Apresentação

Autores

  • Hendryo André

Resumo

A VIGÉSIMA QUARTA

As questões do cotidiano da sociedade se constituem como elementos constantes nas produções científicas do campo da comunicação. O período em que vivemos, ao final de 2022, nos traz pontos de partida para inúmeras reflexões. São cenários nos quais valores centrais como democracia, informação, representatividade de movimentos sociais, inclusão e a presença de novas tecnologias no dia a dia das pessoas geram identificação e possibilidade de aplicação de pesquisas.

Em sua vigésima quarta edição, a Revista Iniciacom se firma como um espaço cada vez mais plural, dinâmico e aberto para receber e disseminar as produções baseadas em ciência e investigação realizadas por estudantes de todas as regiões do Brasil. Desde que voltou a circular, em 2018, o volume de textos que recebemos demonstra a importância e a relevância do periódico na contribuição contínua de aprendizagem, desde a graduação até a pós-graduação. E caminhamos para um 2023 ainda mais intenso, pois a atuação da revista será pautada por recebimento em fluxo contínuo, para publicações em março, junho, setembro (com a vinculação efetiva ao congresso nacional da Intercom por meio de um dossiê de mesmo tema) e dezembro.


E para que cada um (a) de vocês, leitores e leitoras, possam conhecer os trabalhos desta edição, vamos contextualizar um pouco cada um deles.

Abrimos com o artigo “A Formação Acadêmica em Jornalismo: Análises de Grades Curriculares e Proposta de Graduação” que se trata de uma pesquisa documental e bibliográfica sobre as diretrizes curriculares nacionais (DCNs) do curso de Jornalismo. Amanda Ferreira Medeiros e Daniela Pereira Bochembuzo desenvolvem uma comparação entre as DCNs de 2001 e 2009, tendo como fonte de estudos matrizes de três instituições que oferecem o curso de Jornalismo. O resultado da pesquisa aponta para a proposta de um novo modelo de graduação.

Em contraponto à formação acadêmica em Jornalismo, a abertura de novas possibilidades de produção, os indivíduos em sociedade ocupam lugar efetivo de participação, o que consequentemente provoca mudanças nas configurações das relações sociais. É neste sentido que Paula Beatriz da Silva Lima, Rayanne Elisa da Silva Santos e Sheila Borges de Oliveira analisam as disposições sociais do indivíduo que, mesmo sem formação em jornalismo, produz notícias em espaços autorais, no trabalho “O repórter-amador: perfil socioeconômico do cidadão comum que produz notícia”.

As questões que envolvem representatividade e movimentos sociais se constituem como narrativas e palco de investigações para os textos que vem a seguir. Yasmin Letícia Orlowski, Manuela Roque Ferreira e Karina Janz Woitowicz trazem “Cultura, política e cidadania: a representatividade de movimentos sociais no site Cultural Plural (2018-2020)”, que parte da observação e análise de conteúdos publicados no site Cultura Plural. Laura Raupp Raulino Machado e Laura Wottrich contribuem com “A comunicação do @faxinaboa no Instagram e as representações socioculturais das trabalhadoras domésticas”, por meio do circuito cultural de Johnson (2007), enquanto metodologia associada à pesquisa bibliográfica e documental.

O diálogo das questões sociais tem continuidade no conteúdo investigado por Ariel Rodrigues Bentes e Ivânia Maria Carneiro Vieira. No artigo, “Mídia e violência contra a mulher: a abordagem jornalística do feminicídio no Portal do Holanda”, as autoras sistematizam e analisam qualitativamente o conteúdo das publicações relacionadas ao feminicídio veiculadas no Portal do Holanda entre janeiro e dezembro de 2019.

O jornalismo na internet nos apresenta novas formas de circulação de informação e notícias e, consequentemente, provoca embate entre diferentes opiniões. Entender esses fenômenos é importante e urgente e é o que fazem Thamires Conceição, Caio Mario Guimarães e Jaqueline Neves em “Jornalismo brasileiro nas mídias digitais: uma análise sobre os comentários dos seguidores do perfil Mídia Ninja e como impactam na cidadania”. A metodologia usada no artigo passa por pesquisa bibliográfica, mas também se situa a partir de olhares e buscas na própria plataforma digital.

Outro cenário que integra as redes digitais envolvem pessoas que, por meio de seus canais, acabam se materializando como influenciadores. Uma perspectiva que traz inúmeras oportunidades de investigação em um campo vasto de participação e engajamento. Buscando entender questões relacionadas a essa temática, Daniel Rossmann Jacobsen e Ruth Reis nos trazem o texto “O discurso hater contra Greta Thunberg no Twitter”. Julia Fernandes Fraga e Riverson Rios contribuem com o artigo “Exposição no Instagram e as cirurgias plásticas em mulheres jovens: uma análise do perfil da atriz Giovanna Chaves”. Ao buscar compreender o discurso hater, Daniel e Ruth aplicam análise do discurso em 210 mil tuítes envolvendo as publicações de Greta na plataforma; já Julia e Riverson, que também usam a técnica de análise do discurso, analisam duas publicações feitas por Giovanna, nos períodos anterior e posterior a uma cirurgia, bem como os respectivos comentários das postagens analisadas.

No trabalho “Digital influencers e a promoção de valor sobre a marca Chilli Beans: estudo do conteúdo produzido pela influencer Themys Valle, na plataforma Instagram”, apresenta um estudo de caso sobre a utilização do marketing de influência na plataforma Instagram, cujo objetivo é mostrar como funciona a estratégia de promoção de valor sobre a marca Chilli Beans, no Maranhão, a partir dos conteúdos da influencer Themys Valle. A pesquisa conclui que o público é mais suscetível às informações expostas por influencers do que pela própria marca.

Encerramos esta edição com investigações feitas a partir do cinema e da relação entre corpos e comunicação, Luca Scupino Oliveira e Rodrigo Petronio Ribeiro discutem “O cinema como metaficção do tempo – um estudo sobre Boyhood (2014), de Richard Linklater”; e Acácio Morais Silva, Eduarda Vitória Romão dos Santos e Elane Abreu de Oliveira, “Estéticas marginais: corpos e comunicação que resistem na cidade de Juazeiro do Norte-CE”. No texto sobre cinema, se faz uma análise fílmica, já na abordagem envolvendo corpos e comunicação, são discutidas questões bibliográficas sobre o tema e, a partir da aplicação de um mapa conceitual, são analisados os corpos que habitam o espaço de João Cabral e que orbitam o Memorial Padre Cícero.

Nesta edição também publicamos uma homenagem em memória da jovem pesquisadora Gabriela Caboclo Nogueira Aragão, que participou do 45º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, em João Pessoa/PB, mas que faleceu antes do término do evento. Mesmo jovem, Gabriela, que no momento frequentava o quinto semestre do curso de Jornalismo da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), já se destacava, participando ativamente de projetos de pesquisa e extensão. Submeteu o trabalho “O Blog Quilombos e Sertões: uma análise quali-quantitativa de uma proposta de ciberativismo”, para apresentar na divisão temática Comunicação, Espaço e Cidadania, durante a XVIII Jornada de Iniciação Científica em Comunicação (Intercom Júnior). Assinaram o trabalho junto a Gabriela as estudantes Letícia Vitória Santos Mendes e Nicole Muniz de Oliveira, sob orientação da professora Dra. Márcia Guena, que coordena o projeto de extensão “Articulação Quilombola”.

Contextualizados os textos que compõem a vigésima quarta edição, percebemos o quão plural e abrangente é a Iniciacom. Uma iniciativa pioneira editada pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), que tem uma força imensa na rede de colaboradores (as) que atuam em percurso voltado para o aprendizado, que envolve desde o recebimento dos artigos aos encaminhamentos para avaliação e publicação. Sem dúvidas, a Iniciacom se consolida como uma publicação envolvida na formação de futuros (as) pesquisadores (as), e que, ao final de dezembro, concretiza mais um trabalho sólido, democrático, participativo e que integra toda a comunidade científica.

Por isso, temos a grata satisfação de anunciar que a Iniciacom recebeu, ainda em 2022, o certificado Qualis B3, de acordo com a avaliação de periódicos científicos desenvolvida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Desta forma, vemos que todo o esforço realizado pela Intercom em manter uma revista científica voltada para estudantes de graduação e recém-graduados (as) fortalece as Ciências da Comunicação e, ao mesmo tempo, oportuniza um espaço de troca, desenvolvimento e pluralidade científica. Ficam, por fim, os nossos agradecimentos e reconhecimento àqueles (as) que não só enviaram trabalho, mas que também participaram do processo de avaliação, que fazem da Ciência um elo para uma sociedade mais justa, plural e consciente do verdadeiro valor da comunicação.

 

Ótima leitura.

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Publicado

2024-10-26

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Apresentação