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Uma metodologia reflexiva para desocidentalizar o subcampo da Comunicação Organizacional LatinoAmericana
Una metodología reflexiva para desoccidentalizar el sub campo de la Comunicación Organizacional Latinoamericana
A reflexive methodology for de-westernizing the subfield of Latin American Organizational Communication
Intercom: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, vol. 45, e2022110, 2022
Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM)

Artigos


Received: 04 May 2021

Accepted: 11 May 2022

DOI: https://doi.org/10.1590/1809-58442022110pt

Resumo: O presente artigo visa desenvolver uma metodologia reflexiva para investigar a produção de conhecimento do subcampo de pesquisa de Comunicação Organizacional, levando em conta as realidades contextuais, institucionais e culturais da região latino-americana. Para isso, respondendo aos recentes chamados de desocidentalização da Comunicação, adotamos neste artigo uma abordagem de trabalho “de baixo para cima”, que favorece as realidades vivenciadas pelos pesquisadores latino-americanos e estudiosos em Comunicação Organizacional. A metodologia proposta proporciona um modelo investigativo que possa servir como um exemplo para desocidentalizar a produção de conhecimento em campos correlacionados.

Keywords: Organizational Communication, Latin America, De-Westernizing, Methodology.

Resumen: Este artículo busca desarrollar una metodología reflexiva para explorar la producción de conocimiento del subcampo de la investigación en Comunicación Organizacional, teniendo en cuenta las realidades contextuales, institucionales y culturales de la región latinoamericana. Con este fin, respondiendo a los recientes llamados a desoccidentalizar la Comunicación, este artículo adoptó un enfoque de trabajo “de abajo hacia arriba”, que favorece las realidades vividas por los investigadores y académicos latinoamericanos de la Comunicación Organizacional. La metodología propuesta proporciona un modelo de investigación que puede servir de ejemplo para desoccidentalizar la producción de conocimiento en campos afines.

Palabras clave: Comunicación Organizacional, Latinoamérica, Desoccidentalizar, Metodología.

Abstract: This paper aims to develop a reflexive methodology to explore the production of knowledge of the subfield of Organizational Communication research, considering the contextual, institutional, and cultural realities of the Latin American region. For this purpose, responding to the recent calls to de-westernized Communication, this paper adopted a “bottom-up” approach, which favors the realities experienced by Latin American Organizational Communication researchers and scholars. The proposed methodology provides a model that can serve as an example to de-westernize knowledge production in related fields.

Keywords: Organizational Communication, Latin America, De-Westernizing, Methodology.

Palavras chave: Comunicação Organizacional, América Latina, Desocidentalizar, Metodologia

Introdução

Nos últimos anos, os estudos em Comunicação Organizacional (CO)1 na América Latina demonstram constantes sinais de expansão e transformações (KAPLÚN, 2012). Tais sinais, a partir do contexto em que esta pesquisa se insere, podem ser vistos com as seguintes características: (i) o desenvolvimento de novos modelos de comunicação que correspondem às mudanças de panorama das organizações latino-americanas (DUARTE, 2002; MEDINA, 2005); (ii) o aumento da distinção entre as áreas acadêmicas de Jornalismo e Relações Públicas (SILVESTRIN; GODOI; RIBEIRO, 2007); (iii) o aparecimento de associações, conferências e grupos de interesses em CO latino-americana (VÁSQUEZ; MARROQUÍN, 2016); e (iv) o desenvolvimento de estudos empíricos ancorados no contexto da região (VÁSQUEZ; MARROQUÍN; ANGEL, 2018).

Mesmo com esses sinais, poucos estudos estão documentados e analisados no que tange às características da CO latino-americana – à exceção dos trabalhos de Angel (2013), Angel, Marroquín e Vásquez (2017), Guillen e Espinosa (2014), Kunsch (2011) e Orjuela (2016). De acordo com Vásquez, Marroquín e Angel (2018), documentar esse emergente subcampo dos estudos de Comunicação é necessário para o desenvolvimento das tradições latino-americanas sobre CO. Como pontuam Sanabria, Castillo e Sanchez (2020, p. 205, tradução nossa) a respeito dos estudos organizacionais latino-americanos, “é preciso desenvolver uma base de conhecimento [nesta área] que evidencie as dinâmicas regionais das organizações e as diferentes visões sobre o assunto [...] uma questão que ainda não foi desenvolvida, apesar da importância disso”.

O projeto de pesquisa2, ao qual este trabalho faz parte, contribui para o desenvolvimento deste conhecimento, por meio de uma abordagem metodológica. Ou seja, buscamos desenvolver critérios de validação, a partir de ferramentas e modelos heurísticos, para a coleta de dados e análises do campo da CO fundamentada nos contextos históricos, econômicos e sociais da região. O principal objetivo deste trabalho encontra-se pautado na construção de uma metodologia reflexiva pela qual o projeto foi construído, adotando uma abordagem “de baixo para cima”. Ou seja, uma abordagem que considera as realidades vivenciadas pelos pesquisadores latino-americanos e estudiosos em CO. Essa proposta se insere na chamada desocidentalização do campo da comunicação (ENGHEL; BECERRA, 2018; WAISBORD; MELLADO, 2014), que convida a refletir sobre as condições gerais da produção intelectual e a propor uma mudança epistêmica que resista ao domínio das ideias importadas do Norte Global. Como assinalam Enghel e Becerra (2018, p.111, grifos e tradução nossos), somente desta forma será possível “reposicionar a América Latina na teorização da comunicação a nível internacional, destacando os enfoques situados gerados na região”. Embora alguns trabalhos tenham sido realizados seguindo essa orientação, as propostas metodológicas têm sido mais escassas (OCAÑA; LÓPEZ; CONEDO, 2018; SMITH, 2000). Por isso, a importância desta abordagem está na possibilidade contribuir com o campo de estudos de maneira reflexiva e crítica, situando o pensamento do Sul.

Perante o exposto, buscaremos, nas seguintes seções deste artigo, apresentar a proposta metodológica reflexiva utilizada neste trabalho, destacando, primeiramente, os seus fundamentos. Após, apresentaremos a estrutura teórica na qual nossa proposta se baseia, bem como o instrumento de medição que desenvolvemos. Por fim, concluiremos discutindo os desafios e limites de uma metodologia reflexiva para a desocidentalização do subcampo de CO.

Fundamentos de uma metodologia reflexiva

A perspectiva metodológica que propomos neste trabalho parte do pressuposto de que existe uma estreita relação entre conhecimento e a forma de produzi-lo (CALAS; SMIRCICH, 1992). Isso implica atender aos elementos linguísticos, sociais, políticos e teóricos que participam do processo de desenvolvimento do conhecimento. Alvesson e Sköldberg (2017) sugerem que o pesquisador adote uma postura crítica em relação ao que é dado como certo, garantindo, ao mesmo tempo, que os resultados de seu trabalho possam gerar conhecimentos que ampliem alternativas e ofereçam oportunidades de reflexão, em vez de buscar verdades absolutas, em um determinado campo de conhecimento.

De acordo com os autores, uma metodologia reflexiva possui duas características principais: a interpretação e a reflexão (ou reflexividade). A primeira reconhece que todas as referências à realidade empírica são o resultado de interpretações. Portanto, rejeita-se a presunção de que observações, entrevistas, estatísticas e outros dados empíricos sejam simples representações da realidade. A pesquisa, bem como seus resultados, são processos socialmente construídos por meio da negociação de seus significados. Portanto, é importante identificar quais são as premissas teóricas, a linguagem usada e as percepções anteriores dos pesquisadores como uma parte importante de seu processo de interpretação. A segunda característica, correspondente à reflexão, reconhece diferentes atores, como o pesquisador, a comunidade envolvida na pesquisa, a sociedade, as tradições culturais e intelectuais, além das diferentes narrativas no processo de pesquisa. Alvesson e Sköldberg (2017, p. 13) definem a reflexão como “a interpretação da interpretação”, que se traduz no trabalho autorreflexivo e crítico do pesquisador sobre seu próprio processo interpretativo.

Com isso, os autores propõem quatro diretrizes a serem levadas em consideração na realização de uma metodologia reflexiva: (i) utilizar as técnicas de pesquisa de forma sistemática e rigorosa; (ii) reconhecer a primazia da interpretação e, portanto, mobilizar a hermenêutica no processo; (iii) verificar o caráter político e ideológico da pesquisa; e (iv) refletir sobre os problemas de autoridade e representação da realidade do processo investigativo, o que implica questionar os argumentos de autoridade do pesquisador, assim como indagar a respeito da reprodução fidedigna da realidade. Este referencial proposto convida os pesquisadores a permanecerem vigilantes e não “caírem na armadilha” de produção de conhecimento relacionando-a como uma verdade absoluta, implicando em um único modelo investigativo abstraído do contexto social e político em que se desenvolve algum tipo de pesquisa (ALVESSON; SKÖLDBERG, 2017). A metodologia reflexiva, proposta por esses autores, oferece um quadro epistêmico para uma autoleitura crítica do processo investigativo.

O que esta proposta não aborda, todavia, e nos parece fundamental ao adotarmos uma postura crítico-reflexiva, é como compreender o caráter hegemônico da produção do conhecimento, cujos processos investigativos, critérios de validade científica, modelos de difusão e lugares de enunciação foram ditados pelo Norte Global. Reconhecer essa dominação epistêmica e questioná-la nos aparece como um elemento-chave de uma metodologia reflexiva que busca desocidentalizar um campo disciplinar, que no nosso caso corresponde ao campo da CO, valorizando uma ecologia de saberes na área (SANTOS, 2011). Várias estão sendo as apostas para desocidentalizar a Comunicação, como por exemplo o dossiê publicado na revista Communication Theory, por Enghel e Becerra (2018). Estes autores criticam o domínio das ideias importadas do Ocidente para o “resto do mundo”, convidando-nos a refletir sobre as condições gerais da produção intelectual e propor uma mudança epistêmica no campo. Waisbord e Mellado (2014) identificam quatro dimensões, ou focos de atenção, dessa mudança epistêmica que os autores denominam de desocidentalização do campo que são: (i) objeto de estudo; (ii) o material empírico; (iii) os referenciais analíticos; e (iv) as culturas acadêmicas.

Nossa proposta, portanto, aborda esta última dimensão de desocidentalização, que envolve examinar a maneira pela qual as normas e práticas comuns, que prevalecem nas culturas acadêmicas do Norte Global, determinam as expectativas da pesquisa no subcampo de CO em todo o mundo. Isso nos permitirá responder e propor alternativas que correspondam a diferentes realidades regionais de CO, como a latino-americana. Assim, é necessário situar a pesquisa no contexto cultural de produção e fazer uma autocrítica a partir do mesmo processo de pesquisa. A ênfase, então, está na produção de conhecimento “de baixo para cima,” que parte das práticas dos investigadores e de suas experiências laborais, situadas em um contexto histórico, sociocultural e político. Para isso, é necessário repensar não apenas as bases epistemológicas, mas também os métodos pelos quais esses conhecimentos serão produzidos. O presente trabalho não busca propor um método único, o que seria contraditório, mas sim propor uma iniciativa metodológica particular no subcampo da CO latino-americana e, a partir daí, lançar possibilidades metodológicas de estudos para outras áreas.

Em resumo, a metodologia reflexiva baseia-se em três principais premissas: (i) a pesquisa é socialmente construída por meio da negociação de significado; (ii) o contexto que a pesquisa se encontra é o plano de fundo de interpretação do processo reflexivo; e (iii) as tradições hegemônicas do Norte e eurocêntricas têm historicamente definido, institucionalizado e legitimado o que pode ser considerado como modo de pesquisa válido às demais regiões do mundo. Estas premissas, como elementos norteadores, convidam-nos a prestar atenção nos componentes políticos, epistemológicos e socioeconômicos que fazem parte da produção de conhecimentos provindos do Sul. Ou seja, a busca de reconhecimento sobre diferentes campos de saberes criam tensionamentos, bem como jogos de forças, que possibilitam que novas formas de análises de fenômenos sejam estabelecidas em detrimento de padrões pré-estabelecidos que, muitas vezes, não atendem as especificidades locais (SANTOS, 2011).

Uma metodologia reflexiva para documentar a produção acadêmica latino-americana de CO

As premissas para construção metodológica desta pesquisa foram construídas por meio de três revisões teóricas: (i) estudos sobre as condições de trabalho de pesquisadores; (ii) a CO latino-americana; e (iii) as perspectivas críticas latino-americanas.

Condições de trabalho dos pesquisadores

A primeira fundamentação teórica do artigo foi construída a fim de abordar questões no instrumento relativas ao mundo do trabalho de pesquisadores e do ambiente acadêmico. De acordo com a Organisation Internationale du Travail (Organização Internacional do Trabalho, 1981), a profissão docente é considerada uma das mais estressantes, se comparada a outras de natureza laboral distintas. Por exemplo, estudos realizados por Costa et al. (2013) e Silva (2015) apontam a prevalência de adoecimentos osteomusculares e psicológicos em docentes brasileiros, a exemplo da Síndrome de Burnout, enquadrando os docentes como população de risco para esse transtorno. De acordo com Dejours (1991), o trabalho nunca é neutro com relação à saúde, podendo favorecer tanto a saúde quanto a doença.

Com relação às condições de trabalho de pesquisa, Slaughter e Leslie (1997) afirmam que estas têm sido menos fomentadas pela curiosidade dos próprios pesquisadores e mais por exigências do mercado, o que influencia diretamente no seu grau de satisfação com o trabalho desses profissionais. Além da questão da mercantilização do fazer científico, o neoliberalismo crescente no ambiente acadêmico intensificou a precarização e a flexibilização do trabalho, aumentando o individualismo e o sofrimento dos trabalhadores nesse segmento (ASHCRAFT, 2017; COLADO, 2003; DAVIES; BANSEL, 2010).

As desigualdades de gênero também se fazem presentes no trabalho científico. De acordo com dados oficiais da UNESCO (2018), menos de 30% dos pesquisadores do mundo inteiro são mulheres. Munévar (2004) aponta que as problemáticas de ordem estrutural moldam as relações de poder e de gênero que perpassam a sociedade e refletem também nas universidades – espaços nos quais essas relações são demarcadas desde a forma de ingresso entre homens e mulheres até os campos do saber. Spitzack e Carter (1987) utilizam a expressão “womanless communication”, ou “comunicação sem mulheres”, para designar a exclusão das mulheres dos estudos em Comunicação. Segundo as autoras, durante muito tempo, a atenção da academia era voltada para os homens que, historicamente, estiveram mais presentes nesses domínios. Apesar da crescente presença das mulheres no campo da pesquisa em Comunicação, tal qual revela o estudo realizado por Martins (2018), sobre a produção acadêmica em Comunicação por pesquisadoras brasileiras, a atenção ao recorte de gênero é imprescindível. As mulheres ainda se encontram em situações desiguais comparadas aos homens ao nível de promoções, salários e na conciliação entre trabalho-família (ANDRADE; SOBREIRA, 2013).

CO na América Latina

Em relação à CO latino-americana, foram identificadas as dimensões relacionadas ao desenvolvimento deste subcampo de pesquisa. A produção de conhecimento sobre CO na América Latina tem sido abordada a partir de alguns estudos bibliométricos a nível regional (ANGEL, 2013; ANGEL; MARROQUÍN; VÁSQUEZ, 2017; GARCÍA-MACÍAS; ORDUÑO MENDOZA; FORTANELL TREJO, 2018; VÁSQUEZ; MARROQUÍN; ANGEL, 2018), bem como a nível nacional como, por exemplo, os estudos de Guillén e Espinoza (2014), sobre a produção de conhecimento do México, e Kunsch (2011), abordando o caso do Brasil.

No que diz respeito à CO, esses estudos, embora escassos, trazem contribuições importantes para definir as tendências de pesquisa e apontar perspectivas teóricas, métodos e os contextos que contribuem para a definição de um campo da CO latino-americana (ANGEL, 2013). Uma das conclusões importantes desses estudos é a predominância de uma visão funcionalista-sistêmica, o que seria explicado pela forte orientação pragmática que tem caracterizado o estudo da CO na América Latina. Vásquez, Marroquín e Angel (2018) notam que existe, todavia, a presença de alguns estudos pragmáticos “alternativos” que compartilham a agenda emancipatória da Escola Crítica de Comunicação Latino-Americana, bem como alguns estudos interpretativos sobre o tema. Com esses estudos bibliométricos, somam-se também a abordagem profissional da produção acadêmica em CO na América Latina, que é acompanhada por um forte interesse pela pesquisa aplicada. Angel, Marroquín e Vásquez (2017) apontam que as condições de pobreza e desigualdade na América Latina têm promovido o desenvolvimento de pesquisas prescritivas e contribuições para atividades práticas. As condições socioeconômicas e políticas da América Latina nos estimulam a enfatizar a relevância social da pesquisa em CO. Por exemplo, no Brasil, estudos oriundos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (BALDISSERA, 2009), bem como da Universidade Federal de Minas Gerais (HENRIQUES; SILVA, 2014; MARQUES, 2013) colaboram com a superação de uma perspectiva instrumental do campo de CO.

Em suma, a orientação pragmática da pesquisa latino-americana em CO e sua abordagem profissional vinculada aos estudos aplicados, nos levam a vislumbrar algumas características de uma perspectiva latino-americana de CO baseada na práxis. De acordo com Vásquez, Marroquín e Angel (2018), essa ênfase na práxis, definida como “improvisações e inovações locais, situadas para serem testadas a resolver problemas e necessidades específicas” (BELTRÁN, 2016, p. 158, tradução nossa), está orientando a pesquisa latino-americana para a compreensão da CO como práticas e lentes de mudança social, em que o papel dos pesquisadores é ativo nesses processos. Notamos, por exemplo, os estudos desenvolvidos por Henriques (2017) e Henriques e Silva (2014), que abordam a CO no contexto das ações coletivas. Isto possibilita identificar uma capacidade teórica, metodológica e de resolução de problemas regionais que mostram um enfoque latino-americano e, portanto, uma agenda de investigação e trabalho própria.

Perspectivas críticas latinoamericanas

Com relação às perspectivas decoloniais que permeiam as orientações críticas da Comunicação, a discussão teórica segue os passos da visão crítica de Comunicação da América Latina (BOHOSLAVSKY, 2015; MARQUES DE MELO, 1999; NAVARRO, 1999; SANTOS, 2011; VILLANUEVA, 2016). Temas como a hibridização metodológica, o ético e político rol do pesquisador, bem como seu papel como agente de mudança social somaram-se à perspectiva da própria construção de saberes latino-americanos no contexto de CO.

Iniciamos a revisão teórica desta terceira base, a partir de prerrogativas e estudos de Navarro (1999), nos quais é possível identificar o quanto estudar o campo normativo na perspectiva de CO latino-americana amplia e reforça o rompimento do colonialismo científico, tanto no campo dos saberes teóricos, quanto nos fazeres institucionais. Este rompimento, de alguma forma, contribui para uma construção epistemológica do fazer científico do campo, em que, desde 1974, já foi identificado que as influências de conhecimentos e orientações europeias e estadunidenses estavam se contrapondo às próprias evidências empíricas do campo na região latino-americana. (BOHOSLAVSKY, 2015; NAVARRO, 1999). Santos (2011) aborda que a partir de instrumentos de validação intercultural de saberes locais, como os propostos por Navarro (1999), por meio de instrumentos metodológicos próprios, será possível romper com a dominação de hierarquia de conhecimento científico de orientações europeias ou norte-americanas que anulam, muitas vezes, os saberes do Sul.

Ou seja, a partir do entendimento de Bohoslavsky (2015), Navarro (1999) e Santos (2011), reforçamos a ideia de que identificar vozes oriundas da região latino-americana do campo de CO irá colaborar para o estabelecimento de novas metodologias que atendam as especificidades regionais. Isso oportunizará também a legitimação de um campo de CO na América Latina, ainda pouco mapeado, conforme mencionado na seção anterior.

O instrumento metodológico

Articulando as compreensões realizadas, após a fundamentação das três bases teóricas, construímos um questionário online, com questões que correspondessem às dimensões e variáveis detectadas no referencial teórico (Quadro 1). O instrumento foi encaminhado, posteriormente, a pesquisadores latino-americanos do campo de CO e Relações Públicas, contando com oito seções e 101 questões. As seções do questionário foram divididas da seguinte forma: (i) informações pessoais e laborais; (ii) sobre a formação dos pesquisadores; (iii) sobre a definição dos pesquisadores em CO; (iv) sobre a perspectiva de CO latino-americana; (v) sobre a pesquisa desses profissionais em CO; (vi) sobre a disseminação das pesquisas em CO; (vii) sobre o ensino em CO; e (viii) sobre as condições de trabalho atuais dos pesquisadores. A seguir quadro apresenta a matriz teórica que serviu de base para a elaboração do instrumento.

Quadro 1
Matriz de metodológica para elaboração de questionário

Fonte: elaborado pelos autores.

No que diz respeito a validação e aplicação do questionário, o instrumento foi desenvolvido primeiramente em língua espanhola e foi traduzido posteriormente para o português. A partir daí, realizamos duas validações do instrumento, correspondendo a validação estatística (alpha de Cronbach: 0,992) a primeira etapa, para após submeter o questionário a uma avaliação por pares. Sete revisores de quatro países latino-americanos, ao responder, avaliaram o questionário, em ambas as versões, comentando acerca de suas compreensões gerais, legibilidade e tempo médio de resposta, e validando critérios de elegibilidade do instrumento.

Em outubro de 2019, o questionário foi enviado por e-mail a 276 investigadores latino-americanos, de 79 universidades e 23 associações da região. Foi utilizada a plataforma QuestionPro, de acesso pago, para criar o questionário online, em que o grupo de trabalho teve acesso à plataforma por um período de quatro meses (de outubro de 2019 a janeiro 2020).

A princípio, 50 investigadores responderam ao questionário, sendo possível validar 42 respostas para uma análise preliminar dos dados, que nos permitiu melhor avaliar a coerência do questionário, em um primeiro momento da pesquisa. Devido à baixa diversidade de países latino-americanos (com base nas informações obtidas no diretório que foi compilado para o envio da pesquisa) e uma porcentagem significativa de respostas inacabadas, decidimos simplificar a pesquisa e mudar a estratégia de comunicação para o contato com os investigadores.

Assim, aplicamos novamente o questionário: nesta fase, houve 66 respostas, das quais 31 puderam ser validadas3. Após a compilação das duas fases em um banco de dados, foram obtidas 81 respostas – utilizadas para a análise, ao integrar o banco de dados e o alpha do Cronbach, de 0,922, que permanece elevado para o grupo de perguntas com respostas semelhantes e focalizadas nas perspectivas sobre CO. Mantivemos, ainda, um alfa acima de 0,70 para o restante das seções, o que valida o instrumento integrado.

A amostra cobriu 14 países, dos quais dez foram os que mostraram representatividade em termos de resposta de seus pesquisadores. Obteve-se assim para a América do Norte (México) 28,4% de respostas, América Central e Caribe (Costa Rica, Cuba e República Dominicana) 7,4% e América do Sul (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Uruguai e Venezuela) 59,3%. Os quatro países nos quais não foi possível coletar informações representativas (4,9%) foram registrados como outros. Cabe destacar que dois dos países com maior número de acadêmicos em CO são o México e o Brasil, para os quais houve porcentagens significativas de respostas (28,40% e 24,79%, respectivamente).

Em relação ao gênero, a amostra registra predominância feminina (73%), seguida pelo gênero masculino (27%). Entre os principais resultados, há o fato de 76,54% dos participantes que responderam à pesquisa afirmarem que tinham alguma estabilidade de emprego com um cargo em tempo integral em seu local de trabalho. Com relação a esse ponto, 14,81% dos pesquisadores assinalaram trabalhar em tempo parcial e 8,64% por regime variável de horas trabalhadas. Da amostra, 54,3% assinalaram trabalhar em uma instituição pública e 45,7% em uma instituição particular. Com relação às qualificações educacionais, 44,4% da amostra assinalou ter doutorado, seguido de 39,5% com mestrado, 11,1% pós-doutorado, 2,5% bacharelado e 2,5% que preferiram não responder. Em termos de pesquisa, 54,32% fazem parte de um grupo de pesquisa em CO, o que está de acordo com a pergunta sobre projetos de pesquisa em CO pelos quais estes são responsáveis. Isto nos diz que a experiência na coordenação de projetos de pesquisa é apenas metade da amostra obtida.

Por fim, salientamos que a equipe de pesquisa está atualmente analisando os dados para a divulgação dos resultados4. Ainda, lembramos que o objetivo deste artigo está centrado no desenvolvimento e discussão de uma metodologia reflexiva para estudar a produção de conhecimento do campo investigativo da CO na América Latina. Portanto, focamos nos principais elementos que possibilitaram refletir sobre as vantagens, limites e desafios relacionados com o desenvolvimento deste tipo de metodologia no campo de estudos em CO.

Considerações finais

Os fundamentos de uma metodologia reflexiva se articula em torno do trabalho autorreflexivo e crítico do pesquisador sobre seu próprio processo interpretativo (ALVESSON; SKÖLDBERG, 2017). Neste artigo, identificamos três diretrizes: (i) a pesquisa é socialmente construída por meio da negociação de significados; (ii) o contexto em que a pesquisa se encontra é o plano de fundo de interpretação do processo reflexivo; e (iii) as tradições hegemônicas do Norte e eurocêntricas têm historicamente definido, institucionalizado e legitimado o que pode ser considerado como modo de pesquisa válido às demais regiões do mundo. Em nossas considerações finais, discutimos estes pontos em relação ao desenho e aplicação do instrumento apresentado.

Em primeiro lugar, devemos observar que a pesquisa que estamos desenvolvendo é parte de uma vontade política de desocidentalizar o subcampo de CO, trazendo consigo uma postura ideológica que procura denunciar as culturas acadêmicas do Norte Global e, mais especificamente, a forma como elas determinam as expectativas da pesquisa de CO na América Latina. Questionando essa dominação epistêmica (SANTOS, 2011), propor alternativas é parte da agenda de pesquisa do nosso trabalho, que se traduz, por exemplo, nas categorias conceituais do instrumento apresentado. Ao escolher como eixos do quadro conceitual as condições de trabalho, a CO na América Latina e as perspectivas latino-americanas sobre Comunicação, e definindo-as a partir da literatura crítica e latino-americana, realizamos um movimento que é ao mesmo tempo teórico, metodológico e político. Ao destacar essas categorias, estamos ao mesmo tempo obscurecendo outras (incluindo as que vêm do Norte Global): explicitar tais processos de visibilização/invisibilização, assim como o caráter político e ideológico da pesquisa, é uma parte central de uma metodologia reflexiva. Alvesson e Sköldberg (2017) também sugerem cruzar diversas perspectivas epistemológicas para construir reflexivamente o objeto de estudo e preservar a complexidade do fenômeno estudado.

Em segundo lugar, destacamos os problemas de autoridade e representação que surgem durante o processo de pesquisa. Isto implica, como mencionado, questionar nossos argumentos de autoridade, bem como as realidades que estudamos. Em relação ao primeiro ponto, notamos a ambição do projeto de pesquisa em mapear a produção acadêmica de CO na América Latina, desenvolver critérios de validação científica que levem em conta as realidades latino-americanas e explorar a tese de que há uma perspectiva latino-americana de CO. A tentativa de alcançar esses objetivos por meio do desenvolvimento e implementação de uma pesquisa apresenta vários desafios, incluindo a dificuldade de obter uma amostra representativa dos países latino-americanos. Enfrentamos primeiro a falta de sistematização e informações sobre os pesquisadores latino-americanos de CO: estabelecer a população da pesquisa implicava criar um diretório por meio de sites de universidades, congressos e nossas redes, chegando a um resultado parcial e tendencioso. Esse problema teve repercussões sobre a divulgação do instrumento, pois nem todos os contatos do diretório foram alcançados. Acrescentamos a isso a baixa resposta de alguns países no primeiro envio e, portanto, a necessidade de uma segunda fase de distribuição do questionário.

Além das questões técnicas relacionadas à representatividade da amostra, outros obstáculos práticos na aplicação do instrumento foram reveladores do desafio de cobrir a região latino-americana, não apenas em termos quantitativos, mas também em termos qualitativos. A diversidade de modos de produção de conhecimento de CO na região é evidente não apenas entre países, mas também dentro de cada país, província e instituição. É difícil captar os detalhes e nuances dessas singularidades por meio de uma pesquisa. Uma metodologia reflexiva nos convida a cultivar a humildade metodológica para dar conta do efeito de nossos métodos na construção da realidade, que será sempre parcial, fragmentada e desordenada (LAW; SINGLETON, 2005). O reconhecimento dessa parcialidade nos permite considerar também outros métodos de pesquisa (entrevistas com acadêmicos e análise bibliométrica) nas próximas etapas do projeto.

Como última consideração, salientamos a importância de compreender o caráter hegemônico da produção do conhecimento que, como mencionado, tem sido histórica e sistematicamente instituído pelo e para o Norte Global. Nossa proposta é mudar o local de enunciação da produção de conhecimento sobre CO para a América Latina (VILLANUEVA, 2016). Entretanto, nosso projeto de pesquisa se concentra na produção acadêmica e considera o CO como um subcampo acadêmico de conhecimento. Ao privilegiar esse foco, o projeto, nesta primeira etapa, participa da perpetuação da hegemonia do conhecimento científico e das universidades como o lugar privilegiado para a geração de conhecimento. Exclui o conhecimento prático ou muitas vezes não adequados pelos quais o padrão academicista impõem, além de não incluir o conhecimento advindo de outras organizações (por exemplo, governos, empresas, organizações da sociedade civil, movimentos sociais) e atores latino-americanos.

Conforme aponta Santos (2005), as universidades (incluindo as do Sul) e os acadêmicos que nelas trabalham colaboram com o colonialismo hegemônico do Norte Global reproduzindo os discursos e as lógicas de cientificidade e excelência. Refletir sobre essas dinâmicas de poder, reconhecê-las e buscar formas de resistência e transformação é parte das reflexões para as quais uma metodologia reflexiva nos convida. Se nossa intenção principal é desocidentalizar o subcampo de CO, entendemos que isto também requer desocidentalização de nós mesmos e de nossas instituições.

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Notes

1 Entendemos nesse artigo a CO como um subcampo acadêmico do campo de estudos de Comunicação que gera conhecimento sobre os processos de comunicação tanto internos quanto externos nas organizações (seja do setor privado, público, pelo terceiro setor ou da sociedade civil). Na América Latina o campo de CO inclui a comunicação corporativa, a comunicação empresarial, as relações públicas, a comunicação estratégica, a comunicação institucional e os assuntos públicos (REDLACO, 2018).
2 O projeto “Mapeando la comunicación organizacional en América Latina” é coordenado por Consuelo Vásquez Donoso, professora da Université du Québec à Montréal. A equipe de investigação é composta pelas professoras Lissette Marroquín (Universidad de Costa Rica), Griselda Guillén e María Jesús Montoya (Universidad Autónoma de Baja California), bem como as alunas Gabriela Rabello de Lima (Université du Québec à Montréal) e Marcela Marques de Queiroz (Université de Montréal).
3 Desta amostra cabe destacar que 29 participantes completaram a entrevista, por completo, e 2 as preencheram de maneira com que os dados pudessem ser validados e utilizados neste estudo.
4 Nesse sentido, temos atualmente dois artigos em preparação e/ou revisão sobre o assunto. O primeiro artigo estabelece tendências por áreas geográficas em relação à definição de CO e as perspectivas latino-americanas. O segundo se concentra nos casos do México e do Brasil, buscando comparar as condições de trabalho, desenvolvimento de pesquisas e divulgação da produção acadêmica latino-americana de CO.

Author notes

Consuelo Vásquez Professora titular de Comunicação Organizacional no Departamento de Comunicação Social e Pública da Université du Québec à Montréal. Seus interesses de pesquisa incluem etnografia, a constituição comunicativa das organizações e epistemologias do Sul. Coordena o projeto de pesquisa “Mapeando la Comunicación Organizacional en América Latina”. É cofundadora do Groupe de recherche sur la communication organisante (RECOR) e da Red Latinoamericana de Investigación en Comunicación Organizacional (RedLAco). E-mail: vasquez.consuelo@uqam.ca.
Roberto Burgueño Professor titular da Faculdade de Engenharia e Negócios Guadalupe Victoria, da Universidad Autónoma de Baja California (UABC), México. Seus interesses de pesquisa incluem comportamento microempresarial, desenvolvimento regional e economia industrial. É coordenador e integra o corpo docente do Departamento de Desenvolvimento Empresarial da UABC, responsável pelo Centro Yunus-UABC. E-mail: vasquez.consuelo@uqam.ca.
Gabriela Rabello de Lima Mestranda em Comunicação pela Université du Québec à Montréal. Graduada em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Seus interesses de pesquisa incluem a área de Comunicação Política, regionalismo e Comunicação Organizacional, com foco em estudos de gênero e decoloniais. Atualmente é pesquisadora membro do Groupe de Recherche sur la Communication Organisante (RECOR) e da Red Latinoamericana de Investigación en Comunicación Organizacional (RedLAco). E-mail: rabello_de_lima.gabriela@courrier.uqam.ca.
Marcela Marques de Queiroz Mestranda em Saúde Pública na Escola de Saúde Pública da Universidade de Montréal (ESPUM). Graduada em Psicologia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Seus interesses de pesquisa incluem a psicologia do trabalho e a saúde do trabalhador, com foco em estudos de sexo e gênero. Atualmente, é estagiária do Instituto de Saúde Pública do Québec (INSPQ). E-mail: mm.queiroz1@gmail.com.
Contribuição dos autores Consuelo Vásquez foi responsável pela coordenação do projeto e obtenção de fi nanciamento. Roberto Burgueño atuou na coordenação e construção metodológica. Consuelo Vásquez, Gabriela Rabello de Lima e Marcela Marques de Queiroz participaram ativamente da conceituação da pesquisa, tratamento e análise de dados e escrita do manuscrito.
Editora responsável: Maria Ataide Malcher

Assistente editorial: Weverton Raiol

Conflict of interest declaration

Conflito de interesse Os autores declaram que não há confl ito de interesse.


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