Da escuridão à luz: reflexões sobre a obsessão em I'll Be Gone in the Dark (2020)
Resumo
Este trabalho examina como a série I’ll Be Gone in the Dark (2020) situa-se em um limiar curioso do documentário true crime, tradicionalmente centrado em vítimas, deslocando-se rumo a uma narrativa de cunho mais pessoal. Isto é, em vez de focar nos crimes de Joseph James DeAngelo, o “Golden State Killer”, a série narra a obsessiva investigação da autora Michelle McNamara. A partir de uma pesquisa bibliográfica, analisamos se o true crime, assim como convencionado por Punnet (2017), pode operar como uma “escrita de si”, conforme Foucault (1983), e consideramos se McNamara realiza um exercício de empatia, descrito como Paul Ricoeur (1997) como “história das vítimas”. Por fim, utilizando o conceito de “poética documentária” ou “pós-ficção” de Steiner (1988), concluímos preliminarmente que o true crime, ao se apropriar de técnicas jornalísticas, cria narrativas de suspense habitando um limiar entre jornalismo e o entretenimento.