Apresentação
Resumo
A TRIGÉSIMA
A edição que colocamos em circulação nesse momento é um marco histórico. A Iniciacom, Revista Brasileira de Iniciação Científica em Comunicação Social da Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação), chega ao seu trigésimo número. Por si só, chegar até aqui já seria motivo de celebração. Mas percorrer esse caminho de valorização e incentivo à descoberta, à investigação, à busca por novos olhares relacionados à ciência da comunicação em um país cercado de incertezas e de períodos em que o que menos se tem são investimentos relacionados ao ambiente científico nos enche de orgulho e de entendimento de que cumprimos um papel de alta relevância em nosso ambiente.
Ao longo de sua trajetória, a Iniciacom se consolida como um ambiente versátil, inovador, reflexivo, capaz de se constituir como porta-voz das principais discussões científicas relacionadas ao campo. E fazemos isso com um grande propósito: incentivar e impactar estudantes, frequentadores dos mais diversos cursos ligados à comunicação e áreas afins, para que façam da pesquisa, da escrita acadêmica uma interlocução entre os aprendizados teóricos e os fazeres práticos do cotidiano. Percorrendo os artigos publicados em cada uma das edições, você vai compreender múltiplos olhares, ver a grandeza metodológica de nosso ambiente e um fluxo de afetos e sentidos capazes de transformar, de interagir e se constituir como esse grande espaço de reverberação e construção de sentidos.
E para que possamos seguir com essa linda história, é fundamental contarmos com a participação de cada estudante de graduação, dos(as) professores(as), de orientadores(as), para que incentivem, formem rede, elaborem seus textos e façam desse espaço o local de sua disseminação. E se temos aqui uma equipe robusta e integrada para fazer a gestão da Iniciacom, temos que destacar também o time de pareceristas que cumpre a nobre missão de ensinar, orientar e possibilitar aperfeiçoamentos tão necessários nos textos que recebemos.
Reforçamos que o envio de artigos para publicação é em fluxo contínuo e as edições são publicadas em março, junho, setembro (dossiê com a temática dos congressos da Intercom) e dezembro. Participe, mande seu texto, leia, use os artigos que aqui estão para fundamentar suas produções, dissemine em suas redes a Revista Iniciacom. E, claro, tenha momentos de muita aprendizagem em cada leitura dos textos que compõem essa e as outras edições que já foram ou serão publicadas.
O texto que abre a 30ª edição relaciona produção jornalística e saúde mental desses profissionais. Muriel Emídio Pessoa do Amaral e Cassiana Luiza Morilha Tozati, no texto “Comprometimento ético da produção jornalística e as consequências profissionais: saúde mental & precarização”, investigam o tema a partir de uma redação de um veículo situado no estado do Paraná. Na coleta de dados, vemos a aplicação de abordagem qualitativa com o uso da técnica de entrevista em profundidade. Uma das conclusões do artigo é que o ambiente do estudo demonstra um trabalho que compromete a saúde mental dos jornalistas, leva à precarização e à sobrecarga de trabalho.
O tema comunicação pública é o foco dos dois próximos artigos. Em “Análise de conteúdo sobre a comunicação pública e a Divulgação Científica na seção de notícias no site da Fiocruz”, Gabriel Antonio Ferreira de Souza pesquisa as editorias de pesquisa e divulgação científica no período que compreende de outubro a novembro de 2021. Gabriel usa em seu estudo uma abordagem descritiva e de análise de conteúdo das notícias publicadas no site da Fiocruz. Já Ana Carolina Alonso Machado Moreira e Claudia Cruz de Souza nos apresentam o texto “A comunicação pública com as gestantes em situação de rua: o cenário na cidade de São Paulo”. O artigo envolve a comunicação pública do projeto “Rede de Proteção à Mãe Paulistana” e busca identificar como a comunicação ocorre e por quais meios ela é executada.
Siga com a gente e faça a leitura do texto “Ficção Científica, Sociedade do Espetáculo e Comunicação Organizacional: perspectivas em O Círculo (2017)”. No texto, Ana Catarine Mendes da Silva, Mariana Netto de Azevedo e Célia Christina de Almeida Padreca Nicolett procuram identificar aspectos da comunicação organizacional e da sociedade do espetáculo no filme O Círculo (2017). As autoras usam para construir o texto de análise da narrativa e dos estilos de cena e gravação usados na obra, em pontos como enredo, tempo, espaço e personagens.
O texto que dá continuidade a essa edição da Iniciacom aborda questões relacionadas a campanhas publicitárias. Isabela Alves e Gisele Constantino, em “Agência Geração Propaganda – FEMA Assis: mapeamento das campanhas desenvolvidas entre 2012-2022”, a partir do recorte temporal estabelecido na metodologia, procuram verificar aspectos como formatos, tendências, posicionamentos e lacunas nas campanhas que foram realizadas no período. Algumas conclusões são: as campanhas tiveram engajamento progressivo, construção de identificação e apresentaram ao longo do tempo inovação no visual e na narrativa.
Redes digitais como Twitter (atual X) e YouTube são frequentemente objetos de estudo em muitas pesquisas realizadas nas escolas de comunicação em todo o Brasil. Os textos “Reações dos usuários às checagens do robô Fátima, da Aos Fatos, no Twitter em 2019: internalização, interrogação e externalização”, de Matheus Veiga Romera e Ivan Paganotti, e “Do Hype à Crise: reflexões sobre o gerenciamento de crise no lançamento do Cyberpunk 2077”, de Laura Nayara Pimenta e Matheus Paulino da Silva, nos levam a análises baseadas em questões que envolvem as duas redes citadas aqui anteriormente. Matheus e Ivan selecionaram uma amostra de 122 tweets e distribuíram as respostas entre positivas, questionadoras ou negativas para elaborar o texto que enviaram para a Iniciacom. Já Laura e Matheus nos levam para o universo dos games e analisam comentários realizados no perfil da CD Projekt no Twitter e no YouTube e constroem sua narrativa no gerenciamento da crise ocorrida no lançamento do jogo Cyberpunk 2077.
Do universo da internet, passamos para a televisão. Sim, os diálogos, as cenas, as falas dos personagens desse ambiente de comunicação sempre foram e seguirão sendo contextos importantes para nossas análises enquanto pesquisadores e pesquisadoras do campo da Comunicação. Paulo César Corrêa Teixeira e Rafael Soares Mariano Costa, em “Discurso Meritocrático e Subjetividade em ‘Malhação – Viva a Diferença’: Uma Abordagem Sócio-Histórica”, partem da psicologia social-cultural para fazer uma investigação do discurso meritocrático e suas implicações ideológicas, sociais e subjetivas. Paulo e Rafael chegam à conclusão de que a novela juvenil traça um perfil de narrativa em que se perpetuam estereótipos e desigualdades estruturais.
Por fim, fechamos a seção de artigos com os relatos biográficos de Michelle Obama. Em “Vulnerabilidades redefinidas em práticas de autodefinição, cuidado e autonomia em relatos biográficos de Michelle Obama”, Josecleise d’Alva Teixeira Bandeira, Mariana Falcão Duarte e Ângela Cristina Salgueiro Marques analisam adaptações feitas pela Netflix, de biografias escritas por Michelle Obama, e discutem aspectos como deslocamento de imagens de controle, naturalização do racismo e violência de gênero.
Para encerrar a trigésima edição da Iniciacom, apresentamos a entrevista “Educação indígena e preservação cultural: uma conversa com Suni Kukama”, de Liandre Deolinda Coutinho de Souza, Sofia Castro Lourenço, Cauê Pontes de Holanda, Milena Monteiro Soares, Kamilly Pequeno Dias, Cristiane de Lima Barbosa e Edilene Mafra da Silva. Suni Kukama é mestra em Antropologia Social e fala a respeito do impacto da pandemia na perda de anciões Kukama e enfatiza a importância da memória e da adaptação nas pesquisas, em consideração à preservação cultural e à continuidade do aprendizado.
Finalizar essa edição para toda a equipe editorial da Iniciacom nos dá um orgulho imenso e a certeza da importância de nossa atuação. Assim como os textos que compõem a revista, nossa equipe é multirregional e procura fazer uma gestão eficiente de todo o processo para entregar um periódico que tenha a essência de nossa área. Mas para que possamos chegar até aqui, agradecer é preciso, é necessário. Começamos pelos(as) autores(as) que nos enviam os artigos, passamos por quem atua no processo de avaliação e chegamos à equipe editorial que atua voluntariamente para gerenciar as inúmeras etapas do processo de publicação.
Se nos fazemos presentes, se estamos juntos, é porque procuramos construir, efetivar, prover diálogos e trocas capazes de alimentar e fluir essa área tão poderosa que é a Comunicação. Que a leitura seja leve, plena e cheia de novas perspectivas e afetos.
