el recurso argumentativo más utilizado con frecuencia relacionado al insulto, contribuyendo para una fuerte discusión. Las opiniones sarcásticas presentan bajos índices de justificación, son en la gran mayoría simples declaraciones y, muchas veces tienen un objetivo genérico o específico, generando un efecto de oposición y conflicto, y creando vínculo con individuos que comprenden el sentido del mensaje que concuerdan con el interlocutor.

Palabras clave
Conversaciones en línea; Deliberación; Retórica; Sarcasmo; Redes sociales digitales

Abstract

In light of deliberative theory and based on the concepts of bonding rhetoric and bridging rhetoric (Dryzek, 2010), this article aims to investigate how sarcasm was employed in online conversations on Facebook and YouTube regarding budgetary cutbacks in education made in 2019 by the Ministry of Education (MEC). Sarcasm was the most used argumentative device and was often associated with insults, contributing to a polarized discussion. Sarcastic comments also had low rates of justification, were predominantly declaratory, and largely had a generic or specific target, generating reaction and conflict while strengthening a bond with those who understood the sarcastic meaning behind the message and agreed with the subject who employed it.

Keywords
Online conversation; Deliberation; Rhetoric; Sarcasm; Social Media

Introdução

Dryzek (2010)DRYZEK, J. S. Rhetoric in democracy: A systemic appreciation. Political Theory, v. 38, n. 3, p. 319-339, 2010. defende que a retórica é uma ferramenta importante para garantir a representatividade de diversos grupos em um contexto no qual a democracia deliberativa não é restrita a um único fórum, mas sim ampliada a diferentes arenas, formais e informais, incluindo conversações on-line. Nesse sentido, a retórica teria o potencial de “viabilizar a comunicação efetiva entre atores em posições distintas, podendo estabelecer e manter sistemas deliberativos” (DRYZEK, 2010DRYZEK, J. S. Rhetoric in democracy: A systemic appreciation. Political Theory, v. 38, n. 3, p. 319-339, 2010., p. 320, tradução nossa).

O autor também aponta para dois tipos distintos de retórica: a retórica de conciliação (bridging) e a retórica de vínculo (bonding). A primeira tem como intuito conciliar grupos distintos, encontrando pontos compartilhados que possam ser utilizados como elementos de consenso entre as partes; a segunda seria voltada ao fortalecimento de ligações já consagradas entre pessoas de um mesmo grupo. Apesar de a retórica de vínculo poder ser utilizada para fortalecer grupos minoritários para gerar um “nível de solidariedade que permitirá que um grupo oprimido entre de maneira mais confiante na esfera pública mais ampla” (DRYZEK, 2010DRYZEK, J. S. Rhetoric in democracy: A systemic appreciation. Political Theory, v. 38, n. 3, p. 319-339, 2010., p. 331, tradução nossa), ela também tem um caráter negativo, que seria o acirramento de divisões entre grupos, reforçando extremismos. Nesse sentido, a retórica de vínculo pode se expressar por meio do reconhecimento e reafirmação de semelhanças e também pelo acirramento de diferenças em relação a um grupo distinto.

Seguindo a Nova Retórica de Perelman e Olbrechts-Tyteca (2014, p. 189), uma das maneiras de empregar a retórica discursivamente é pelo uso de figuras de linguagem: “formas de expressão que não se enquadram no comum” ou um “recurso de estilo que permite expressar-se simultaneamente de modo livre e codificado” (REBOUL, 2004REBOUL, O. Introdução à retórica. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2004.). Dentre essas figuras, destaca-se para este artigo o papel do sarcasmo, definido como um tipo de ironia que carrega consigo um alto teor de injúria (CHERUBIM, 1989CHERUBIM, S. Dicionário de figuras de linguagem. São Paulo: Editora Pioneira, 1989.).

O sarcasmo carrega consigo a peculiaridade de ter um uso duplo: ao mesmo tempo em que é voltado a ofender, também suscita o riso daqueles que concordam com a injúria1 1 Neste artigo, o termo “injúria” é diferenciado do termo “insulto”; “injúria” representa o teor ofensivo do sarcasmo, enquanto “insulto” é qualquer tipo de ofensa e representa uma variável distinta no livro de códigos da pesquisa em que este artigo está inserido. . Nesse aspecto, e retomando a definição de retórica de vínculo de Dryzek (2010)DRYZEK, J. S. Rhetoric in democracy: A systemic appreciation. Political Theory, v. 38, n. 3, p. 319-339, 2010., o sarcasmo seria uma figura de linguagem com potencial vinculativo duplo, simultaneamente distanciando os alvos por meio da injúria e aproximando os pares por meio do humor implícito na ironia.

A ironia é um elemento-chave do sarcasmo que é resultante da sobreposição entre dois significados, o conotativo e o denotativo: “A ironia é uma estratégia discursiva que não pode ser compreendida separadamente de sua corporificação em contextos, [...] não se trata apenas de quem pode usar a ironia (e onde, quando, como) e sim de quem pode (ou consegue) interpretá-la”. (HUTCHEON, 2000HUTCHEON, L. Teoria e política da ironia. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2000., p.135).

Assim, o sarcasmo serve para fortalecer o vínculo entre pessoas que defendem o mesmo ponto de vista, uma vez que seu teor irônico só acontece quando já há uma visão pré-estabelecida dentro de um grupo, de modo que os membros dele estejam capacitados a captar a ironia com base em suas percepções compartilhadas de mundo.

Tendo isso em mente, busca-se neste artigo explorar como o sarcasmo foi instrumentalizado em conversações on-line acerca dos cortes orçamentários da Educação promovidos em 2019 pelo Ministério da Educação (MEC).

Em 30 de abril de 2019, as universidades públicas brasileiras foram informadas que seu orçamento sofreria um corte de 30% nas verbas de custeio. Houve reação por parte de estudantes, professores e servidores, gerando um acirrado debate público acerca da importância da educação pública. O caso gerou também uma ampla cobertura jornalística, que incluiu declarações de reitores, especialistas e da cúpula do governo, e o acompanhamento dos protestos organizados por estudantes e entidades do setor.

Este debate, em especial aquele que tomou lugar no Facebook e no YouTube, foi objeto de análise da pesquisa da qual este artigo é resultado, realizada pelo Grupo de Pesquisa Comunicação e Participação Política (Compa), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que teve como objetivo geral investigar as características das conversações em redes digitais a respeito de temas polêmicos.

No primeiro tópico do artigo, a metodologia e técnica de coleta e análise empregada são descritas, bem como o corpus e os resultados. Identificou-se que o sarcasmo foi o principal recurso argumentativo empregado pelos usuários, acompanhado, em 25% do tempo, por algum tipo de insulto, seja por usuários contrários, seja por favoráveis aos cortes.

Em seguida, o estudo avança para a análise e discussão destes resultados e dos cruzamentos das frequências simples das variáveis para as frequências cruzadas, visando compreender mais aprofundadamente de que maneiras a instrumentalização deste recurso retórico evidencia ou dialoga com outros aspectos da forma e do conteúdo destas conversações. A partir de Dryzek (2010)DRYZEK, J. S. Rhetoric in democracy: A systemic appreciation. Political Theory, v. 38, n. 3, p. 319-339, 2010., identifica-se que, no corpus analisado, a presença da retórica de vínculo apareceu como um sintoma ou expressão do acirramento e da polarização de opiniões.

Material e métodos

A técnica escolhida para organizar, codificar e investigar os comentários coletados é a Análise de Conteúdo (AC). Esse conjunto regrado de operações permite lidar com grandes quantidades de dados e, a partir de descrições e inferências, chegar aos objetivos de análise propostos por este projeto. Como detalha Krippendorf (2004)KRIPPENDORF, K. Content analysis: an introduction to its methodology, 2. Thousand Oaks: Sage Publications, 2004., o conjunto de procedimentos e ferramentas que engloba a AC possibilita aos pesquisadores o entendimento em relação a um fenômeno particular. Essa análise sistemática e objetiva envolve a inspeção cuidadosa de interações e é capaz de resumir conteúdos de mensagens com rigor científico (NEUENDORF, 2012NEUENDORF, K. A. The content analysis guidebook. California: Sage Publications, 2012.). Dentro da etapa interpretativa, esse tratamento estatístico transforma o texto original “a fim de criar uma nova informação” (BAUER, 2008BAUER, M. W. Análise de conteúdo clássica: uma revisão. In: BAUER, M.; GASKELL, G. (ed.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes, 2008., p. 191).

Em estudos de conversação, a técnica pode ser aplicada para compreender a estrutura de falas que ocorrem naturalmente em ambientes diversos entre dois ou mais participantes – preservando detalhes e características da comunicação a fim de evitar a perda de informações do material original (KRIPPENDORF, 2004KRIPPENDORF, K. Content analysis: an introduction to its methodology, 2. Thousand Oaks: Sage Publications, 2004., p. 67). Os procedimentos que serão descritos a seguir também foram embasados pelos princípios descritos por Sampaio e Lycarião (2018)SAMPAIO, R.C; LYCARIÃO, D. Eu quero acreditar! Da importância, formas de uso e limites dos testes de confiabilidade na Análise de Conteúdo. Revista de Sociologia Política, v. 26, n. 66, p. 31-47, 2018. a respeito de três características imprescindíveis a um estudo que se propõe a aplicar a AC: validade, replicabilidade e confiabilidade.

Tida como a “adequação epistemológica entre os propósitos da pesquisa e os instrumentos utilizados para identificar o fenômeno sob investigação” (SAMPAIO; LYCARIÃO, 2018SAMPAIO, R.C; LYCARIÃO, D. Eu quero acreditar! Da importância, formas de uso e limites dos testes de confiabilidade na Análise de Conteúdo. Revista de Sociologia Política, v. 26, n. 66, p. 31-47, 2018., p. 33), a validade é garantida a partir da conexão entre as teorias que embasam a análise e a escolha das variáveis que compõem o livro de códigos2 2 Livro de códigos disponível em: https://bdc.c3sl.ufpr.br/handle/123456789/75. Acesso em: 7 nov. 2022. . A produção do presente estudo tem como base preceitos teóricos acerca das temáticas de conversações cotidianas de Stromer-Galley (2002STROMER-GALLEY, J. New voices in the public sphere: a comparative analysis of interpersonal and online political talk. The Public, v. 9, n. 2, p. 23-42, 2002., 2007)STROMER-GALLEY, J. Measuring deliberation’s content: a coding scheme. Journal of Public Deliberation, v. 3, n. 1, 2007. e críticas a respeito da deliberação e argumentação racional por Young (2001)YOUNG, I. M. Comunicação e o Outro: Além da Democracia Deliberativa. In: SOUZA, J. (ed.). Democracia hoje: novos desafios para a teoria democrática contemporânea. Brasília: Universidade de Brasília, 2001.. Além disso, as variáveis relacionadas às estratégias argumentativas persuasivas e o uso de figuras de linguagem como o sarcasmo apoiam-se em Cherubim (1989)CHERUBIM, S. Dicionário de figuras de linguagem. São Paulo: Editora Pioneira, 1989., Hutcheon (2000)HUTCHEON, L. Teoria e política da ironia. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2000., Reboul (2004)REBOUL, O. Introdução à retórica. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2004. e Dryzek (2010)DRYZEK, J. S. Rhetoric in democracy: A systemic appreciation. Political Theory, v. 38, n. 3, p. 319-339, 2010..

A replicabilidade, tida inclusive como um componente importante da confiabilidade, é a garantia de que pares científicos possam reproduzir parcial ou completamente o estudo a partir da transparência no processo de descrição das etapas e fornecimento de materiais pelos pesquisadores. Ela também é garantida pelo livro de códigos elaborado pelo Compa, e adaptado para a realização deste estudo. Esse material de apoio para a codificação concentra as variáveis que permitem as inferências a respeito dos comentários, com ênfase em forma e conteúdo do texto e existência de conversação ou interação, além da aplicação de recursos argumentativos e estratégias retóricas.

Por fim, a garantia da confiabilidade foi seguida de acordo com as etapas estabelecidas por Neuendorf (2012)NEUENDORF, K. A. The content analysis guidebook. California: Sage Publications, 2012. e reforçadas por Sampaio e Lycarião (2018)SAMPAIO, R.C; LYCARIÃO, D. Eu quero acreditar! Da importância, formas de uso e limites dos testes de confiabilidade na Análise de Conteúdo. Revista de Sociologia Política, v. 26, n. 66, p. 31-47, 2018.. Após um extenso treinamento a partir de amostras da base de dados realizado em dezembro de 2019, cinco codificadores foram aprovados no teste com o índice de confiabilidade Kappa (k) proposto por Landis e Koch (1977)LANDIS, R. J.; KOCH, G. G. The Measurement of Observer Agreement for Categorical Data. Biometrics, v. 33, n. 1, p. 159-174, 1977. para casos de análises de dados em categorias multivariadas3 3 Os autores definiram, com base nas próprias experiências, uma nomenclatura de concordância que facilita a descrição da estatística, também adotada para este estudo. Ela pode ser resumida na seguinte classificação indicativa: “pobre” (sem índice de concordância), “leve” (0.00 a 0.20), “justa” (0.21 a 0.40), “moderada” (0.41 a 0.60), “substancial” (0.61 a 0.80) e “quase perfeita” (0.81 a 1.00). .

Na codificação envolvendo todas as variáveis do estudo, foi obtido o Free Kappa de 0.71, equivalente a 78,4% de concordância – considerado um nível de concordância substancial (LANDIS; KOSH, 1977LANDIS, R. J.; KOCH, G. G. The Measurement of Observer Agreement for Categorical Data. Biometrics, v. 33, n. 1, p. 159-174, 1977.) e próprio para a continuidade da pesquisa. Isoladamente, a variável sobre a presença ou não de sarcasmo também envolve uma confiabilidade substancial, com um índice de concordância baseado no Kappa Livre de 0.62.

A base de dados completa envolve 14.533 comentários em redes sociais - 7.924 do Facebook e 6.609 do YouTube. Todos apresentam algum conteúdo em formato textual, ou seja, foram excluídas postagens compostas apenas por emojis ou emoticons, risadas, sinais de pontuação ou onomatopeias.

As publicações envolvem uma mesma temática: os cortes na verba prevista para as universidades públicas confirmados pelo Governo Federal no final de abril de 2019, quando o Ministério da Educação, sob o comando de Abraham Weintraub, determinou o bloqueio de 30% da verba total destinada a todas as instituições de ensino federais (universidades e institutos). Foram coletados comentários de 33 notícias publicadas em perfis oficiais de jornais no Facebook4 4 O grupo Globo é o líder em audiência digital pelo Comscore de maio de 2020, incluindo as plataformas (O GLOBO, 2019). Segundo o mesmo ranking, o veículo paranaense Gazeta do Povo foi o jornal mais lido do Brasil no mês das eleições de 2018, também uma referência nacional pela aposta no formato digital e fim da edição impressa. Líder da lista em acessos, a Folha de S.Paulo ficou ausente pela decisão de não manter uma página própria no Facebook desde fevereiro de 2018. Em seu lugar, optou-se pelo O Estado de S. Paulo, principal jornal em penetração mobile no país (ESTADÃO, 2020). entre 29 de abril e 13 de maio de 2019: O Globo (12 postagens), Estadão (8 postagens), Gazeta do Povo (8 postagens, incluindo artigos opinativos) e G1 (5 postagens).

Além disso, a repercussão também rendeu conteúdos analíticos e opinativos de produtores de conteúdo alinhados aos mais diversos espectros políticos. No YouTube, foram coletados os comentários de seis vídeos sendo três a favor do contingenciamento de verba e três contrários5 5 A lista das notícias e dos vídeos que serviram de base para a coleta está disponível em: <https://bit.ly/3iFXkF3>. Acesso em: 17 set. 2020. . Os que se declaram a favor dos cortes na Educação são Nando Moura (3,14 milhões de inscritos no momento de coleta dos dados, em setembro de 2020), Mamãefalei (2,67 milhões de inscritos) e Diego Rox Oficial (1,2 milhão de inscritos). Já os clipes com argumentos contrários ao contingenciamento são Meteoro Brasil (850 mil inscritos), Henry Bugalho (556 mil inscritos) e O Historiador (250 mil inscritos). Todos os criadores de conteúdo foram escolhidos com base em produção de vídeos a respeito do tema durante o período em que o assunto esteve em evidência e pela relevância na plataforma em número de inscritos – da discrepância evidente na popularidade entre aqueles que se identificam e os que divergem da medida do governo.

Para o presente artigo, foram consideradas somente as publicações de usuários que, de acordo com a codificação, apresentam a validação “presente” na variável binária “sarcasmo” como recurso argumentativo. O corpus final envolve 4.411 postagens, que correspondem a 30% da base de dados completa.

Nela, o sarcasmo foi o recurso argumentativo mais utilizado pelos comentaristas, tanto no Facebook, quanto no YouTube. Em segundo lugar, está o insulto (2.759), seguido por analogia (623), narração (458) e ameaça (377), conforme é possível verificar no Gráfico 1.

Gráfico 1
Recursos argumentativos mais utilizados pelos comentaristas

Como cada recurso argumentativo foi operacionalizado enquanto variável binária, que poderia estar presente ou ausente, os codificadores puderam identificar mais do que um desses elementos em um mesmo comentário, independente de qual deles tenha sido considerado predominante.

O cruzamento mais relevante neste sentido foi o dos dois com maior frequência, ou seja, sarcasmo e insulto. Entre estes, percebe-se que 1.119 comentários que empregavam um, também faziam uso do outro. Ou seja, 25% das vezes em que o sarcasmo foi usado, também trazia consigo uma alta carga de agressividade e uso de xingamentos explícitos, o que já apresenta alguma indicação sobre a qualidade do debate nas duas redes sociais analisadas.

Dos 4.411 comentários que empregaram sarcasmo, 2.857 (65%) estão no Facebook, enquanto 1.554 (35%) estão no YouTube. Embora o corpus inicial de 14.533 comentários contivesse mais unidades de análise no Facebook (55%), a presença do sarcasmo é de fato mais significativa nesta rede do que no YouTube. Com relação ao posicionamento do comentarista a respeito dos cortes de verbas na educação, os indivíduos que se apresentam como contrários ao contingenciamento mostram mais sarcasmo do que os favoráveis, conforme é possível visualizar no Gráfico 26 6 Foram realizados testes de qui-quadrado de Pearson e correlação de Spearman, que indicaram que não há relação de significância estatística entre os dados de posicionamento e uso de sarcasmo. Os dados - p-value de 0,004 e significância de 38% - não são completamente independentes, mas não apresentam correlação linear, ou seja, um não influencia o crescimento ou redução do outro. No entanto, o propósito deste gráfico é apenas apresentar o a frequência de uso do sarcasmo neste conjunto de dados, mais do que a relação estatística entre eles. .

Gráfico 2
Sarcasmo por posicionamento do comentarista

Foi possível perceber também que os comentários com sarcasmo, majoritariamente, não justificam seu posicionamento com base em uma fonte explícita. Apenas 975 comentários sarcásticos informam de onde extraíram seus argumentos, como é exemplo:

então sugiro você conhecer mais o que é feito com seu (nosso) dinheiro; veja por exemplo a revista da FAPESP, que sempre traz resultados de alto nível financiados com recursos do estado. http://revistapesquisa.fapesp.br/ spoiler: não tem perfomance [sic] de gente pelada.

A forma do comentário diz respeito a como o debatedor dá corpo à sua argumentação. Uma parcela significativa dos comentários era construída de maneira a estabelecer conflito (Tabela 1)7 7 Teste de qui-quadrado com valor de 597,100, grau de liberdade de 6 e significância estatística de 99,9%. , mas o predomínio foi de comentários meramente declaratórios, ou seja, aqueles que apenas atestam algo, sem outra intenção evidente na forma. A baixa presença de outras finalidades nos comentários com sarcasmo vai ao encontro da própria natureza semântica do sarcasmo, que é um tipo de insulto disfarçado como declaração, um tipo de argumentação indireta (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 2014) na qual o sentido duplo serve para se comunicar de maneira declaratória à primeira vista, mas com um significado subjacente voltado aos envolvidos na conversação que estejam atentos.

Quadro 1
Sarcasmo versus Forma

Também nos interessa saber que relação o recurso argumentativo do sarcasmo tinha com o tipo de argumento empregado pelos indivíduos nos comentários analisados (Gráfico 3) e com a estratégia retórica empregada no sentido de fazer valer seus argumentos (Gráfico 4).

Gráfico 3
Argumentos empregados
Gráfico 4
Sarcasmo versus Estratégia persuasiva dominante8 8 Teste de qui-quadrado com valor de 891,450, grau de liberdade de 3 e significância estatística de 99,9%.

Da totalidade de comentários com sarcasmo, a maior parte não utiliza um argumento central em sua fala. Entre os 1.543 que apresentam um argumento central, os resultados mostram que o grupo que mais utiliza sarcasmo em sua argumentação é o de comentaristas contrários aos cortes, que baseiam sua argumentação na incapacidade ou incompetência do governo de atuar junto à educação. Por outro lado, aqueles debatedores que justificam sua argumentação favorável aos cortes dizendo que os recursos devem ser direcionados a outros níveis educacionais, que não a universidade, são os que menos fazem uso de comentários sarcásticos.

Como, em geral, questionam opositores e são direcionados a um alvo específico, os comentários sarcásticos são mais fortes entre os sujeitos que empregam como estratégia persuasiva uma retórica de apelo à credibilidade da fonte. Ao todo, 1.737 comentários com sarcasmo (40%) também apresentavam um adversário ou inimigo em comum. Na maior parte dos comentários que apresentavam um adversário (1.554), esse inimigo era específico, não genérico – ou seja, a injúria era direcionada a alguém, fosse o interlocutor ou um agente ou órgão público, conforme será possível observar em alguns dos exemplos que serão apresentados no tópico a seguir, em que serão discutidos os principais resultados da pesquisa.

Discussão dos resultados

A primeira análise possível a partir do cruzamento de dados está ligada ao grau deliberativo da discussão com base na presença do sarcasmo, tendo em vista os critérios de racionalidade e reciprocidade. A racionalidade é requerida na disputa argumentativa para que indivíduos justifiquem suas afirmações, enquanto a reciprocidade indica que os participantes devem ouvir os outros e se envolver com seus argumentos (Habermas, 1996HABERMAS, J. Between facts and norms. Cambridge, MA: MIT Press, 1996.). Percebe-se que a maioria dos comentários com sarcasmo não apresenta justificação (77,9%), que a declaração/afirmação é a forma mais frequentemente utilizada (59,2%), seguida pelo estabelecimento de conflito (21,3%). Os comentários a seguir ilustram esta relação:

O que os governos anteriores chamavam de educação era simplesmente criar gado.

olha até o meu cachorro tem a consciencia de que a Filosofia é importante pra sociedade... kkkk

E os bolsominios otários estão pensando que o Bozo vai desviar essa verba para a conta deles. Bando de jumentos

Não vamos criticar gente. Daqui a pouco alguém lembra que Lula é mal alfabetizado.

Vamos esperar a profunda conhecedora dizer o quão melhor que Harvard ela é.

O conteúdo que é possível observar nos exemplos acima corresponde justamente às estruturas que caminham na direção contrária à da reflexividade, marcada pela presença de ponto de vista oposto e questionamento, da tomada de decisão, indicada pela utilização de proposição de solução ou chamada para a ação, e do engajamento, evidenciado pelos indicadores de ponto de vista oposto e esclarecimento (STROMER-GALLEY, 2002STROMER-GALLEY, J. New voices in the public sphere: a comparative analysis of interpersonal and online political talk. The Public, v. 9, n. 2, p. 23-42, 2002., 2007).

O Gráfico 2 expõe que o uso do sarcasmo é um pouco mais frequente entre os comentaristas contrários aos cortes, identificados como progressistas neste debate. Historicamente, a esquerda é caracterizada como operadora de um discurso “truncado”, que impediria o estabelecimento de diálogo com um público social mais amplo e abrangente. No caso em tela, paradoxalmente, é possível observar que o campo progressista frequentemente abandona a elaboração extensiva de suas percepções para lançar mão de uma cultura de “lacração”. Nos dois casos, emprega igualmente recursos que negam diálogos. Em contrapartida, vale ressaltar que as estratégias dos conservadores no caso do debate da educação tampouco são direcionadas para o enriquecimento da discussão. Ao observar o corpus geral da pesquisa, os conservadores justificam seus posicionamentos somente em 5,48% das vezes, enquanto os progressistas o fazem 6,67%; também utilizam insulto mais frequentemente que os seus opositores (3,83% versus 2,46%); enquanto a forma mais utilizada na construção de suas falas é a declaração/afirmação para os dois grupos (ambos com 11%).

Nota-se também que o sarcasmo é utilizado na discussão on-line no sentido de negar o diálogo com seus opositores, criando uma espécie de barreira àqueles que não compreendem os sentidos compartilhados pelos interlocutores ou àqueles que têm um posicionamento político que se opõe ao comentarista. O Gráfico 4, que revela o apelo empregado pelos interlocutores na elaboração de seus comentários, aponta para maior encontro do sarcasmo com a retórica crítica/apelo à credibilidade da fonte, aquela que tece críticas focadas em seus opositores e, por outro lado, um desencontro com a retórica sedutora/ameaçadora, que busca convencer o interlocutor usando a persuasão.

Aqui, percebe-se que a retórica de vínculo (bonding) descrita por Dryzek (2010)DRYZEK, J. S. Rhetoric in democracy: A systemic appreciation. Political Theory, v. 38, n. 3, p. 319-339, 2010. assume seu caráter negativo por meio do sarcasmo. Aqui, identifica-se o objetivo de: acirrar a divisão dos grupos ao qual se opõe, por meio da menção injuriosa a algum interlocutor real, presente na discussão (como em “A universidade e tão boa que vc nem aprendeu a.ler... a matéria está dizendo que as universidades que não atingem condições mínimas... entendeu agora?”); atingir um alvo ausente do debate (como em “O crime organizado do Bolsonaro está destruindo a educação roubando dinheiro público viva o crime organizado do Bolsonaro com apoio da globo”; ou ser usado por comentarista favorável ao corte: “Estudantes? Professores? Não, não. Militantes!”). Nos casos, o sarcasmo aparece como estratégia de desqualificação dos adversários, excluindo a possibilidade de trocas argumentativas centradas no debate da Educação. Não à toa, o sarcasmo e o insulto se sobrepõem em parte considerável dos comentários (25%), como mostra o Gráfico 1.

Além disso, como já mencionado, o sarcasmo também atua no sentido de fortalecer o vínculo entre pessoas que compartilham das mesmas perspectivas políticas e crenças. Nestes casos, o recurso argumentativo serve para buscar o riso de seus aliados, declarando filiação a determinadas ideias, como é possível identificar em “Para uma gente que acredita que o Olavo de Carvalho é filósofo, intelectual, em terra plana, que vacina faz mal, que 35% de 100 são 3.5, que os bozos são honestos e que o Bob esponja namora o Patrick, é normal falar mal de sensatez!”.

Dessa forma, a diferença entre as duas funções da retórica de vínculo observada pela utilização do sarcasmo repousa no uso da menção injuriosa, de um lado, e da ironia travestida em deboche, de outro. Ainda é possível que as duas funções se encontrem no mesmo comentário, como se observa em: “A UNE é uma instituição? Bolsonaro riu disso e eu também”.

Outro dado que chama atenção diz respeito aos 1.554 comentários contendo um inimigo comum específico – utilizado como foco de distanciamento e alvo de sarcasmo. Entre comentaristas favoráveis, muitas vezes os alvos do sarcasmo são governos anteriores ou professores com um viés político contrário ao do comentarista e que incentivariam a suposta “balbúrdia”. No entanto, o sarcasmo é mais recorrente entre os comentaristas contrários ao corte, que comumente atrelam a crise da educação à eleição presidencial de 2018, que elegeu Jair Bolsonaro (então PSL): “Teve trouxa q acreditou q ele ia investir em educação básica? Ele disse que ia investir na base...na base política dele.” Essa oposição, com alvos específicos evidenciados nos comentários, reflete a polarização do debate político brasileiro.

Considerações finais

Os resultados encontrados, ao analisar comentários de publicações no YouTube e no Facebook sobre os cortes orçamentários da educação em 2019, evidenciam que o sarcasmo foi o principal recurso argumentativo empregado pelos usuários, acompanhado, em 25% do tempo, por algum tipo de insulto. Estes comentários sarcásticos estão, principalmente, no Facebook, e são mais empregados por indivíduos que se posicionam contrários aos cortes na educação, embora a discrepância não seja tão grande entre os neutros e favoráveis.

Esses dados e os demais aspectos apresentados na discussão dos resultados deste artigo sugerem que o sarcasmo atuou como uma importante ferramenta argumentativa para os usuários das redes sociais durante o período analisado. Entende-se que a relação entre o sarcasmo e os diferentes operadores da retórica é um nicho promissor nos estudos sobre conversações e deliberação online, pois pode contribuir para compreender de que forma se dão esses processos em contextos polarizados – como foi o caso de toda a discussão sobre cortes na educação em 2019.

Mais especificamente, a proposta de retórica de vínculo (bonding) apresentada por Dryzek (2010)DRYZEK, J. S. Rhetoric in democracy: A systemic appreciation. Political Theory, v. 38, n. 3, p. 319-339, 2010. demonstrou ser uma perspectiva frutífera para analisar conversações cotidianas, em especial no debate on-line acerca de temas polêmicos. Conforme postulado pelo autor, a presença da retórica de vínculo, aqui exemplificada pelo uso do sarcasmo, funcionou como um indicativo do acirramento e da polarização de opiniões.

Análises futuras conciliando a literatura em deliberação/conversações on-line e as discussões recentes sobre a retórica podem se concentrar em respostas e reações aos comentários com sarcasmo, observando se este recurso estimula a agressão entre interlocutores de opinião contrária ou se serve como isca para o estabelecimento de outros tipos de vínculo entre o grupo com opiniões similares, para além da confirmação de um humor autocentrado que ecoa suas próprias perspectivas. É possível verificar, por exemplo, se há criação de polos de interação e quais características possuem, já que, dependendo da forma de engajamento de outros comentaristas, o sarcasmo poderia indicar um ponto de partida seguro para uma discussão. No âmbito retórico, outras propostas também poderiam analisar se e como a retórica pode ser utilizada para aprimorar a deliberação, conforme teorizado por Dryzek (2010)DRYZEK, J. S. Rhetoric in democracy: A systemic appreciation. Political Theory, v. 38, n. 3, p. 319-339, 2010., seja pela presença da retórica de conciliação (bridging) ou pelo uso da retórica de vínculo (bonding) por grupos não majoritários como instrumento de fortalecimento de argumentos para serem apresentadas no debate público.

  • 1
    Neste artigo, o termo “injúria” é diferenciado do termo “insulto”; “injúria” representa o teor ofensivo do sarcasmo, enquanto “insulto” é qualquer tipo de ofensa e representa uma variável distinta no livro de códigos da pesquisa em que este artigo está inserido.
  • 2
    Livro de códigos disponível em: https://bdc.c3sl.ufpr.br/handle/123456789/75. Acesso em: 7 nov. 2022.
  • 3
    Os autores definiram, com base nas próprias experiências, uma nomenclatura de concordância que facilita a descrição da estatística, também adotada para este estudo. Ela pode ser resumida na seguinte classificação indicativa: “pobre” (sem índice de concordância), “leve” (0.00 a 0.20), “justa” (0.21 a 0.40), “moderada” (0.41 a 0.60), “substancial” (0.61 a 0.80) e “quase perfeita” (0.81 a 1.00).
  • 4
    O grupo Globo é o líder em audiência digital pelo Comscore de maio de 2020, incluindo as plataformas (O GLOBO, 2019GLOBO, O. O GLOBO termina 2019 como líder no país. O Globo, 2020. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/economia/o-globo-termina-2019-como-lider-no-pais-1-24205934>. Acesso em: 19 de set. 2022.
    https://oglobo.globo.com/economia/o-glob...
    ). Segundo o mesmo ranking, o veículo paranaense Gazeta do Povo foi o jornal mais lido do Brasil no mês das eleições de 2018, também uma referência nacional pela aposta no formato digital e fim da edição impressa. Líder da lista em acessos, a Folha de S.Paulo ficou ausente pela decisão de não manter uma página própria no Facebook desde fevereiro de 2018. Em seu lugar, optou-se pelo O Estado de S. Paulo, principal jornal em penetração mobile no país (ESTADÃO, 2020ESTADÃO. Quem Somos. Estadão, 2020. Disponível em: <http://patrocinados.estadao.com.br/medialab/about-me/>. Acesso em: 19 de set. 2022.
    http://patrocinados.estadao.com.br/media...
    ).
  • 5
    A lista das notícias e dos vídeos que serviram de base para a coleta está disponível em: <https://bit.ly/3iFXkF3>. Acesso em: 17 set. 2020.
  • 6
    Foram realizados testes de qui-quadrado de Pearson e correlação de Spearman, que indicaram que não há relação de significância estatística entre os dados de posicionamento e uso de sarcasmo. Os dados - p-value de 0,004 e significância de 38% - não são completamente independentes, mas não apresentam correlação linear, ou seja, um não influencia o crescimento ou redução do outro. No entanto, o propósito deste gráfico é apenas apresentar o a frequência de uso do sarcasmo neste conjunto de dados, mais do que a relação estatística entre eles.
  • 7
    Teste de qui-quadrado com valor de 597,100, grau de liberdade de 6 e significância estatística de 99,9%.
  • 8
    Teste de qui-quadrado com valor de 891,450, grau de liberdade de 3 e significância estatística de 99,9%.

Referências

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Editado por

Editora responsable: Maria Ataide Malcher
Assistente editorial: Weverton Raiol

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Dez 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    22 Dez 2020
  • Aceito
    11 Maio 2022
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