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Narrativas de um conflito: disputas discursivas acerca do turismo em Barcelona
Narratives of a conflict: discursive disputes about tourism in Barcelona
Narratives of a conflict: discursive disputes about tourism in Barcelona
Intercom: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, vol. 46, e2023138, 2023
Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM)

Artigos


Recepção: 08 Agosto 2022

Aprovação: 28 Outubro 2023

DOI: https://doi.org/10.1590/1809-58442023138pt

Resumo: O artigo busca evidenciar termos e narrativas que embasaram a ação de protagonistas no conflito em torno à atividade turística na cidade de Barcelona, Espanha. Uma vasta carga discursiva emerge do embate entre os agentes envolvidos: empresários, Prefeitura, movimentos sociais, membros da Academia, produzindo um léxico próprio, composto por termos tais como overtourism, turismofobia, anti-turismo e turistização. Em busca dos significados de tão expressiva e metafórica comunicação foram entrevistados in loco representantes dos segmentos mencionados. Complementarmente, realizou-se levantamento de fontes bibliográficas e documentais para melhor compreensão da terminologia empregada nas distintas, e por vezes conflitantes, narrativas construídas pelos agentes entrevistados. O estudo evidenciou uma intensa luta política e simbólica entre os envolvidos, impregnada de recursos discursivos na busca por legitimidade e poder.

Palavras-chave: Turismo, Barcelona, Conflito, Narrativas, Discurso.

Resumen: El artículo busca resaltar términos y narrativas que sustentaron la acción de los protagonistas del conflicto en torno a la actividad turística en la ciudad de Barcelona, España. Una vasta carga discursiva emerge del choque entre los agentes involucrados: empresarios, Ayuntamiento, movimientos sociales, miembros de la Academia, produciendo un léxico propio, compuesto por términos como overtourism, turismofobia, antiturismo y turistización. En busca de los significados de tan expresiva y metafórica comunicación, se entrevistó in situ a representantes de los segmentos antes mencionados. Además, se llevó a cabo un relevamiento de fuentes bibliográficas y documentales para comprender mejor la terminología utilizada en las diferentes, y en ocasiones contradictorias, narrativas construidas por los agentes entrevistados. El estudio destacó una intensa lucha política y simbólica entre los involucrados, permeada de recursos discursivos en la búsqueda de legitimidad y poder.

Palabras clave: Turismo, Barcelona, Conflicto, Narrativas, Discurso.

Abstract: The article seeks to put in evidence terms and narratives that support the action of protagonists in the conflict surrounding the tourist activity in Barcelona, Spain. A vast discursive charge emerged from the conflict among the agents involved: business people, City Hall, social movements, and members of the Academy, producing their own lexicon composed of terms, such as over-tourism, tourist phobia, anti-tourism, and tourist action. Searching for meanings of expressive and metaphorical communication, representatives of the aforementioned segments were interviewed on-site. In addition, a survey of bibliographic and documentary sources was carried out to understand better the terminology used in the different and sometimes conflicting narratives created by the agents interviewed. The study showed an intense political and symbolic struggle among those involved, permeated with discursive resources in the search for legitimacy and power.

Keywords: Tourism, Barcelona, Conflict, Narratives, Speech.

Introdução

O propósito inicial deste artigo é colocar em evidência os termos e narrativas que embasaram a ação de envolvidos no conflito em torno à atividade turística na cidade de Barcelona (Espanha), e expressaram o crescente mal-estar da população local com as formas em que era praticada. A partir de fins dos anos 2000, esse mal-estar passou a provocar uma série de protestos e manifestações, protagonizados por grupos de moradores e organizações sociais que denunciavam impactos ambientais, econômicos e socioculturais decorrentes do fomento exacerbado à essa atividade, especialmente em certas áreas da cidade. A denúncia contrariava a narrativa desenvolvimentista usual no campo do Turismo, presente no senso comum e insistida, também, em manuais e documentos produzidos por renomadas instituições, inclusive a Organização Mundial do Turismo1 (OMT) e o Conselho Mundial de Viagens e Turismo2 (WTTC, sigla em inglês). O conflito não se limita à Barcelona, encontra eco em diferentes cidades europeias como Amsterdã (Holanda), Barcelona (Espanha), Berlim (Alemanha), Lisboa (Portugal), Madrid (Espanha), e Veneza (Itália).

Em comum nas queixas relatadas por residentes dessas diferentes cidades são mencionados com frequência: aumento do custo de vida em áreas com maior concentração de fluxo de turistas; transtornos na rotina da vida cotidiana com frequentes episódios de desrespeito a ‘normas de boa convivência’; restrições de acesso a espaços públicos incorporados aos circuitos turísticos; substituição do comércio de bairro, como padarias, pequenos mercados e restaurantes, por empreendimentos sofisticados alinhados às conveniências dos visitantes; transformação de prédios residenciais em meios de hospedagens, seja por iniciativa de moradores, que disponibilizam suas residências para turistas em troca do pagamento de aluguel, seja por mediação de investidores, inclusive internacionais, que chegam a adquirir dezenas de unidades residenciais para convertê-las em apartamentos turísticos comercializados em plataformas virtuais de locação por temporada (com destaque para o Airbnb), dentre outras questões (COLOMB e NOVY, 2017).

Para autores do meio acadêmico e agências multilaterais ligadas ao setor turístico, tais conflitos estariam revelando a ‘outra face da moeda’, colocando em xeque a concepção ufanista de ‘desenvolvimento turístico’ como sinônimo de benefícios obtidos com o fomento desmedido da atividade, desconsiderando seus impactos negativos.

Os conflitos gerados pela ação dos movimentos sociais e as respostas de agentes privados e do poder público foram fortemente marcados por intensa carga de narrativas sobre benefícios e prejuízos do turismo, de parte a parte. Em torno ao conflito, foram publicados textos acadêmicos, notas de protestos, posicionamentos de entidades de defesa da atividade, entrevistas e artigos em periódicos, documentos das várias esferas do poder público, incluindo a OMT. A circulação deste farto material escrito e verbalizado resultou na consolidação de argumentações e na criação de novas terminologias, categorias, sistemas de classificação e teorias explicativas sobre a realidade social.

De acordo com Castells (2009), a comunicação atua como campo privilegiado de observação, dada a influência direta no jogo de forças das lutas políticas em que é gerada a disputa pelo controle da circulação de formulações pelos agentes, de forma que “[...] el poder depende del control de la comunicación, al igual que el contrapoder depende de romper dicho control”, de modo que [...] “el proceso de comunicación influye decisivamente en la forma de construir y desafiar las relaciones de poder en todos los campos de las prácticas sociales, incluida la práctica política (CASTELLS, 2009, p. 24).

Pensando assim, a proposição do presente artigo foi se debruçar sobre as narrativas e termos que qualificam e singularizam o conflito em questão, atuando como palavras-de-ordem na defesa de ações capazes de mobilizar militantes e angariar simpatias e adesões, quer no sentido de restringir ou mesmo suprimir a atividade em certos locais, quer na insistência de sua defesa por parte do empresariado ou, ainda, na justificativa das ações governamentais para exercer o controle da atividade. Considerando o quadro de múltiplas e conflitantes narrativas, buscou-se ‘dissecar’ seus potenciais significados, entendendo, como Bourdieu (2004), integrar o trabalho científico o dever de apurar sentidos epistemológicos e romper as denominadas pré-noções, evidenciando as distintas perspectivas e posicionamentos sociais de seus formuladores.

Na arena de disputas em torno ao conflito foram realizadas entrevistas in loco durante os meses de janeiro e fevereiro de 2019, com representantes de agentes sociais, econômicos e governamentais permitindo a revelação de elementos para a compreensão do emprego dos termos consagrados no debate e seus respectivos posicionamentos a partir das palavras desses agentes. A metodologia desta pesquisa incluiu, também, consulta à bibliografia especializada, artigos publicados em periódicos, textos acadêmicos e documentos emitidos por instituições governamentais, especialmente a Prefeitura de Barcelona e a Organização Mundial do Turismo (OMT).

Para tornar compreensível o complexo universo em questão, o artigo foi organizado em 5 (cinco) seções, além desta introdução. O item de abertura (seção 1) visou um breve perfil da cidade de Barcelona e do conflito em tela, pontuando seu surgimento, momentos mais sensíveis, fatos envolvidos, acontecimentos marcantes. Os itens seguintes (seções 3 e 4) focaram as narrativas e termos que emergem e passam a magnetizar o debate. No primeiro (seção 3), pretendeu-se reportar os termos, origens e autorias no calor do debate, e na seção 4, avançar sobre possíveis significados a partir dos dados coletados nas entrevistas com lideranças de movimentos sociais, profissionais do ramo, técnicos de órgãos governamentais e empresários, além dos achados da literatura de apoio. Na seção 5, são apresentadas algumas sínteses, a partir dos possíveis entendimentos exibidos anteriormente.

Barcelona: cidade turística

Barcelona é capital da Comunidade Autônoma da Catalunha e a segunda cidade da Espanha em importância, no sentido econômico. Em 2021, sua população girava em torno de 1,6 milhão de habitantes, o que correspondia a 21,33% do total dos habitantes da Catalunha (BARCELONA, 2021). Nas duas últimas décadas, o crescimento populacional de Barcelona manteve-se estável, ao contrário do ingresso de turistas que tendeu a se elevar exponencialmente, como mostram os dados a seguir.

Relatório publicado em 2018 pelo Instituto Nacional de Estatística da Espanha (INE, 2018) mostrou que Barcelona liderava o ranking de cidades espanholas em volume total de pernoites e que esse valor tenderia a crescer seguidamente.

Dados da Barcelona Turisme3 relativos à 2022 apontavam que a participação dessa atividade na economia local se situava na ordem de 15%, empregando aproximadamente 12,5% da população economicamente ativa (BARCELONA TURISME, 2022a).

Dados de outro levantamento dessa mesma entidade chamavam a atenção para a clara predominância de visitantes estrangeiros (79% do total da demanda turística) sobre os visitantes domésticos (21% do total da demanda turística), reforçando o entendimento de seu papel de cidade cosmopolita, globalizada (BARCELONA TURISME, 2022b).

Horta et al. (2010) entendem que o marco inaugural da turistificação4 e Barcelona teria derivado da preparação da cidade para a Exposição de 1888, forçando a estruturação da rede de serviços turísticos (ibidem, p. 126). Adicionalmente, a reforma urbanística do centro histórico da cidade na primeira década do século XX também teria sido outro evento a impulsionar esse processo. Dessa vez, o objetivo seria ‘forjar’ uma ‘imagem gótica’ visando o circuito do turismo histórico e cultural europeu, a exemplo de outras cidades do continente (COLL, 2017).

Contudo, como mostram García e Claver (2003, p. 113) foi a partir da realização dos Jogos Olímpicos de 1992 que Barcelona foi convertida à ‘cidade turística global’, dando início ao atual modelo turístico. Dados apresentados por Milano (2017) comprovam o crescimento exacerbado do fluxo turístico a partir da década de 1990, sendo que no início dessa década, o número de visitantes que pernoitaram nos estabelecimentos turísticos locais era de 1,7 milhão saltando para mais de 9 milhões de hóspedes em 2016 (ibidem, p. 22).

Dados esses números, não surpreende que autores atribuam ao boom do fluxo de visitantes o desencadeamento de problemas e conflitos na cidade. Para García e Claver (2003), na medida em que o fluxo turístico aumentava, os residentes sentiam perda de prioridade no acesso ao comércio e outros bens, pela crescente preferência do mercado aos ‘novos usuários da cidade’. O momento culminante do crescimento do turismo teria ocorrido na primeira década dos anos 2000, período que coincide com os primeiros sintomas de mal-estar de moradores.

O conflito e suas repercussões

Desde 2008 já havia sinais de mal-estar da população local com relação ao turismo em Barcelona. Porém, o estopim da insatisfação popular ocorreu no verão de 2014, num episódio denominado ‘revolta da Barceloneta’, em que os moradores do bairro de mesmo nome, indignados com a multiplicação de apartamentos turísticos e com diversos transtornos na vida cotidiana, ocuparam as ruas com caixas de som, faixas e cartazes reivindicando medidas das autoridades para solucionar tais problemas. Medrano e Pardo (2017) perceberam nesse protesto um divisor de águas, sinalizando na mudança de ótica da Prefeitura de Barcelona e de estudiosos sobre os efeitos da pressão turística na cidade. Em novembro de 2015 foi constituída a Assembleia de Bairros pelo Decrescimento Turístico (ABDT)5, considerada primeira organização social dedicada à luta contra os impactos do turismo em Barcelona (ABDT, 2016).

Em janeiro de 2017, a Avenida Las Ramblas foi ocupada por mais de 2.000 pessoas munidas de faixas e cartazes, que denunciavam o acentuado processo de gentrificação em bairros com grande concentração de serviços turísticos, a dependência da economia urbana ao turismo e outros impactos decorrentes desta atividade. Com intensa cobertura midiática, o ato foi marcado por faixas e cartazes com a inscrição: ‘Barcelona não está à venda’. A densidade das manifestações surpreendeu a opinião pública e o meio acadêmico, que ainda sustentavam a visão ufanista de ‘êxito do modelo turístico de Barcelona’ (MILANO e MANSILLA, 2018).

Assim como ocorria em Barcelona, outras cidades europeias como Lisboa (Portugal), Madrid (Espanha), Veneza (Itália), Berlim (Alemanha) também registraram conflitos urbanos desencadeados pela elevada pressão turística. Em abril de 2018, ativistas dessas cidades constituíram a chamada Rede Sul da Europa contra a Turistização (Rede SET), organização social com papel de articular movimentos sociais críticos ao turismo em cidades ao sul do continente europeu. A Rede SET se orientava em pauta similar à da ABDT, tendo como protagonistas movimentos organizados nas cidades mencionadas.

Publicização, narrativas e termos

A estrondosa repercussão de protestos como a ‘revolta da Barceloneta’ e a ocupação da Avenida Las Ramblas exigia agilidade na comunicação dos fatos para ‘elucidar’ o ‘oculto’ no conflito deflagrado, visando angariar apoio - na pretensão dos organizadores das manifestações-, ou promover imediato rechaço para evitar disseminação mundial - como convinha ao empresariado e agências internacionais dedicadas ao fomento da atividade turística.

À medida em que os protestos iam tomando corpo, passavam a ganhar as páginas de jornais e publicações acadêmicas. Milano (2017) sinalizou o verão do ano de 2008 (junho - setembro) como ponto de partida da proliferação de notícias sobre os conflitos gerados. O autor menciona a publicação de artigo6 na edição espanhola do jornal El País, intitulado Turistofobia, causando grande impacto midiático naquele momento, do qual destaca-se o trecho:

La manera como el fenómeno turístico afecta la vida de las ciudades es un asunto denso y con múltiples facetas. Una de ellas es la aparición entre determinados sectores sociales de una especie de rechazo frontal al turista como factor de contaminación y peligro. Las intervenciones del público al final de unas jornadas convocadas hace poco en Barcelona por el grupo de estudio Turiscòpia, del Institut Català d’Antropologia, invitaban a tomar conciencia del alcance y la generalización de ese fenómeno, al que podríamos aplicar el neologismo de turistofobia, una mezcla de repudio, desconfianza y desprecio hacia esa figura que ya todos designan con la denominación de origen guiri (DELGADO, 2008).

A citação sugere que a insatisfação popular em relação a turistas poderia advir de sentimentos xenófobos, de intolerância ao estranho e estrangeiro. Nesse mesmo sentido, as notícias iniciais veiculadas sobre o conflito turístico em Barcelona, assim como as primeiras análises elaboradas por estudiosos e jornalistas sobre o assunto, referiam-se a termo próximo: turismofobia (KNAFOU, 2001; BLANCHAR e PELLICER, 2017). Nessa mesma linha, outros adotaram ainda o termo anti-turismo, reforçando entendimento do caráter supostamente intolerante dos grupos sociais que protagonizavam atos críticos ao turismo naquela cidade (ALEXIS, 2017).

Opostamente a essa leitura, foram construídas contranarrativas, que buscavam chancelar o posicionamento dos setores descontentes da população, lançando luz ao debate sobre o modelo de fomento e prática da atividade turística nessa cidade. Tanto no levantamento bibliográfico e documental quanto nas entrevistas foi possível identificar dois termos frequentemente adotados sob essa perspectiva: overtourism (MILANO, 2017) e turistização (ALBA SUD, 2018; JOVER et al., 2018).

Em linhas gerais, os adeptos do termo overtourism centravam nas repercussões negativas geradas pelo volume desmedido de visitantes combinado à ausência de regulação pelo poder público local, especialmente em relação aos meios de hospedagens em áreas específicas da cidade, consideradas ‘turisticamente saturadas’. Já os que observavam o conflito sob a ótica da turistização compreendiam que o conjunto de impactos acarretados pelo turismo revelaria o avançado estágio de um modelo de fomento turístico sem limites. Esse último termo aparecia com frequência em documentos elaborados por movimentos sociais, a exemplo do manifesto de fundação da Rede SET (ALBA SUD, 2018), mencionada na seção anterior. Coerentemente, rebatiam o incentivo à turistização com a proposta de decrescimento turístico, termo que se sagrou corrente na argumentação desse grupo.

Na próxima seção, são focalizados os termos e narrativas mencionados, na perspectiva das falas de seus principais protagonistas.

Possíveis significados das narrativas e termos

Durante o ano de 2019, no contexto da pesquisa para Tese de Doutorado que embasa este artigo, foram entrevistadas in loco lideranças de movimentos sociais, representantes do empresariado, do poder público local, além da OMT7. Nesta seção serão apresentados os termos e narrativas mais frequentes identificados nas falas coletadas e em informações obtidas em estudos, documentos oficiais, trabalhos científicos e textos publicados em periódicos de grande circulação, conforme pesquisa bibliográfica e documental realizada na ocasião.

Do material coletado foram destacados aspectos contidos nas argumentações com objetivo de elucidar razões e significados dos conflitos provocados pela atividade turística em Barcelona, no entender dos entrevistados. A seguir, os termos serão tomados no contexto em que foram mencionados, procurando, tanto quanto possível, situar as instituições de pertencimento dos depoimentos colhidos, assim como as referências dos textos citados.

Turismofobia e Anti-turismo

O termo ‘turismofobia’ certamente foi o que alcançou maior projeção midiática no auge do conflito turístico em Barcelona - ou seja, entre 2014 e 2017, tendo ocupado, por inúmeras ocasiões, manchetes dos principais veículos de comunicação espanhóis, como revelou denso levantamento realizado por Huete e Mantecón (2018), em exame ao conteúdo de cerca de 40 (quarenta) notícias publicadas sobre o assunto.

Embora autores como Knafou (2001) façam uso dessa terminologia, observou-se que no meio acadêmico sua disseminação não prosperou, muito provavelmente em razão da inconsistência teórica, do rápido rechaço dos movimentos sociais e do uso abusivo pela mídia sensacionalista em clara tentativa de desqualificar os manifestantes.

Sobretudo no tocante às notícias veiculadas nos grandes meios de comunicação, como já destacado, percebeu-se que a semântica pretendida na junção dos termos ‘turismo’ e ‘fobia’ se assemelharia a termos congêneres desdenhados pela opinião pública vinculada ao pensamento progressista, tais como: xenofobia, homofobia, gordofobia, transfobia, etc., revelando clara tentativa de associar os manifestantes - e, com eles, as respectivas organizações sociais responsáveis pelos protestos - a uma suposta escalada de sentimento xenófobo, de intolerância e menosprezo às diferentes culturas e nacionalidades, frequentemente alimentado por forças políticas alinhadas à extrema-direita.

Nas entrevistas realizadas em Barcelona, uma representante do empresariado local, da Associação de Apartamentos Turísticos de Barcelona (APARTUR), importante entidade ligada ao setor turístico-imobiliário catalão, utilizou o termo ‘turismofobia’ no momento da entrevista em que expunha sua opinião sobre o conflito . Na sua visão, a ‘turismofobia’ seria uma questão localizada ‘em certas áreas da cidade’, onde estariam os atrativos turísticos mais relevantes ou ‘tops’, nas palavras da entrevistada.

Outra representante do empresariado local, desta vez da denominada União de Eixos Comerciais Turísticos - Barcelona Oberta - representante dos prestadores de serviços turísticos locais-, também usou essa mesma expressão para se referir às manifestações críticas ao modelo turístico de Barcelona, atribuindo ao chamado turismo low cost (de baixo custo, geralmente praticado por jovens com poucos recursos financeiros) a razão principal do descontentamento de parcelas da população local : “[...] esse tipo de turismo [low cost] é o que tem saturado muitos bairros e, por isso, acendeu a faísca da turismofobia [...].

Vale ressaltar que críticas assemelhadas envolvendo o chamado ‘turismo low cost’ apareceram em diferentes momentos dessa entrevista, assim como na fala de outra entidade empresarial, denominada Associação Catalã dos Profissionais de Turismo (ACPT). Estranhamos o fato do representante desta última rechaçar o termo ‘turismofobia’ e tê-lo empregado inúmeras vezes durante a entrevista, embora sempre em tom crítico e de questionamento sobre a adequação de seu emprego.

Questionada sobre a pertinência de emprego do termo ‘turismofobia’ para qualificar as manifestações críticas ao turismo em Barcelona, a representante da Organização Mundial do Turismo (OMT) declarou: “eu diria que não. Esta é uma reação ao impacto percebido dos turistas e é muito importante olhar para esta questão além das manchetes, medindo regularmente as opiniões dos moradores”.

Quanto ao posicionamento da representante da Prefeitura de Barcelona, a noção de ‘turismofobia’ não foi completamente descartada. Pelo contrário, na sua opinião seria um comportamento representativo da posição de cerca de 20% da população local, e algo “absolutamente anedótico”.

Notou-se, ainda, que o termo foi mencionado por representantes dos movimentos sociais apenas para criticar seu uso indevido na tentativa de manipulação de parte da opinião pública. Vale destacar trecho da entrevista com o representante da ABDT, uma das principais organizações envolvidas nos protestos locais, conforme mencionado anteriormente no item 2 deste artigo, em que refuta com vigor o emprego do termo para classificar os que contestam o modelo turístico catalão: “turismofobia é ,obviamente, um insulto. É uma campanha montada por lobbies turísticos num momento em que justamente perdem a hegemonia da história”.

Identificou-se alguns trabalhos na literatura acadêmica que recorreram ao termo ‘anti-turismo’, em sintonia com a ‘turismofobia’. Alexis (2017), por exemplo, o emprega ao formular sua hipótese de que um ‘sentimento anti-turístico’ teria surgido em Barcelona e Veneza, pela reação às falhas na gestão turística dessas cidades pelo poder público local, com base no conceito de ‘capacidade de carga turística’8 e da ‘sazonalidade da atividade’9. Entretanto, nas entrevistas realizadas, não se observou nenhuma menção ao termo.

Assim, embora com nuances distintas, pode-se afirmar que os termos ‘turismofobia’ e ‘anti-turismo’ foram utilizados com significado muito próximo, para designar os ‘setores descontentes da população local,’ que estariam reagindo de forma emotiva e agressiva diante dos impactos provocados pela saturação turística. Uma eventual solução para o problema tenderia ao apaziguamento dos ‘ânimos dos manifestantes’ e não propriamente à solução dos impactos causados pelo modelo turístico adotado.

Overtourism

O uso do termo ‘overtourism’ também se mostrou recorrente na tentativa de aclarar o conflito turístico em Barcelona e outras cidades afetadas por problemas semelhantes. Trazido do inglês, o vocábulo representa um neologismo resultante da junção das palavras ‘over’ (acima de, excedente, em excesso) e ‘tourism’ (turismo), e transmite, desde sua própria etimologia, a ideia de ‘turismo em excesso’ ou como usualmente é traduzido por autores brasileiros, ‘saturação turística’.

No âmbito da literatura acadêmica do campo do Turismo, nota-se que tal termo conquistou hegemonia, sendo frequentemente utilizado em títulos de eventos, além de amplamente referido em trabalhos científicos. Aparece em documentos emitidos por organizações internacionais, como a própria Organização Mundial do Turismo (OMT, 2018; 2018), e até mesmo nas narrativas produzidas tanto por representantes do setor empresarial como dos movimentos sociais.

Tomando como referência a definição produzida por Milano (2018), para quem seria possível empregar overtourism como parâmetro de avaliação de cidades ainda não afetadas por elevados contingentes de visitantes e serviços turísticos, evitando que venham a sofrer dos mesmos males de cidades como Barcelona, nos relatos dos agentes são passíveis perceber alguns significados atribuídos ao termo:

a) overtourism como causa central do conflito: compreendendo o excesso de visitantes e a elevada concentração de equipamentos e serviços turísticos em determinadas áreas da cidade, causando prejuízos à qualidade de vida dos residentes, como também à qualidade da própria experiência turística dos visitantes;

b) o emprego do termo no sentido do reconhecimento da legitimidade das reivindicações de setores descontentes da população residente, admitindo como possível outro modelo de exploração da atividade turística;

c) overtourism como resultado da ineficiência da gestão turística pelo poder público local. Para a maior parte de seus formuladores, o poder público poderia adotar técnicas mais eficazes de planejamento turístico combinadas a instrumentos de planejamento urbano, instituindo regras diferenciadas para desfrute de atrativos, por meio da avaliação de cada bairro/localidade/atrativo baseada nos indicadores de pressão turística.

Para o representante da organização social Alba Sud, o termo overtourism seria utilizado de forma rasa e em situações selecionadas, visando atingir ‘uma audiência distinta’, particularmente do meio acadêmico. O entrevistado pontuou críticas ao termo, que, na sua opinião, sugere busca por neutralidade na ótica dos conflitos motivados pelo turismo, e enfatizou como mais adequado para designá-los a expressão ‘turistização’, que será abordada no tópico a seguir.

A representante da Organização Mundial do Turismo se referiu ao overtourism como “palavra da moda que surgiu nos últimos anos” para explicar o que denominou de ‘desafios importantes’ que afetam cidades com alta concentração de visitantes, exigindo “planejamento, gestão e colaboração entre todos os atores”. Essa entrevistada endossou a tese de que os problemas em tela não teriam relação direta com o modelo de turismo em si, mas refletiriam uma ‘gestão turística deficitária’ que deveria focar aprimoramentos de natureza tecnológica, além de estratégias ‘gerenciais’, semelhantes às adotadas no ambiente corporativo.

Na mesma linha a representante da Prefeitura de Barcelona concordou que a ‘solução’ dos conflitos gerados pelo turismo local passaria pelo aprimoramento dos instrumentos de gestão. Além disso, pontuou que, “em caso de ser necessário” empregar termo específico para designar tais conflitos, overtourism seria o mais adequado.

O termo ’overtourism’ comparativamente aos anteriores - ‘turismofobia’ e ‘anti-turismo’ -, pareceu sofrer menos resistências. Notou-se, ainda, que em lugar de alegar motivações comportamentais/emocionais na geração dos conflitos, as falas tentaram minimizar o problema, limitando a ‘certas áreas da cidade’ e ‘em alguns casos/situações’, demandando intervenções do poder público para “ajustar”, ”desordens” e ”sobrecargas” pontuais.

Vale destacar que a percepção de overtourism enquanto métrica que ultrapassa limites de adequação, implicou como contrapartida a aproximação do planejamento do turismo ao planejamento urbano, além do ‘decrescimento’, bandeira de luta tão vigorosa e consensual que termina por intitular uma das mais ativas organizações do movimento: a Associação de Bairros pelo Decrescimento Turístico (ABDT).

Turistização

O uso do termo ‘turistização’ limitou-se aos representantes dos movimentos sociais.

Apesar da proximidade sonora com o termo ‘turistificação’, adotado por autores como Knafou (2001) e Coll (2017), a ‘turistização’ se distinguiria por não se limitar ao processo de transformação estética e urbanística de uma localidade para convertê-la em ‘núcleo receptor turístico’ em condições adequadas de comercialização em circuitos turísticos ampliados. No manifesto de fundação da Rede Sul da Europa contra a Turistização (Rede SET) (ALBA SUD, 2018) e no trabalho de Jover et al. (2018), a noção central do termo privilegia o gradativo processo de reestruturação da economia espacial urbana com objetivo de atender às preferências do ‘novo perfil de usuários’ - os turistas - em detrimento ao direito de moradia e direito à cidade por parte da população residente. Tal processo tenderia à consequências, tais como: o incentivo de substituição de ‘apartamentos residenciais’ por ‘apartamentos turísticos’ negociados em plataformas virtuais de locação por temporada; a substituição do tradicional ‘comércio de bairro’ por outro que melhor atendesse às conveniências dos ‘novos usuários’; ‘’a transformação de espaços públicos em atrativos turísticos privados, dentre outras modificações de usos do espaço urbano voltadas a demandas do setor.

O representante da Associação de Bairros pelo Decrescimento Turístico assim descreveu a referida terminologia:

O termo que usamos é ‘turistização’ [...] a ‘turistização’ da economia é um problema claro, porque basicamente está precarizando a vida, até mesmo das pessoas que deveriam ser beneficiadas. [...] Para além das pessoas que são expulsas diretamente, por causa da sua habitação, todos aqueles fatores que acabam por dificultar a vida cotidiana, o aumento dos preços de consumo mais básicos, a dificuldade em encontrar determinados tipos de comércio, problemas de mobilidade, problemas de sono, e as pessoas que tiveram que sair [...] (ABDT, 2019).

Em outras palavras, para o entrevistado a ‘turistização’ associa-se à captura do comércio, dos meios de transportes, dos recursos artísticos, arquitetônicos e culturais, das moradias, das próprias pessoas e da cidade a uma lógica monolítica, baseada na economia do turismo.

Concordando com o porta-voz da ABDT, o representante da Alba Sud sublinhou que o diferencial da formulação ‘turistização’ em comparação às demais seria responsabilizar os causadores do avanço do processo turistizador’, ou seja, as empresas turísticas, que estariam se beneficiando da superexploração turística dos territórios, transferindo aos residentes prejuízos ao bem-estar social.

A questão central da argumentação daqueles que analisavam os conflitos gerados pelo turismo em Barcelona sob a ótica da ‘turistização’ recairia na natureza própria ao modelo turístico que, no limite, resultaria no colapso das destinações turísticas, as mesmas que movem a atividade.

Considerações finais

Conforme foi possível verificar ao longo da pesquisa, há uma clara disputa de narrativas, terminologias e até mesmo formulações teóricas que vão surgindo para fornecer embasamento a cada uma das diferentes perspectivas acerca do conflito turístico em Barcelona e em outras cidades do Sul da Europa.

Parafraseando Castells (2009): “a comunicação influi decisivamente a forma de construir e desafiar as relações de poder em todos os campos das práticas sociais, incluindo a prática política” (ibidem, p. 24, tradução nossa). Nesse sentido, o objetivo almejado pelos formuladores de cada termo destacado neste trabalho é evidente: buscar convencer a audiência a respeito da legitimidade de sua interpretação da realidade social, visando alcançar status de discurso hegemônico no campo do Turismo. Isso possibilitaria seu espraiamento a outras realidades assemelhadas e a outros campos do conhecimento, notoriamente ao Planejamento Urbano, tendo em vista que a própria natureza do conflito em questão também afeta pautas caras à gestão da cidade, como o direito à cidade, a questão da moradia e do processo de uso e ocupação do solo.

Vale ressaltar que no atual momento do debate, as duas primeiras formulações enfocadas - ‘turismofobia’ e ‘anti-turismo’se encontram bastante fragilizadas, sendo reconhecida a inconsistência teórica de seus argumentos, ancorados em percepções subjetivas e generalistas, apelando para um forte componente emocional, prejudicial a uma apuração mais objetiva e rigorosa.

Por outro lado, os termos ‘overtourism’ e ‘turistização’, guardadas as legítimas distinções, revelaram uma construção argumentativa mais consistente, respaldada em averiguação histórica, levantamento de dados e avaliações das possíveis causas e impactos, possibilitando a indicação de eventuais medidas a serem adotadas pelo poder público, para enfrentamento e/ou redução dos danos causados pelo fomento exacerbado à atividade turística.

Nesse sentido, em face das elaborações realizadas no contexto desta pesquisa compreende-se que os termos ‘overtourism’ e ‘turistização’ apresentam embasamento teórico e argumentos de maior densidade comparativamente às formulações ‘turismofobia’ e ‘anti-turismo’. No entanto, diante da intensa luta política e simbólica, que cerca o conflito, a disputa de narrativas seguirá, muito provavelmente marcando tanto a retórica quanto a ação dos agentes sociais afetados direta ou indiretamente pelos impactos decorrentes do modelo turístico fomentado em Barcelona e outras localidades do denominado ‘Sul da Europa’.

Referências

ALBA SUD. Manifiesto fundacional de la red SET de ciudades del Sur de Europa ante la Turistización. Alba Sud - investigación y comunicación para el desarrollo, 24 abr. 2018. Disponível em: http://www.albasud.org/noticia/es/1027/manifiesto-fundacional-de-la-red-set-de-ciudades-del-sur-de-europa-ante-la-turistizaci-n. Acesso em: 04 abr. 2019.

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Notas

1 A Organização Mundial do Turismo é um órgão subordinado à Organização das Nações Unidas (ONU) que centraliza a regulação e fomento do setor turístico mundial.
2 O Conselho Mundial de Viagens e Turismo é uma organização reconhecida internacionalmente como principal porta-voz do empresariado do setor turístico global.
3 Agência Governamental de Turismo de Barcelona.
4 Para Knafou (2001), o termo turistificação traduziria o processo de adaptação do território para viabilizar a organização espacial da atividade turística em uma dada localidade. Dentre os agentes que protagonizam esse processo, o autor destacou os visitantes, o mercado e o Estado.
5 Originalmente, a organização se constituiu como Associação de Bairros pelo Turismo Sustentável (ABTS), tendo posteriormente alterado a denominação para a que consta no corpo do texto.
6 Assinado por Manuel Delgado, professor da prestigiada Universitat de Barcelona.
7 Os relatos foram coletados em Barcelona e Madrid nos meses de janeiro e fevereiro de 2019. Na ocasião foram entrevistadas presencialmente lideranças de 08 (oito) organizações sociais envolvidas nos conflitos em torno ao turismo. São elas: Assembleia de Bairros pelo Decrescimento Turístico (ABDT), ALBA SUD, Associação de Vizinhos do Bairro Gótico (AV Bairro Gótico), Associação de Vizinhos de Poblenou (AV Poblenou), Associação de Vizinhos de Vila de Grácia (AV Vila de Grácia), Plataforma ‘Defendemos o Park Güell!’ (Defendemos Park Güell), Ecologistas em Ação e Federação das Associações de Vizinhos de Barcelona (FAVB). Já em relação aos representantes do empresariado do setor, foram entrevistados representantes de 04 (quatro) entidades, que se destacaram como porta-vozes da categoria neste conflito. São elas: Associação Catalã dos Profissionais do Turismo (ACPT), Associação de Apartamentos Turísticos de Barcelona (APARTUR), União de Eixos Comerciais Turísticos - Barcelona Oberta e o Consórcio Barcelona Turisme. Duas outras entrevistas procuraram captar o entendimento de importantes instituições voltadas ao setor, uma a representante da Secretaria Municipal de Turismo de Barcelona e outra da Organização Mundial de Turismo - única entrevista realizada em Madrid. Dados detalhados das entrevistas constam em tese de doutorado de Felix (2019), que pode ser consultada na íntegra através da Base Minerva, repositório institucional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ): objdig.ufrj.br/42/teses/896075.pdf.
8 Noção geralmente utilizada no campo do Turismo para tratar do volume máximo de visitantes que poderiam acessar determinados atrativos ou localidades turísticas sem comprometer sua ‘sustentabilidade’.
9 Termo usualmente adotado no Turismo para se referir aos fluxos sazonais de visitantes, que oscilam entre as chamadas ‘alta, média e baixa temporada’.

Autor notes

Felipe Gonçalves Felix

Bacharel em Turismo pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Doutor em Planejamento Urbano e Regional pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPUR-UFRJ). Professor do Departamento de Turismo do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ), Campus Maracanã. Temas de concentração: A relação entre Turismo e Cidade; Conflitos urbanos associados ao fomento e exploração da atividade turística; Instrumentos urbanísticos para alívio da pressão turística em áreas saturadas. E-mail: felipe.felix@cefet-rj.br.

Maria Julieta Nunes de Souza

Arquiteta e Urbanista (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - FAU/UFRJ). Mestre em Planejamento Urbano e Regional (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional - IPPUR/UFRJ). Doutora em Comunicação e Cultura (Escola de Comunicação - ECO/UFRJ). Diplom-Vorprüfung em Planejamento Urbano e Regional (Institut für Stadtund Regionalplanung - Technische Universität Berlin). Professora Associada Aposentada do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (IPPUR/UFRJ). Atual Colaboradora dos Grupos de Pesquisa SEL (Sistema de Espaços Livres) e Pro-Lugar do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura/ProArq, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo- FAU/UFRJ (Grupo de Pesquisa Lugares e Paisagens - CNPq). Temas de concentração: Estudos sobre a Região Metropolitana do Rio de Janeiro: processo de periferização e conflitos de ocupação e regulação do uso e ocupação do solo metropolitano fluminense. E-mail: julietanunes5@gmail.com.br.

Editora responsável: Maria Ataide Malcher
Assistente editorial: Aluzimara Nogueira Diniz, Julia Quemel Matta, Suelen Miyuki A. Guedes e Weverton Raiol

Declaração de interesses

Conflito de interesse

Os autores declaram que não há conflito de interesse.



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